Capítulo 21 · Gabriel Blake ·

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Dizer que o álcool se esvaiu quando eu vi a Emma subir naquele tatâmi é eufemismo.

Eu nunca me senti tão sóbrio na vida.

Desde a perda da joia que minha vó prometeu a mim, eu troquei o meu setor na Dark Angel. Antes, quando eu vinha, apenas bebia e saía com algumas das garotas daqui, mas a culpa começou a me corroer e eu precisava de algo mais forte. Precisava ser punido pela minha irresponsabilidade com algo tão valioso. E a única escolha foi lutar aqui. 

A minha culpa diminuiu depois que a Karson apareceu e prometeu trazer o rubi de volta no fim das suas duas semanas de "condições". Porém, eu não sei o que aconteceu comigo hoje, apenas precisava sair de perto dela, o mais rápido possível. Era como se um alarme gritasse "perigo".  E eu apenas obedeci, acertando o único lugar capaz de me fazer esquecer qualquer coisa que existe do lado de fora. 

Tudo bem que lutar bêbado não era uma boa ideia. 

Mas eu não esperava que ela fosse adivinhar onde eu estava. 

Ou pior, ser conhecida aqui. Ainda preciso ter uma conversa séria com a Emma e saber, finalmente, o que ela é. Uma psicóloga não conheceria tanta gente do meu meio, muito menos teria acesso a Dark Angel que tem a mensalidade mais cara que já vi na minha existência. 

E convenhamos, ela foi aplaudida de pé.

— Tá vendo o que você fez, idiota? 

Olho para trás, dando de cara com um homem desconhecido. 

— Eu te conheço? — perguntei, tentando estabilizar a minha mente e vagar o meu olhar da cor pálida da Emma, olhando para o adversário, ao cara que apareceu repentinamente atrás de mim. 

Ele empinou o nariz e me olhou de cima a baixo, molhando os lábios. 

— Você pode ser todo gostosinho, mas não vou te perdoar por fazer a doidinha se suicidar! — bateu os pés e eu prendi um sorriso fraco. Pelo menos alguém me acha gostoso. — Logo com o Rodrigues, da última vez foi uma castatr...

Última vez?

— Como assim, "última vez"

Ele apertou os lábios e me estendeu a mão.

— Sou Paul, mas pode me chamar do que quiser, lindo. — piscou e eu percebi o que ele estava fazendo.

— Não desconverse. A Karson já veio aqui outra vez?! — eu precisava saber. 

Paul soltou os ombros e suspirou.

— Veio e saiu direto para uma UTI. 

Puta que pariu. 

— Como assim? 

— Ué, de maca, com ambulância e essas coisas... Você desceu na minha lista, é burrinho... — resmungou e eu revirei os olhos, encarando o homem que iria lutar com a minh... Meu Deus! Que iria lutar com a Karson. A mulher que vai me ajudar a achar a joia da minha vó.

Mas, pra isso, ela precisa estar inteira. 

E viva.

— Não tem como cancelar a luta? — mordo a unha do polegar e solto o ar, levando as mãos ao cabelo e o bagunçando o máximo que pude. Ela estava nessa droga de roubada por minha causa. Não podia me deixar lutar sozinho? Eu iria ser nocauteado, mas seria problema meu! Sempre tem que meter o nariz aonde não é chamada. 

Ele balança a cabeça e se apoia no elástico a minha frente. Paul era bem diferente de mim. Tinha cabelos loiros e olhos extremamente azuis, além de estar vestido de maneira berrante e muito bem maquiado. Se eu for passar um pó pra esconder algo na minha pele já fico incomodado, imagina ajeitar as sobrancelhas e passar batom. 

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora