Capítulo 7 · Gabriel Blake ·

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— Cara, você vai fazer um buraco no chão. — Phillip resmunga, me lançando um olhar de preocupação. — Sei que se virou nos trinta para fazer essa festa e que esses sapatos são caros demais para você desgastar o solado andando para cima e pra baixo aqui dentro. 

— Ãn-ram. 

O fato era que aquela maldita havia me dito que viria sozinha. Ela me fez convocar todos os meus "amigos" e sabendo quem são, ela vem só! Emma não tem cérebro, deve ser apenas um macaquinho batendo prato naquela cabeça. Porque para agir dessa forma, só pode. Eu organizei cada detalhe da festa. Sou conhecido por fazer as farras mais inesquecíveis. 

Talvez seja um talento de família. 

— O pessoal já está lá embaixo...

— Eu sei. — Solto um grunhido, enrugando a testa com raiva para ele. Isso só me lembra que aquela cabeça de vento pode aparecer e ninguém sabe quem ela é. Argh. Porque você é assim, Emma Karson? — Devo ligar para ela? 

— Deixa eu ver... Tem uma frota de criminosos lá embaixo, loucos para falar com você e que também te odeiam por manter essa fortuna em pé...— Phillip finge pensar e solta os braços em exaspero, me olhando de forma óbvia. — Claro que sim, Gabriel. Só se você quiser ver a única chance de achar esse rubi estirada no tapete caro do seu salão de festas. 

Solto o ar, bufando. Pego o celular, digitando rapidamente o número do celular dela, mas o ícone da mensagem chama minha atenção e eu o abro, dando de cara com uma mensagem da Emma. 

Karson 23h:10pm. 

Desça

Só tinha isso no corpo do texto, estico o celular para mostrar ao meu amigo, que apenas dá de ombros e aponta para a porta. Porque estou desconfiando disso tudo? Me manda descer e ao menos diz o porquê. Será que ela já está aqui?

— Gabriel, vamos logo. — Phillip começa a me rebocar para fora da sala e eu logo me desvencilho dele, ajustando o meu blazer e o encarando com uma cara feia. — Só tentei ajudar. — Revira os olhos e vai cumprimentar os convidados. 

Assim que eu desço, vejo os olhos dos irmãos Reich em mim. Os gêmeos russos me odiavam. Nossa relação era como uma amizade entre duas mulheres falsas, eles sorriem para mim e eu finjo que sorrio para eles. Sei das tentativas deles de me derrubar e ainda acho que foram eles que roubaram a preciosa joia da minha bisavó. 

— Olá, Gabriel. — O forte sotaque do Yuri me faz aprumar o peito, como um galo que tenta mostrar que ali era o seu domínio. Igor só acenou com a cabeça. 

— Boa noite, sejam bem vindos. — Aperto as duas mãos geladas, sentindo os dois pares de olhos frios e impassíveis queimar por cima dos meus ombros. Franzo o cenho, vendo o sorriso crescer naqueles irmãos da Elsa.

O que está acontecendo? 

Resolvo me virar e quase caio no chão com o que vejo em cima da minha escada. 

— Nova aquisição, amigo? Porque não nos contou?

Eu não conseguia falar, se eu abrisse a boca, provavelmente seria para murmurar uma série de palavrões. Quando penso que as coisas vão ficar melhores, elas só desandam de vez. A aquisição que eles estavam falando era ela. Prestes a descer o lance de escadas e completamente deslumbrante. Eu não tinha adjetivos. 

E eu me vi numa enrascada quando ela posicionou o violino no queixo e começou a tocar. 

As primeiras notas me fizeram identificar a música logo de cara. O Fantasma da Ópera. E pelo que eu vi, não fui o único a ficar boquiaberto com a performance, todos os que estavam no salão pararam para olhá-la. Não era o vestido ou nada, era o modo que ela se entregava a melodia, nos fazendo sentir dentro do conflito entre o fantasma Érik e Christine... A paixão, o desejo ao redor, o medo... A técnica dela era imprescindível, mas sua emoção... Não tinha comparar.

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora