Capítulo 51 · Gabriel Blake ·

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— Ainda não acredito que tem outra agente, além da Emma, atrás de nós. — encostei o saco de ervilhas no meu queixo e, mesmo com a temperatura congelante contra minha pele, não consegui raciocinar de forma coesa. Não era a dor dos meus machucados. É o medo de falhar. — Já conseguiram a ficha dela? — perguntei, vendo os dois pares de olhos, um mel e outro verde, cair em mim com irritação. 

O do Enzi eu até entendia, mas o do Phillip? Nenhum pouquinho.

— Ainda não. — Phill respondeu, voltando seu olhar para o maldito notebook.

Bufei.

— Para quê tenho um especialista em informática e um guarda-costas fodão se eles não conseguem invadir um maldito sistema de segurança? 

A pressão de ter uma desconhecida tentando me capturar estava afetando meu juízo? 

Com toda certeza. 

Com a Karson, nosso jogo é pessoal, é conhecido, pode ser um pouco imprevisível, mas completamente fácil de controlar e tomar as rédeas, no entanto, se houver outra agente na equação, as coisas tomam outra proporção bem diferente, a chance de um resultado positivo se tornar uma catástrofe é enorme. 

— Só pra lembrar, Blake... — Phillip levantou um dedo, sem desgrudar os olhos do seu trabalho — O gigante ainda está chateado com você e, apesar de assegurar que você permaneça com esse traseiro babaca intacto, não é obrigado a aguentar os seus chiliques. Nem eu sou. 

Revirei os olhos. 

Foda-se.

Que toda essa história de Suzan Miller se exploda e nos leve junto.

Cansei.

Eu simplesmente não aguento mais o Phill me tratando como um moleque ingrato e burro. 

Existe limites para tudo.

— Phill. — chamei e ele ignorou. — Phill. — tentei novamente, ficando sem resposta alguma, só o som dos dedos dele batendo contra o teclado de maneira rápida e ágil, até respirei fundo procurando alguma paciência, mas não achei. — PHILLIP RICHARDS! — gritei, soltando o legume congelado e empurrando a tela do notebook com força, fechando-a no susto. 

Com os olhos arregalados, ele me fitou.

— Eu estava perto! — sua voz estava no mesmo tom que o meu e o olhar semicerrado só faltava me fuzilar. — Faça algo de útil, não me atrapalhe! Estou tentando tirar a porra do seu cu dessa reta entupida de perigo, só fique quieto e calado! É muito difícil? 

Levantei, sentindo os lugares onde fui socado pelos Reich, o braço que a Emma fez questão de atingir de raspão e o queixo que o Enzi acertou em cheio, latejarem de forma intensa. 

É, eu realmente estou apanhando da vida.

Passo a passo, me aproximei, ficando cara a cara com o meu amigo de infância e atual maluco.

— Preste atenção, Richards. — murmurei, pronunciando cada palavra de maneira lasciva — Eu acho que esqueceu quem é o chefe aqui... — foi minha vez de cerrar os olhos em direção a ele — Eu posso suportar você me chamando de idiota por um erro que cometi a onze anos atrás... Deus, Phill! Eu posso até passar horas escutando você passar na minha cara o quão frouxo eu sou! — ri de forma sarcástica — Mas não vou admitir você me tratar como um garotinho mimado, porque você sabe que eu não sou. — rosnei e ele engoliu a seco. — Você sabe as coisas que fiz e o que sou capaz de fazer, cara. Então, antes de me chamar de inútil mais uma vez, pense nas consequências. Afinal, nós sabemos que, por enquanto, ainda não cumpri uma única ameaça que te fiz desde que essa história toda começou. 

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora