Capítulo 47 · Gabriel Blake ·

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— A gente tá completamente fodido e você está escutando o tema de Narcos? — A voz do Phill soa longe e eu não faço questão de respondê-lo. Enzi estava dirigindo e, atrás de nós, vinham mais três carros com os meus seguranças e equipamentos necessários para desaparecer do radar da Emma durante alguns dias. 

Meu é plano é achá-la, fazê-la encontrar o rubi e depois fugir com ela para algum canto sem a jurisdição da agência.

Não importa quem a Karson seja ou para quem trabalha. Ela realizou uma proeza que nenhuma das garotas com quem me relacionei em todos esses anos nem chegou perto: 

Me fazer sentir algo além de atração sexual.

E o mais é engraçado é que ela usou o sexo contra mim. A área onde eu me digo tão perito e que ao menos pude mostrar do quê sou capaz, porque Emma me dominou em cada dia. Até quando brigamos e eu a fiz provar a "luxúria". Ela teve a coragem de entrar na minha casa, mal sabendo se tinha me tornado um homem ruim, fez um contrato para dormir comigo e me deixar apaixonado pela a agente que futuramente iria me prender. 

Devo admitir, foi uma baita estratégia. 

Mas, felizmente, não contou com uma única variável:

A paixão dela por mim. 

Porém, tenho que dar o braço a torcer e dizer que se ela não fosse a minha Emma Karson, — a garota que conheci quando era um moleque espinhento —, não teria pensado duas vezes e a entregue aos Reich para eles fazerem o trabalho sujo. Afinal, se tem alguém que odeia mais os policiais que eu, são eles. Já que os pais foram mortos por um grupo de agentes corruptos do FBI que se recusavam a aceitar o fato que eles eram mais inteligentes e entre outras coisas que não vêm ao caso agora. 

— Sr. Eros, passou o detector? — Enzi me trás de volta para a realidade e noto que o carro está em um completo silêncio. A música já tinha acabado e o barulho dos meus pensamentos é que não estavam me deixando em paz. 

Olho para ele e solto o ar, aquiescendo minimamente. 

— Três vezes para ser mais exato. — Faço careta. Odiava toda essa agonia, eu estava usando um anel com um bloqueador de qualquer sinal externo e no banco de trás tem uma caixa (sim, uma caixa!) de celulares pré-pagos que o Phillip me fez trazer e sem questionar, porque ele é o "especialista em informática". 

— Não quer passar mais uma vez, não? — Praticamente rosno para o Phill, que dá de ombros. — Só por desencargo de consciência. Enfim, qual o plano além dessa aposta maluca que, com toda certeza, vamos perder? 

Bufo.

— Dá pra ter um pouco de fé em mim? — Resmungo e ele explode em risadas. — Tá rindo do quê, idiota? — Me viro para fitá-lo e Phillip meneia a cabeça diversas vezes, olhando para a tela do notebook. 

— Não me peça para ter fé depois de jogar o nome "Emma Karson" no sistema, Gabriel. — Os olhos claros do meu amigo estavam quase soltando das órbitas. — Ela pegou os Cuervo enquanto estava conosco! — Geme e eu quase me engasgo com o próprio ar que estava respirando. Deve ter sido no dia do cofre, por isso que ela demorou e chegou tomada banho. Emma me usou de pretexto. — Não é melhor nos matarmos logo? 

Ignoro o acesso de medo que ele está tendo e solto o ar.

— A ficha dela é extensa? 

Phill assovia.

— Extensa? — Ri com ironia. — A mulher já pegou gente em cada canto desse mundo... Até no Egito! Tem certeza que quer fugir dela? Porque tem um alerta enorme para que qualquer agente que te v... Merda! — Ele para de falar do nada, digitando rapidamente. 

— Continua! — Peço, agoniado.

— Estavam perto de rastrear o meu endereço de IP! — Xinga, beijando o notebook e abre a janela. Eu não entendo o que vai fazer até que joga o aparelho na estrada e me olha, quase chorando. — Me fizeram sacrificar o meu preferido, prometa-me que vai fazer ela sofrer! — Diz de modo dramático com direito a mãozinha no peito e olhar sofredor. 

Reviro os olhos. 

 — Se seu pai souber o que está acontecendo e que não tomou as devidas providências... 

— Ele está nas Bahamas e nem sonha com isso tudo, Phill. 

— Como se ele não fosse desconfiar das férias repentinas e inéditas que deu a Martha... — Bufa e pressiono os lábios com força. — Das duas uma, ou ele vai pensar que você casou sem avisar, ou que a sua babá está muito doente pra ficar com você.

— Ela não é minha babá. — Resmungo. 

— Que providências deveria tomar na vista do Sr. Blake? — A voz grossa do Enzi soa e me faz olhá-lo. 

— Na concepção do meu pai? — Olho pela janela. — Já estaríamos enterrando o corpo da Karson e da Superior dela, só pra não ter a chance de ninguém vir atrás de nós. — Ele faz uma curva, revelando a frente da minha casa de campo. A chance da Emma descobrir era enorme, porém, ela vir aqui são outros quinhentos. Provavelmente sabe que estou com todos meus seguranças e minhas armas. 

Chegar aqui sem um plano e estratégia formados seria como pedir para ser morta. 

E, como no nosso trato, se eu a achar e ela não quiser fugir comigo.

Ambos morremos. 

— Ela prometeu que iria morrer também? — Enzi questiona, com uma expressão surpresa dominando todo seu rosto. 

— Eu sei que Emma nunca vai querer fugir comigo, mas vou dar um tempo para ela decidir, talvez a mantenha presa em algum lugar, só pra pensar... — Ajudo ele a tirar algumas malas do carro. Enzi parece desconfortável e eu sei o porquê. Afinal, ele também aparenta estar apaixonado pela agente Karson. — Falando na nossa mulher disfarçada, como está reagindo à tudo isso? Saber que ela enganou todo mundo para poder me prender? 

Enzi solta o ar com força, parecendo magoado.

— Estou tentando levar, chefe. — A voz dele carrega um pesar enorme, mas, seus olhos demonstram tranquilidade. Semicerro meu olhar, o analisando, porém desisto. Enzi devia estar tentando mascarar a dor e deixando a face tranquila para não me desequilibrar. Trabalho de segurança. 

Bato no ombro dele.

— Pois tente mesmo, porque só vai piorar. 

Ele me olha sem entender o que falei.

— E tem como ficar pior que isso, senhor? — Pergunta e eu dou um pequeno ar de riso, aquiescendo de maneira positiva. A tendência não é melhorar, é apenas piorar a cada minuto. 

— Tem. Porque se a Emma não quiser fugir conosco, serei obrigado a matá-la. — Digo e entro na minha casa, rezando para que essa última previsão nunca, mais nunca seja realizada.

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora