S/N G!P
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Ponto de Vista de Julia Bergmann
Fazia uns dias que eu estava me sentindo estranha. Os enjoos matinais estavam ficando cada vez mais frequentes, e, para ser sincera, eu já estava preocupada. Tentei ligar para a minha namorada, S/N, mas ela não atendeu. Será que ainda está brava comigo? Ontem tivemos uma discussão, fruto do meu ciúme, que explodiu ao ver fotos dela com Martyna Łukasik, uma jogadora do time dela no Conegliano.
Não que eu ache que algo esteja acontecendo entre elas, mas a proximidade, as risadas e a maneira como elas parecem se entender tão bem me deixam insegura. A distância só piora tudo. Enquanto ela está na Itália vivendo o auge da carreira ao lado da Gabi e de tantas outras estrelas, eu fiquei na Turquia. Não sei nem por que tomei essa decisão de renovar aqui. Talvez pelo conforto, talvez pela estabilidade. Mas a verdade é que o coração aperta cada vez mais com essa distância.
Minha namorada é o tipo de mulher que atrai olhares onde quer que passe. Morena, com um bronzeado que parece capturar o sol, olhos verdes tão profundos que me deixam hipnotizada toda vez que a encaro. E a altura... dois metros que a fazem se destacar ainda mais, como se ela precisasse disso para ser notada. Sei que a confiança deveria ser a base de tudo, mas às vezes é difícil não me deixar consumir por esse ciúme bobo.
Levantei da cama e fui até a cozinha pegar um chá para tentar acalmar o estômago, mas minha cabeça estava a mil. Por que ela não atende? Será que está ocupada? Ou... com ela? Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos ruins. Mas era difícil. Peguei meu celular novamente e comecei a digitar uma mensagem:
"Oi, amor. Sei que ontem eu exagerei. Eu... só estou me sentindo insegura com tudo isso. Queria que soubesse que te amo e que não quero deixar a distância estragar o que temos. Por favor, me liga quando puder."
Li e reli a mensagem antes de enviar. Era sincera, mas ainda me deixava vulnerável. Suspirei e apertei "enviar". Agora era só esperar.
Enquanto isso, o enjoo persistia. Sentei no sofá, encarando a TV sem prestar atenção no que estava passando. Meus pensamentos voltaram para a discussão de ontem. Ela tentou me acalmar, disse que Martyna era só uma colega de time, que eu não tinha motivo para me preocupar, mas eu não consegui ouvir. Estava tão consumida pelo ciúme que tudo o que ela dizia parecia uma desculpa. Agora, a culpa me corroía.
Meu celular vibrou, e meu coração deu um salto. Era uma mensagem dela.
"Oi, Ju. Não estou brava, só estou no meio de um treino agora. Assim que eu sair, te ligo, tá? Eu te amo, e não precisa se preocupar com Martyna. Você é a única pessoa que ocupa meu coração."
Sorri, aliviada. Ela sempre sabia como me acalmar, mesmo de longe. Coloquei o celular de lado e respirei fundo, mas o enjoo voltou com força total.
Eu realmente precisava resolver isso. Talvez fosse hora de marcar uma consulta com o médico.
A mensagem de S/N me tranquilizou, pelo menos por um momento. Ela sempre teve esse poder sobre mim, de me fazer sentir segura mesmo quando tudo parece desmoronar. Mas ainda assim, algo dentro de mim não estava bem, e não era só o enjoo. O medo de parecer fraca, ou até mesmo de preocupar S/N desnecessariamente, me fez guardar esse segredo. Ela já tem tanto para lidar com o time, a adaptação na Itália, e essa rotina exaustiva de treinos e jogos... Eu não queria ser mais um peso.
Terminei meu chá, mas o enjoo continuava. Decidi tentar distrair a mente, então peguei meu fone de ouvido e fui para a academia do clube. Era o único lugar onde eu podia extravasar sem pensar muito. No caminho, encontrei algumas colegas de time, mas passei direto, acenando rapidamente. Não estava com energia para conversas.