7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter's

Capítulo 57 · Gabriel Blake ·

Só fitá-la nos olhos doía. 

Não era por estar preso que eu sentia raiva, era por ter sido enganado. 

Traído. 

— Nós precisamos conversar sério, Gabriel Blake... — apertou minha mão com uma força considerável, aproveitei o toque por alguns segundos antes de, rudemente, puxá-la de volta. Fiquei encarando a parede cinza atrás dela. Eu não iria falar com a pessoa que fingiu estar apaixonada por mim só para me prender. — Preciso que você me olhe nos olhos, Gabriel. Que me escute e não ache a tinta descascada dessa sala mais interessante... 

Soltei uma risadinha de escárnio e relaxei o corpo sob a cadeira dura. As algemas apertadas me incomodavam e machucavam meu pulso. Se eu mexesse um único dedo, latejava. E foi isso que aconteceu, fui tentar mexer a mão e um grunhido baixo escapou por meus lábios. 

Emma olhou a cena, curiosa. 

— Você brigou com alguém aí dentro? Em menos de vinte e quatro horas? — perguntou, me analisando de forma intensa. Tudo bem que os meus pulsos doíam, mas nada pior do quê pensar o quão forçada deve ser essa preocupação. Karson deve estar atrás de alguma outra evidência que me deixe aqui por bem mais tempo que o necessário. 

Como não respondi, ela franziu o cenho, respirando fundo, no entanto, ergueu uma sobrancelha e desceu os olhos para a própria cintura. Pegando, nada mais, nada menos que uma cópia da chave das minhas algemas. 

— Vou te soltar. — ela falou, levantando e vindo até mim e, antes que ela pudesse cogitar enfiá-la na fechadura, eu me virei, dando as costas. Emma puxou o ar com força, parecendo estar procurando paciência. A mão com as garras pintadas de preto descansaram no meu ombro. — Me deixei folgar a sua algema e vamos conversar como pessoas maduras, Blake... — pediu e, dessa vez, eu joguei a cabeça para trás, numa gargalhada bem sonora. 

Conversar como uma pessoa madura? 

Logo ela, que criou um contrato de sexo para me prender? 

O toque que, antes estava no meu ombro, subiu por meu pescoço até encontrar o meu "novo" corte de cabelo. Emma acariciou minha nuca. 

— Cortaram o seu cabelo... — murmurou num fio de voz e eu engoli cada gota da vontade de falar algo. Me remexi, fazendo-a me soltar. Karson bufou e virou a minha cadeira com facilidade, me encarando e só faltando soltar fumaça pelo nariz. Os olhos castanhos estavam em fendas e pareciam ferver. — Nós vamos conversar, não adianta você querer me irritar, Gabriel. — o folgar dos meus pulsos, me faz olhar para baixo e constatar que, enquanto me distraía com seu olhar fixo, Emma me soltou. 

Eu tinha várias opções, apertar o pescoço dela e olhar de camarote a vida se esvaindo dos olhos lindos. Podia puxar alguma das facas que descansam na cintura dela e matá-la de forma rápida ou torturá-la do jeito que fez comigo durante todos esses anos pensando que meu rubi estava por ali. 

Mas, não! A merda da conduta que tenho desde pirralho me impede. A filha da puta poderia me matar e eu não teria coragem de sequer desferir um soco certeiro na cara dela como o Yuri fez. E isso é muito ruim, porque mostra que, por mais raiva que eu sinta, realmente nutro algo "nobre" por ela.

— Olha para mim... — ela sussurrou e, mesmo sem querer, obedeci. Era algo no tom manso e convidativo que me fez levantar os meus olhos e arrastá-los por todo aquele rosto moreno, pelos lábios carnudos e apetitosos. — Eu sinto muito. 

Meneei a cabeça.

— Você roubou o meu rubi... — minha voz saiu sem um pingo de emoção. A raiva ardia, era como uma doença, cada canto do meu corpo sofria com isso. Só de pensar nela entrando na minha casa e arrastando a única coisa que me deixava feliz algo parecido com uma reação química adversa fervilhava nas minhas veias. — Me roubou e ainda teve a audácia de foder comigo, de gemer meu nome e olhar nos meus olhos como se não estivesse fazendo nada ... — ela me encarava sem nenhuma reação negativa, como se não sentisse nenhum arrependimento. A fúria tomou parte de mim e sem pensar, reagi de forma impulsiva. — Sua cadela! — cuspi na cara dela.