Capítulo 64 · Emma Karson ·

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Sabe quando passamos por aquele  gatinho ou cachorrinho de rua, lindo, meio machucado que nos fita com os olhos mais carinhosos do mundo, como se tentasse nos enfeitiçar para ganhar o nosso lar?  Ser levado conosco

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Sabe quando passamos por aquele gatinho ou cachorrinho de rua, lindo, meio machucado que nos fita com os olhos mais carinhosos do mundo, como se tentasse nos enfeitiçar para ganhar o nosso lar? Ser levado conosco... E bate aquela vontade de agarrá-lo e sair correndo, não é? Mas não podemos, às vezes por morar em um apartamento que não permite a entrada de animais ou por ter alguém alérgico... Por alguns instantes, quando temos que seguir nosso caminho, o coração se parte por deixá-lo lá...

E por que diabos estou devaneando isso?

Talvez por aquele filho da mãe inteligente, vulgo Alexander Keller, ter feito isso de propósito.

De tantas coisas que temos em comum, uma delas é a paixão por gente perdida. Aquelas pessoas que aparentam não ter mais jeito, que dá vontade de ninar e nunca mais largar... E ele calculou exatamente onde iria bater, quanto tempo a dor iria durar e quais sequelas deixaria. Alexander quis incitar a minha parte "solidária". E conseguiu. Bastou jogar o Blake destruído no meu quarto, que aquela menina boba que eu tanto sufoquei deu "olá" novamente .

Eu me mutipliquei em dez, engessei a perna, instalei um gancho de suporte para deixá-la sempre elevada para melhorar a circulação e a recuperação ser efetiva, passei a madrugada testando ervas para anular o efeito daquele bendito boa noite Cinderela que o Keller insiste em chamar de "composto orgânico"...

Dormi no sofá, encarando aquele corpo maravilhoso, o rosto que agora era enfeitado por uma bela barba. Durante três dias temi que ele tivesse sido envenenado. Tentei acordá-lo, chorei, fiz promessas e, mesmo assim... Ainda era surreal tê-lo ali, mesmo adormecido.

Como agora, que sinto minhas costas reclamarem por conta da poltrona e o fato de ter dormido de óculos só mostra o quão distraída estou.

Lentamente, abro os olhos e solto um grito mudo com a imagem que vejo.

- Como você conseguiu soltar a perna?! - chio alto, minha voz ainda enrouquecida e sonolenta sobe uns três tons.

Com um semblante levemente dolorido, mas sorridente, Blake deu de ombros.

- Você deixou as muletas perto, achei que deveria tentar, só para recuperar o que restou da minha dignidade e poder ir ao banheiro sozinho - explica e eu meneio a cabeça. O orgulho dele era gigantesco. - Sorte que ele não acertou o joelho que eu fiz cirurgia... - se encosta habilmente em uma das muletas, me fazendo lembrar que isso não é nenhuma novidade para ele. Gabriel já havia tido uma fratura séria no joelho quando adolescente, passou por cirurgia e fez meses de fisioterapia.

Bufo, revirando os olhos.

- Não existe sorte com o Alex, aprenda isso logo.

Ele faz careta.

- Alex... - me remenda, imitando minha voz. - Ele não notou que, fazendo isso, me aproximou mais de você... - murmura e, rapidamente, como um gato que sente um pingo d'água, me levanto da poltrona, pigarreando.

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora