— Nós deveríamos estar cuidando dela. — O tom de voz dele beirava o desespero, mas eu apenas relaxei meus músculos e observei as telas, enquanto bebericava o café quente e fresco. — Você não parece nenhum pouco preocupado!
Soltei o ar.
Não tinha porquê me preocupar, ela já é bem grandinha e pode encarar umas doses de tequila e whisky sem precisar gritar por ajuda.
— Ela precisa encher a cara para esquecer dos últimos acontecimentos, Keller.
Ele semicerrou os olhos e tirou um dos fones de ouvido.
— Nós combinamos que iríamos ficar nessa juntos — apontou de forma acusatória. — Mas você age como se a conhecesse mais que eu... E nós sabemos que isso não é verdade! Sabe por quê? — perguntou e, apenas ergui um ombro. Me estendeu um dos fones e eu coloquei. — Presta atenção, observa bem isso... — deslizou o dedo sob a tela e, num timing perfeito, ela trepidou sob o banco extremamente alto do bar, numa tentativa de se balançar no ritmo da música. — Mais duas doses e é um expresso direto para o banheiro, de joelhos, na privada. Ela nunca soube beber, Enzi! E não é hoje que vai aprender — chiou.
— Deixe-me cuidar disso. — abri a porta do carro, descendo de forma calma.
— Vai logo! — grunhiu e tive que controlar meu impulso de puxá-lo pelo colarinho só para encará-lo enquanto dou umas sacolejadas e desfiro uns tapas. Esse é o tipo de coisa que só me afeta quando estou longe dela. Ou melhor, parte de mim sabe que ele está certo.
Me juntar com Alexander Keller para cuidar da Emma foi uma atitude impulsiva. Não tinha estudado as variáveis ou analisado quais poderiam ser as consequências, afinal, nós dois queremos a mesma mulher e, essa situação aplicada em homens como nós, isso nunca pode dar certo.
Mas, pela Emma, qualquer coisa.
Me sentei em silêncio ao lado dela, os olhos castanhos e levemente felinos estavam um pouco avermelhados e encaravam a vasta estante de bebidas, estudando-as profundamente.
— Sedan preto, placa KJH8957, Alex está com uma camisa pool verde-limão, o que é contraditório, já que essa é a cor dos seus olhos. — A voz saiu enrouquecida e um pouco lenta por causa de todas as doses que ingeriu. — Posso estar bêbada, mas estou sóbria... — riu com a coisa sem sentido que falou e eu ergui as sobrancelhas.
— Não acha que já bebeu o suficiente? — acariciei a mão que descansava em cima do balcão e Emma, de forma imediata, a retirou, como se fugisse do meu toque. — Paka, que tal irmos para casa, você toma um banho, veste algo confortável e dorme até sentir que está pronta para encarar esse mundo novamente? Pode dormir o quanto quiser, quando acordar estarei lá te esperando — falei, encarando-a, porém ela parecia bem longe e não prestou atenção em uma palavra sequer.
— Eu ainda não quero acreditar que posso ter voltado a sentir algo por ele, Enzi...— deu uma golada no Whisky que me fez arregalar os olhos de leve, surpreso. Ela sacudiu a cabeça, soltando um "xxx" de quem estava sentindo a garganta ferver — Mas vou esquecê-lo... — apontou para mim, balançando a cabeça de forma positiva e quase caindo para trás.
Minha mão a estabilizou.
— Você vai ver... — Emma exalava álcool até pelos poros. — Vou, olha... — faz um gesto, como se tivesse apagando algo. — Deletar aquele traste da minha vida. — riu a toa e eu ergui meus olhos para a câmera acima de nós, pedindo um socorro mudo ao Alexander.
Eu nunca tinha lidado com a Paka bêbada.
Conhecia a psicopata, irritada e a tarada.
No entanto, nunca tinha dado de cara com essa versão da Emma.
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7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter's
ChickLit#3 LUGAR EM AÇÃO (07/04/2019) #5 LUGAR EM AÇÃO (05/04/2019) RENDA-SE AO FOGO DO PRAZER. ANTES, Uma adolescente gorda; Um garoto estúpido; Uma amizade improvável - e talvez por interesse?; Uma decepção imensa e já esperada. A...