Capítulo 36 · Emma Karson ·

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— Quer dizer que você mata para preencher um vazio dentro de si?

Yuri se engasgou com o whisky e me lançou um olhar de "eu não acredito que perguntou isso".

— Como assim, Srta. Karson?

Solvei o conteúdo da minha taça de maneira lenta. Tinha pedido um Martini e o álcool levemente adocicado escorregava queimando de maneira gentil a minha garganta.

Apesar dos fatos, eu estava apreciando a companhia do Reich solitário. Conversarmos cerca de uma hora até ele sugerir que viéssemos comer. O que era um convite irrecusável, já que eu tinha saído sem provar do tempero da Martha. 

O restaurante era muito chique e apesar de ainda estar um pouco frágil, minha consciência estava voltando ao normal e, mesmo sendo estupidamente sexy, Yuri era um alvo.

— As pessoas normalmente não sabem lidar com a solidão. As tomam como inimiga, como se ela fosse a vilã da história... Eu mesma faço isso... — ele sorriu torto, tentando achar a minha mão em cima da mesa e, discretamente, esquivei-a, ajeitando o cabelo. — Não sabemos aprecia-la, não conseguimos entender que ficar só é a melhor maneira de se conhecer. De desvendar você mesmo. Procuramos maneiras de aparta-la, dança, música, escrita, assassinato...

Ele apertou os lábios, me encarando com aquele par de órbitas gélidas. Eu não sentia medo, era como se pudesse o compreender. Mas isso também não justifica as 87 pessoas que ele matou.

Bem, e essa é apenas a  quantidade que estimamos. A maioria era muito má, Yuri até nos ajudou a dar uma diminuída na população de "vilões", mas houve alguns funcionários, mulheres...

— Você quer outra lasanha? — perguntou e ergui uma sobrancelha, fitando ele.

— Não faça como o Blake. Pensei que era mais maduro que ele.

— E sou. — estufou o peito, parecendo orgulhoso.

Eu ri, era impressionante o quanto essa medição de paus entre os Reich e o "Eros" era grande.

E eu mediria cada um com muito gosto, viu.

— Não parece, querido. Você acabou de fugir do assunto como um ratinho assustado, exatamente como ele faz. — fiz um biquinho. — Pode contar, não fico impressionada com facilidade. — estalei a língua e aos poucos, um sorrindo foi crescendo nos lábios do Yuri.

Ergueu a mão, sem tirar os olhos de mim e eu fiz questão de virar o resto da bebida, lambendo os lábios.

Ele riu, dado várias notas de cem para o garçom.

— Vamos para minha casa. Agora.

Tirei o guardanapo do colo, rindo.

— Seria engraçado se eu te dissesse não? — me diverti com o rápido nublar dos olhos azuis.

Meneei a cabeça, enlaçando meu braço no dele e sorrindo de maneira charmosa. O tênis me deixava pouquíssimos centímetros mais baixa que ele. Nós saímos e algumas mulheres o comeram com o olhar. 

Assim que chegamos do lado de fora, ele apertou a pequena chave digital e meu olhar caiu no veículo a metros de mim, senti vontade de abraça-lo.

— Puta que pariu!!! — exclamei, arrodeando o Jaguar. — Mas nós viemos num carro de passeio simples...— tentei raciocinar.

O sorriso dele era deslumbrante.

—  Fiquei sabendo que seu amor por carros de luxo é grande e que adora velocidade, então... — estendeu a chave e eu ri, negando com o dedo. Tinha outra coisa em mente e era um pouquinho mais legal que dirigir o lindo e perfeito Jaguar.

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora