O ato de acordar, para mim, sempre foi muito calmo. Nunca tive problemas de ficar chateado ou querer voltar correndo para cama. Meu bom-humor não é afetado, porque procuro ter uma boa noite de sono, regada de mulheres e óbvio, bebidas.
Só que isso não aconteceu hoje.
Quando os primeiros raios de sol bateram e invadiram a minha janela, eu acordei com uma das piores ressacas do ano.
Minha cabeça doía como se tivessem martelado-a. E é bem provável que dormi com o peso do corpo todo no braço e com o pescoço virado para o lado oposto. Resumindo, estava há uns segundos de chamar o caminhão de lixo para me jogar lá dentro.
Porque eu não estou prestando para nada.
No máximo, só consegui pedir para um dos seguranças chamar a Martha e estou aqui, sentando na cama, no escuro — porque qualquer sinal de luz vai fazer minha cabeça estourar —, esperando a minha babá/governanta.
Que deve estar demorando de propósito.
Ao contrário das outras pessoas, eu não esqueço das coisas quando bebo.
Eu lembro que fiz a besteira de ligar para a minha "amiga" do colegial, Emma Karson. E ainda lembro que ela desligou na minha cara, mal deixando eu falar o endereço da minha casa. Já que troco de mansão três vezes por ano, para evitar ser pego. Nesse ramo, não podemos ficar acomodados. Nem se apegar a único um lugar, apesar que essa mansão é a minha preferida e a única que tenho o cuidado de não deixar ninguém descobrir.
Karson foi idiota ao desligar na minha cara, pelo que eu sei, ela ainda não desenvolveu habilidades de clarividência ou adivinhação. Emma pode saber no quê a minha família trabalha, mas ela só veio até a minha antiga casa. Nessa minha nova mansão, ela nunca chegou perto. Porque como estão vendo, nós perdemos totalmente o contato.
Por causa de uma besteira, na minha visão.
Apenas falei a verdade.
O fato é que vou espera-la telefonar para pedir o endereço.
Espero que até lá, eu esteja melhor dessa droga de ressaca.
O chiado da porta enorme do meu quarto se abrindo faz minha cabeça latejar de forma insana. Até me curvo com a dor forte.
— Seu escritório está com umas duas garrafas de Jack Daniels vazias. E pela a sua cara, você foi pego pelo monstrinho da ressaca. — Martha fala, recolhendo os meus sapatos de couro, o paletó, a calça... Na verdade, a maioria das minhas roupas já que eu só estou com a boxer e a gravata, essa só porque eu não consegui tirar. Estava bêbado demais para desamarrar um nó. — Pensei que isso só acontecesse uma vez por mês. Quando completava... Ah.
Bingo.
Ela lembrou que dia foi ontem.
— De qualquer forma, eu sei que você tem muito dinheiro, filho... Só não sei se ele pode te comprar um fígado novo. Porque essa vai ser a realidade, se continuar bebendo dessa forma.
Remexo meus ombros, desconfortável com a conversa.
— Eu ficaria muito mais confortável se olhasse para mim enquanto eu falo, assim sinto que está fazendo de tudo para que eu vá embora, Luca. — Usar o meu nome do meio era covardia, desde que me entendo por gente ela só me chama assim quando quer falar algo muito sério.
Levanto o olhar, encontrando a minha babá. Têm horas que Martha é mais minha mãe que a própria, ela cuidou de mim, me aguentou entupido de hormônios e querendo viajar o mundo todo... E agora está segurando essa barra que é me ver assim, me culpando por um erro que, talvez, não tenha sido minha culpa.
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7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter's
ChickLit#3 LUGAR EM AÇÃO (07/04/2019) #5 LUGAR EM AÇÃO (05/04/2019) RENDA-SE AO FOGO DO PRAZER. ANTES, Uma adolescente gorda; Um garoto estúpido; Uma amizade improvável - e talvez por interesse?; Uma decepção imensa e já esperada. A...