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Chegamos ao aeroporto de Guarulhos depois de um voo longo e, surpreendentemente, tranquilo graças às piadas e companhia de Isa. Enquanto pegávamos nossas bagagens, ela me olhou curiosa e perguntou:
— S/N, em qual cidade você mora mesmo?
— Uberlândia. — Respondi, ainda um pouco distraída com o movimento ao redor.
Isa abriu um sorriso e, com aquele jeito descontraído de sempre, comentou:
— Bem que tô doida pra conhecer o pão de queijo mineiro. E como uma cavalheira que sou, vou te levar até a sua casa.
Eu ri, achando que ela estava brincando, mas logo percebi que ela falava sério.
— Tá louca, Isa? Depois você tem que ir pro Sul! Olha que viagem longa, você vai se acabar de cansaço.
Ela balançou a cabeça, firme, e respondeu sem pestanejar:
— S/N, não adianta retrucar. Se eu falei que vou te levar até sua casa, eu vou.
Eu a olhei incrédula, tentando entender se ela estava mesmo disposta a encarar horas de viagem só para me deixar em casa. Isa parecia realmente determinada, e eu sabia que, quando ela colocava algo na cabeça, não havia muito o que fazer para mudar.
— Isa, isso não faz sentido. Eu posso pegar um voo pra Uberlândia ou até um ônibus. Não precisa se preocupar.
— Precisa, sim. Não vou deixar você viajar sozinha depois de tudo isso. Além do mais, quem recusaria um pão de queijo fresquinho?
Eu ri, sem saber se estava emocionada com a atitude dela ou se achava aquilo completamente absurdo. Mas, no fundo, era reconfortante saber que tinha alguém tão preocupada comigo em um momento tão delicado.
— Tá bom, Isa, mas, se você desmaiar de cansaço no caminho, a culpa não é minha.
— Não vou desmaiar, confia em mim. Cavalheiros não desistem no meio da jornada.
Eu balancei a cabeça, rindo, enquanto ela pegava nossas malas com um gesto teatral, como se fosse algum tipo de escudeira fiel. Ela me acompanharia até Uberlândia, e, apesar de ser um desvio enorme no caminho dela, percebi que Isa estava mesmo disposta a fazer o impossível para me apoiar naquele momento.
Caminhei até o guichê para comprar minha passagem para Uberlândia, ainda achando que conseguiria convencer Isa a desistir dessa ideia maluca. Escolhi meu voo e, enquanto estava pagando, percebi que Isa se aproximava ao meu lado. Antes que pudesse perguntar o que ela estava fazendo, ouvi claramente a atendente:
— Qual assento você prefere? Próximo ao corredor ou à janela?
Eu me virei para Isa, incrédula, vendo-a passar o cartão como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
— Isa, você tá mesmo comprando uma passagem para Uberlândia? — Perguntei, ainda sem acreditar.
Ela me lançou um sorriso divertido, que já começava a me irritar pela falta de noção.
— Claro que tô. Já disse que vou te levar até a sua casa. Além disso, pão de queijo mineiro, lembra? Não posso perder essa chance.
— Isa, isso é absurdo. Você tem uma vida no Sul, um time te esperando. Isso não faz o menor sentido! — Eu argumentava, tentando ser racional, mas ela apenas deu de ombros.
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