Capítulo 16 · Emma Karson ·

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Acordei sentindo um peso enorme sob minhas coxas e demorei para crer que o Blake (lê-se idiota, folgado e outros adjetivos que o qualificam bem) estava com sua coxa e pernas jogadas em mim, numa espécie de conchinha desajeitada. 

Eu poderia ser delicada e ter cuidado para não desperta-lo, mas... Ele é o Gabriel e... Humpf! Eu sou a Emma! A fragilidade e delicadeza passou à milhares de quilômetros longe de mim, talvez lá na Groenlândia. Então, apenas me levantei da forma mais abrupta que consegui, fazendo-o saltar como um gato assustado e quase cair com a bunda no chão. 

E como, além de indelicada, eu sou um pouquinho mal-educada, não consegui segurar a risada. Como uma criança de primário, até apontei, me encurvando e gargalhando um pouco mais. 

Ha. Ha. Ha. — a voz dele estava mais grossa e rouca que o normal e todos os pelos do meu corpo se eriçaram na hora. Cantos que até eu desconhecia se arrepiaram. — Muito engraçada. Adorei. Não quer gravar para virar uma comediante de stand-up, não? — continuou, porém eu só conseguia processar cada grau daquela rouquidão. Credo, acho que eu sou uma das únicas mulheres que já acorda pensando em sexo, minha mentalidade deve ter algum centelho de masculinidade, porque só de olhar por esse homem, sem camisa e com o cabelo bagunçado, — quase caindo nos olhos, que estavam apertadinhos por causa da claridade — minha amiguinha deu sinal, gritando um "estou aqui, preciso de atenção agora". E eu ando ignorando-a há um tempinho. 

— Ah, você acha que virei travesseiro?  Ficou todo jogado em cima de mim! — bufei, revirando os olhos de forma teatral. Blake só ergueu as sobrancelhas, fazendo a cara mais incrédula do mundo. — O que é agora, Gabriel? 

— Aquilo era uma conchinha. — disse, me olhando com cuidado e eu ri baixinho, balançando a cabeça. — Você sabe quantas mulheres matariam para dormir assim comigo? Com o Eros? — se engrandeceu, contraindo os músculos abdominais e deixando os gominhos extremamente definidos, por reflexo, lambi os lábios, sentindo as minhas glândulas salivares se manifestarem também. 

Porra, hoje está foda. 

— Pra mim, aquilo era você me usando de almofada. — comecei. — E só seria um pouco aceitável se você estivesse com o pau duro. Iria adorar acordar com essa surpresa. — pisquei e dei meu melhor sorriso safado, mas ele não riu, só continuo me fitando como se não acreditasse. — Porque está me olhando como se eu fosse uma criatura de outro universo? 

Ele mexeu a cabeça rápido, agitando o cabelo e soltando o ar. 

Por fim, apontou para mim, rindo. 

— Você definitivamente precisa ser estudada. 

Bufei, cruzando os braços.

— Porque? Só porque tenho gostos peculiares? — sim, me senti uma espécie de Christian Grey feminina ao falar isso, mas contive minha vontade de rir e bater palmas para o meu momento perfeito de citação. — Sinceramente, você só pega garotas que ficam lá, gemendo: "Oh, Eros, você não tem um pau, tem uma varinha mágica... Uh, uh, isso... Aí, você é um deus..." — deixei minha voz o máximo nasalada que pude, fechando os olhos e quando abri, vi o sorriso divertido brincando os lábios dele. O ponto não seria para mim? O que houve de errado? 

— Essa da varinha mágica eu nunca escutei, viu... — foi se aproximando e cada sentido do meu corpo entrou em estado de alerta, só faltava soar uma campainha tipo "Perigo, cuidado, Blake muito perto, cui-da-do!". — Mas tem uma primeira vez para tudo...— parou à milímetros de mim. E como sou, infelizmente, alguns centímetros mais baixa, aqueles olhos castanhos me encarando de lá de cima fizeram a minha respiração descompassar. 

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora