Capítulo 78 · Gabriel Blake ·

3.7K 504 48
                                    

Acho que quando Emma falou "ficar sozinha", ela não se referiu a parte de "ficar com o Diretor idiota que mesmo depois de perder mais de um litro de sangue, ainda consegue ser irritante". O Enzi estava certo quando disse que ela não iria me perdoar.

Karson ainda está magoada e ressentida com as minhas mentiras e isso me deixa agoniado.

Ela não pode se estressar... Então, sou eu a fonte do estresse dela? Virei um problema que a famosa agente Karson não hesita em resolver? Porque pelo que ela fez hoje, é o que parece. E o pior é que essa maldita mulher está certa... Eu não posso virar um clone do meu pai.

E todos nós sabemos que, infelizmente, há coisas que são hereditárias.

Ele arrastou minha mãe para um paraíso no Caribe, porém o irônico é que fez da vida dela um inferno. E, muito atrás, em um passado extremamente distante, eles eram como eu e a Emma. E é aí que mora o perigo. As similaridades, não que a minha querida mãe fosse uma agente do Governo, fodona e que adora matar, aliás, ela era uma prostituta de traços marcantes e "produto" de um homem em que o lema de vida era matar qualquer um que sequer o olhasse de soslaio. Do antigo chefe do meu pai, para ser exato.

Sim, não estou mentindo. E, como em todo clichê, ele acabou passando muito tempo cuidando para que ela não fugisse, para no fim, perceber que queria fugir com ela, construir uma família e essas coisas piegas... E depois de tentar engravidar várias vezes e fracassar, minha mãe resolveu pesquisar até achar as benditas frutas afrodisíacas. Então aqui estou, um cara que foi expulso de Las Vegas por ter quase levado todo dinheiro de três cassinos, um contrabandista requisitado — recebi umas trinta ligações só nessa manhã — e um ex-viciado em matar pessoas. Não sou um exemplo a ser seguido... E compreendo o porquê da Karson querer se afastar... Mas, eu não consigo vê-la desse jeito.

Emma sem aquelas maluquices? As unhas? As facas? Por mais seis meses?

Ela vai enlouquecer e levar todos os que tiverem perto junto. O Dr. Bigodon, — não consigo evitar, desculpem — foi específico em pedir que ela mantivesse a calma, no entanto, ele não conhece ela como eu. A calma da Emma é segurar uma arma e recitar os Direitos de Miranda para os caras "maus". Karson pode não saber o que fazer, mas eu sei.

— Para a minha infelicidade, você ainda está vivo... — faço uma careta, fitando a cara de desprezo que o Keller tinha assim que entrei arrastando o gesso. Ele tinha me visto na porta, quando a Emma chorava nos braços dele e até soltou algumas indiretas bem estúpidas. — O que dizer com aquilo, Alexander? — cruzo os braços, fechando a porta do quarto só para não correr o risco de ninguém aparecer. — Você sabe que ninguém vai entrar no meu caminho, eu amo aquela maluca... Ela pode estar meio... — pigarreio — Magoada... Mas, vamos ficar bem! Estão vindo dois anjos por aí, eles são a minha redenção... — sorrio, porém logo desmancho, ficando sério — Então nem pense em intervir.

Mesmo meio abatido, Keller ainda conseguia passar imponência.

Ele riu.

Meio magoada? — gargalha como se estivesse em um show de stand-up — Presta atenção, Blake... A Emma aceita qualquer coisa, mas mentiras é algo que ela abomina. Sabe o que é ter péssimas experiências com situações desse tipo? Ela tem. Por causa de segredos e omissões entre família, ela perdeu o tio e o primo desapareceu, então... — ergue as sobrancelhas e eu abro a boca, perplexo — Mentir é um ato que a deixa perturbada, que quebra a tão sólida confiança que ela tem em todos.

— Como assim "perdeu"? — pergunto.

— Ele morreu, Blake — explica e eu me apoio na parede. Eu mal sabia que ela tinha primos homens — Você pode não conhecer a família dela, mas eu conheço. E se você acha que a Emma é maluca, é porque não viu a mãe dela, as tias e as primas. Elas são surpreendentemente fora do padrão e capazes de qualquer coisa para se protegerem. A força é o sobrenome das Wither's...

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora