Capítulo 29 · Gabriel Blake ·

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O vibrar do meu celular no criado mudo me despertou e lentamente, soltei a Emma. 

Essa coisa de dormir juntos não estava dando certo. Quando eu acordava sempre estava com a cabeça descansando nos peitos dela ou com sua coxa me arrodeando e prendendo. 

Rezando e pedindo cautela a Deus, tive que fazer uma manobra quase ninja para não acorda-la enquanto me movia para fora da cama. Mas, com todo esforço, consegui sair sem fazer nenhum barulho. 

O número no visor me fez bufar. 

Abri a porta da varanda e a fechei devagar. 

— O que é? — perguntei. — Já te avisei que estou temporariamente indisponível. 

— Nós já conversamos, Eros. Quero o meu carregamento, não importa se resolveu entrar de férias. Você é o melhor contrabandista que temos no ramo e essa carga é muito importante. Por mais dinheiro que já tenha, sei que almeja mais. — riu e eu apertei os lábios, sentindo minha ambição dar batidinhas na minha cabeça e acenar, avisando que continua aqui. 

— Para quando seria e o que é? — me apoiei na coluna de gesso, observando a madrugada fria se desenrolar.  O silêncio do outro lado da linha deixava tudo ainda mais estranho. — Ainda está ai? 

— Sim. O conteúdo será mantido em sigilo e será para amanhã. — respondeu, me fazendo jogar a cabeça e ter o cuidado para não gargalhar muito alto. 

Sigilo? 

Me poupe. 

— Não posso transportar algo que eu mal tenho ideia do que é. Onde fica  a estratégia? Todo o sistema? Se for assim, essa operação tem tudo para ser falha. E sinto muito, não vai ser eu que vai pôr o rabo na fogueira. Arranje outro. — já ia desligar quando a resposta dele me fez estacionar no canto. 

— Cinco milhões. — suspirou. — Te dou cinco milhões para levar esse carregamento sem dar um piu sobre e nem saber o que é. Transportá-lo daqui até uma cidadezinha do interior. 

Protelei por apenas alguns milésimos. 

— Sete milhões e eu aceito agora. 

— Feito. — meneei a cabeça, incrédulo. — Me encontre no endereço que mandarei por mensagem. — desligou e eu fitei o aparelho, boquiaberto. 

Sete milhões em uma única carga? 

Era como uma caixinha de natal. 

Só que milionária. 

Digitei um número e um resmungo me atendeu. 

— Me diz que a doida colocou fogo na mansão, te castrou e você está quase morrendo. E que só me ligou pra passar tudo para o meu nome. 

Bufei. 

— Phillip, para de besteira! — exclamei. — Temos uma carga urgente para amanhã.

— O que é? Joias? Eletrodomésticos? — questionou, bocejando no telefone. 

— Não sei. — dei de ombros, mas no fundo, estremeci. 

— Como assim "não sabe"? — riu. — Para de brincadeira, Gabriel. Você sabe o protocolo decorado e até o leria para mim inteiro. 

Soltei o ar. 

— Estão nos pagando sete milhões de dólares para não saber. — sussurrei e escutei o engasgar do meu amigo do outro lado da linha. 

— Sete? 

— Sim.

— U-a-u.  

Sorri.

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora