— Espera... Eu não entendi — repito pela enésima vez, enquanto desligava a televisão e apertava o telefone ainda mais contra o ouvido, numa tentativa de fazer a dor me lembrar que isso é bem real. — Você quer que eu volte a campo? — arregalo os olhos, parte minha estava dançando um novo ritmo, a mistura da Macarena com High School Music. Já a outra, estava estranhando essa convocação esquisita.
— Não é querer, Karson, é necessitar — diz de modo profissional e objetivo — Conseguimos uma lista de delação enorme com nomes perigosos e a única que vai conseguir prendê-los é você e a sua equipe. Já acionei a Melina e a Parker... — continua e eu levo a unha do dedo midinho à boca, o impulso seria roer, porém apenas a mordi. Eu sabia que seria arriscado fazer isso, sabe... Ir lá e pegar os homens maus... Eu tenho dois bebês na barriga, não posso sair por aí erguendo armas e desafiando criminosos.
— E a Eva? — lembro-me da minha prima, mordendo os lábios.
— O de sempre... Não quer voltar. Disse que poderia te ajudar de longe, com os computadores, mas não iria sequer pôr a ponta do pé nisso novamente. Está voltando para casa e assumindo os negócios inacabados — ele é breve, não entrando muito no assunto — E o Enzi vai também, só por precaução.
Enrugo a testa.
— Mas ele é segurança do Blake...
— Gabriel concordou em liberá-lo por um tempo, algumas das pessoas na lista o quer morto e o Enzi estará, em uma parte, fazendo o trabalho dele que é proteger o chefe de uma morte iminente.
Comprimo os lábios, pensativa, notando uma coisa.
— "Gabriel", hum? — pergunto e escuto uma tosse nada parecida com a do Keller — Ele te pediu em casamento? Vocês gravaram um pornô gay? Devo começar a "shippá-los"? — ironizo, fazendo cara feia para o celular, como se eles pudessem me encarar. Confesso que mau humor está mais pesado.
— Emma...
Bufo.
— Nada de "Emma", Alex! — chio e noto que estou um pouco mais alterada que o normal — Você caiu no charme dele! Todo mundo cai! Que merda! É só ele baixar a voz que todo mundo acha que ele é o cara "bom" e e-eu não sei! — resmungo, sentindo minha voz embargar. Drogas de hormônios! — Não vou prender esses homens só porque eles querem a cabeça dele em uma bandeja de prata! Bem feito! Que morra! — enxugo as lágrimas que estavam escorrendo pelo meu rosto.
— Ele é o pai dos seus filhos ou filhas, linda... — ele suaviza a voz.
— Eu conheço um golpe baixo quando vejo um, Alexander — suspiro — Mas... — ergo o queixo — Irei aceitar porque sei da minha capacidade e que sou a única que pode pegar esses criminosos. — sorrio, me levantando e correndo para o elevador. — Me passe às coordenadas via código, estarei me aprontando e esperando o pessoal. Adeus e bom romance homossexual com o pai das minhas meninas... — debocho, desligando na cara dele e rindo.
No ímpeto de uma animação enorme, saio correndo para o elevador, apertando o botão até minha sala de armas de forma empolgada. Estava quase assoviando ou cantando como uma princesa da Disney — não que eu saiba cantar muito bem, seria um desastre capaz de acabar com as minhas vidraças. Mas, devo admitir, estou feliz. Não precisaria ficar enterrada em um sofá, maratonando pela sétima vez Friends, Doctor House ou Grey's Anatomy... Eu voltaria para o meu lugar... Ou melhor, o lugar que era meu.
Só por uma última vez, certo?
Acaricio minha barriga, enquanto aguardo a porta reconhecer meu corpo, retina e peso.
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7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter's
ChickLit#3 LUGAR EM AÇÃO (07/04/2019) #5 LUGAR EM AÇÃO (05/04/2019) RENDA-SE AO FOGO DO PRAZER. ANTES, Uma adolescente gorda; Um garoto estúpido; Uma amizade improvável - e talvez por interesse?; Uma decepção imensa e já esperada. A...