Capítulo 55 · Gabriel Blake ·

4.3K 606 48
                                    

A minha ficha ainda está caindo.

Foi ela.

O tempo todo.

Me enganando, pegando todas as informações...

Envolvendo todos numa atmosfera de "familiaridade", criando uma ilusão e me induzindo a confiar nela. Eu estava disposto a perdoá-la por ser uma Agente, por ter armado para me prender, — até por que ambos sabíamos que, talvez, possa ter nascido algo bonito entre nós.

Porém, ela me roubou. 

E mentiu.

Foi ela que me destruiu a cinco anos atrás e fez questão de voltar só para ver de perto o estrago que causou. Encarar e desfrutar o que a culpa e o sentimento de não ser competente me tornaram.

Emma Karson era minha salvação e só me jogou no poço mais fundo que encontrou. 

Contudo, agora entendo o porquê de chamar as duas semanas que passamos juntos de 7 Prazeres Capitais. 

Ela é a maldita criatura que vai me arrastar para o inferno. 

Cobrou pecado por pecado e agora chegou a hora da minha penitência. 

E pensar que eu iria fugir com essa mulher!

— Vamos, 98547. O advogado que solicitou está lhe esperando— um dos carcerários aparece na porta da cela, me chamando pelo meu novo nome: O número da matrícula nessa prisão de segurança máxima. 

Solto o ar, encarando a cara feia de quem, com certeza, está trabalhando ali com o maior mal gosto do mundo. Na verdade, sinto isso quando ele prende as minhas algemas numa espécie de cinto e faz questão de apertar o máximo que pode, sorrindo de um modo sádico.

Aperto o maxilar, rangendo os dentes com a dor e ocupando minha mente com devaneios. 

Se eu iria matar o Enzi? 

Sim, queria que ela sentisse na pele como é perder algo que realmente importa. 

Mas a única coisa que não entendi foi porque ele iria deixar isso acontecer. 

 Eu o vi cortar a garganta de uma mulher armada com uma AK-47 que poderia ter disparado se caísse de qualquer jeito no chão. Não foi algo passional, foi frio e calculista, como se ele apenas tivesse indo no caixa eletrônico ou fazendo compras. Automático. E quando aproveitei a distração e pressionei a arma contra a cabeça dele, Enzi apenas soltou a faca e ficou imóvel. 

Como se quisesse morrer. 

Todavia, eu fui preso. Um filho da puta metido a besta apareceu do nada, atirando na minha coxa e salvando todo mundo. E até eu também — talvez acabasse me arrependendo depois, afinal, não sou um assassino — mas, eu vi algo ao ele olhar a Emma. Não só isso, ainda tinha uma faísca entre eles e o olhar homicida do Enzi em cima dele.

Olhar que eu recebi ao levar uns socos ontem.

O que significa que a maldita Karson pegou até o próprio Diretor da Agência. 

Ao chegar na sala de visitas, fico há milésimos de dar meia-volta.

— Richards? O que está fazendo aqui? — reviro os olhos ao ver o óculos de grau falso, pendendo no nariz e um dos meus ternos sóbrios e caros. Era o meu Dolce e Gabbana preferido. — Desde quando é advogado? E por que diabos está usando o meu terno sob medida? — xingo, cruzando os braços. 

Os olhos mel dele não transmitem raiva, porém, escorregam até o curativo na minha coxa. O tiro que levei ao tentar matar a única que, aparentemente, importava para a Emma. 

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora