Capítulo 20 · Emma Karson ·

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— Ficar encarando as panelas não vai te alimentar, Paka. 

Não me dei o trabalho de virar, eu já sabia que o Enzi iria vir. Só era uma questão de tempo. Minha mão estava dormente de tanto ficar apoiando meu rosto. Eu tinha cozinhado para mim e pra aquele patife, consegui dobrar o Miguel e evitar de acabar numa cama com ele — o que ia ser horrível, já que aquele homem é o mais egoísta que conheci — e o que acontece? Gabriel resolve sair para algum lugar que eu não consigo nem imaginar onde é. 

— Estou sem apetite. 

Era verdade. A lasanha ou o mousse na geladeira não me apeteciam, a minha fome foi embora junto com a McLaren (numa velocidade impressionante). Coisa que é tão ruim quanto não entender o que aconteceu para, o tão cheio de si e egocêntrico Gabriel Blake, fugir como um ratinho amedrontado. Eu simplesmente não conseguia encaixar nenhuma peça desse quebra-cabeça. O que está me irritando pra caralho. Emma Karson sempre sabe o que está acontecendo. 

Parece que dessa vez, não.

Enzi se sentou ao meu lado e, de soslaio, o fitei. Ele tinha tirado o uniforme e estava com uma camisa pool verde, ressaltando a cor exótica dos seus olhos, que contrastavam com a pele morena. Queria poder sorrir para ele, mas infelizmente, minha mente não conseguia processar ou obedecer nenhum comando que não tivesse haver com "descobrir para o que houve e para onde o Blake foi". 

Ele soltou o ar. 

— Isso não é por causa daquele idiota que se nomeia o deus do amor, certo? — o desprezo e o ciúme é tão lascivo que eu me limitei a revirar os olhos. Não levem a mal, eu gosto muito do Enzi, muito mesmo. Mas, seu sentimento de posse, me cansa. 

— O idiota que é o seu chefe. — observei quando ele fechou os olhos verdes e se segurou para não bufar. — Enzi, o que quer aqui? Não estou com animação para amassos, já tive que beijar o Cuervo e me controlar para não vomitar depois. Aquele dente de ouro me dá arrepios...

— Você o quê? Beijou aquele homem? Porque? 

Droga.

— Fui recolher algumas informações. — pelo menos com ele eu posso dizer uma parte da verdade. — Minha superior precisava delas. — dei de ombros, sentindo seu olhar queimar em mim. 

— E precisava beijá-lo? 

— Acha que se não precisasse eu o faria? — ergui as sobrancelhas e ele levantou, pegando um prato e se servindo do jantar que não me atraía nenhum pouquinho. Odeio ficar sem fome. 

Enzi sentou-se ao meu lado e eu o observei mastigar e soltar um gemido.

— Céus, seu tempero consegue superar até o da Dona Martha. 

Pela primeira vez na noite, depois da saída do idiota, vulgo Blake, eu consegui sorrir. Fraco, mas sorri. Porém, foi o suficiente para o lindo deus jamaicano se irritar e soltar os talheres sob a mesa.

— Paka, não entendo porque está assim. Você sabe a razão de estar aqui. — reclamou, me fazendo o encarar. — Ainda não consegui compreender o que fez para ficar aqui. Tudo bem que conhece aquele imbecil, mas como? 

Dei de ombros e ele, dessa vez, bufou.

Eu não ia contar que tinha um contrato de dez páginas falando sobre sexo durante duas semanas com o cara que era o meu "abismo" — já não era mais queda — na adolescência. Enzi provavelmente surtaria e me atrapalharia o máximo que pudesse.

— Enquanto está aí sem comer, ele deve estar se drogando, bebendo e pegando alguma das muitas mulheres que tem no pseudo harém. 

— Se drogando? — franzi o cenho e Enzi parou de comer, me olhando como se fosse óbvio. 

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora