Penúltimo Capítulo 95 . Emma Karson .

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   Se, um dia, alguém tivesse me dito que ter dois bebês em parto normal era como arrancar— literalmente — uma parte de si a força, parecendo que estão puxando as suas entranhas, eu teria aceitado a bendita anestesia e até ameaçado a Doutora para fazer uma cesária. 

   E o Blake, como esperado, desmaiou antes de ver nosso garotinho. No momento, ele estava em uma maca ao meu lado, sendo monitorado.

  — Só mais um pouquinho de força... — ela pediu e eu arfei, clamando que o meu corpo ainda aguentasse, grunhi e escutei um choro, o segundo.. As minhas lágrimas vieram junto. Meus filhos tinham chegado a esse mundo, bem e saudáveis. — Aqui estão... — duas enfermeiras se aproximaram com eles no colo, estendi o braço, segurando com cuidado.

Os meus gêmeos. 

A minha garotinha e o meu lindo rapazinho. 

Dois Karson-Blake. 

De um lado, a minha lindinha só resmungava, sem chorar. Sua pele extremamente branca e vermelhinha, a boquinha em forma de coração e alguns fios negros como o do pai. Era linda. Olhei para o meu garoto, sorrindo largo, ele chorava e mexia as mãos. 

Ele era idêntico a irmã. Só aparentava ser mais escandaloso...

Por que estou com tanto sono? 

  — Senhora, tem que repousar... — a enfermeira apareceu novamente. — Temos que cuidar deles... 

Resmunguei, tentando lutar com o sono, mas não dava.

Assenti, vendo-as levarem as minha duas joias embora, porém não antes de segurar a mão de uma delas. 

— Cuidado, eu ando muito bem armada — bocejei, apontando. 

Ela sorriu, balançando a cabeça.

—  Nós sabemos, Sra. Karson. Agora descanse. 

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— COMO EU CHEGUEI AQUI? ONDE ESTÃO OS MEUS FILHOS? 

Me sobressaltei, despertando com um Blake bem assustado. Levantei a mão para coçar os olhos, porém estava com uma espécie de soro. Devia ser algum tipo de medicação. Suspirei, na espera de que ele notasse onde estava. 

Blake olhou para o lado, semicerrando os olhos. 

  — Emma? Você está bem? — perguntou. 

Afirmei.

— Estava bem e dormindo que nem um anjo antes do seu ataque de pelanca — resmunguei, me ajeitando na maca. O quarto todo era chique, mas ainda tinha aquele fedor de hospital. Urgh. — Você desmaiou no meio do parto e tiveram que enfaixar a sua mão, pelo que parece, eu meio que quase quebrei dois de seus dedos... 

Ele meneou a cabeça.

— Isso eu já sabia.. — enrugou a testa. — Falando em dedos... Você já contou ao pessoal o nome dos gêmeos? 

Ri. 

— O que isso tem haver com aquilo? 

— Contou? 

— Não. Por quê? 

Gabriel deu de ombros.

— Vai ser legal ver a cara deles de surpresa... Afinal, onde estão? 

— Quem? — eu acho que o remédio me deixou meio lerda e fez o efeito contrário no Blake...

— Os meus filhos, ué! Eu não os vi! Minha garotinha é linda? E o chef? É parecido comigo? Bonito pra caramba? — desatou a perguntar. Comecei a gargalhar, como eu me envolvi com um cara tão maluco?  — Eu vou lá, eu quero v...

 — Acho que não vai precisar... — comemorei, vendo as enfermeiras chegarem com as duas coisinhas mais lindas e importantes desse mundo. —  Meus bebês! —  estendi o braço, e a loirinha sorriu, me entregando a minha menina. 

  — Eles precisam mamar, então revesem. Enquanto ela dá de mamar a garotinha, brinque com ele e depois o contrário, certo? — a morena mais velha perguntou e eu aquiesci, ocupada demais para olhá-lá e encantada demais com a beleza da minha filha para sequer lembrar de alguém dentro do quarto. 

 Até escutar o fechar da porta e uns soluços baixos.

— Você é muito lindo, filho... — o ouvi murmurar — Tão frágil, tão puro... É difícil acreditar que você foi algo que eu fiz... — continuou e eu suspirei. Também compartilhava a mesma ideia. Era quase inacreditável que eu tinha sido capaz de dar a luz a dois bebês tão lindos. 

— Eles são nossos, Blake. — murmurei, resmungando um pouco enquanto ela mamava. — Obrigado por isso. Por esses presentes, por me dar as duas coisas mais importantes do mundo. Agora eu tenho os dois homens e mulher da minha vida bem pertinho. 

  — Olha, eu sei que não sou muito de fal... —  ele estava corando? 

Sorri.

— Eu também te amo. 

— Me surpreenderia se você não soubesse o que estou pensando... — Blake baixou a cabeça, sorrindo torto. — Eu te amo. E amo eles mais que a mim mesmo, mais que qualquer coisa — sorriu para o nosso garotinho e fez uma pequena careta ao me ver com ela nos braços — Já estou com ciúmes dos caras que vão cair aos pés dela. É linda como a mãe. 

— Eles não tem nada de mim, são a sua cara... — revirei os olhos, sorrindo. 

— São lindos, eu sei.. —  por que tão convencido, Deus? 

— Olha aqui, seu... — reclamei.

— CHEGAMOS! — a voz da Melina irrompeu o ambiente e eu sorri. — Trouxemos balões, ursinhos e muito amor! —  foi entrando calmamente, atrás dela, Yuri e Igor sorriam, cada um com um urso polar de pelúcia segurando uma plaquinha escrito "gelo" e outro, "gelinho". 

  — Nós também! — Parker se anunciou, segurando um monte de balões e o Phil, arrastando o que parece ser um tipo de puff gigante feitos de ursinhos das mais diversas cores — Deixa aí, Richards — abanou a mão e ele sorriu pra ela. Os dois se completavam. Phill venerava a Lorelai e ela o matinha na linha, sem lerdices, só com as parafernalhas tecnológicas.

— AHHHH! Uma poltrona gigante feita com ursinhos de pelúcia! —  Gabriel bateu palmas e eu ri. 

— Temo que esse presente seja mais para o pai, do quê para os filhos... — meu coração reagiu àquela voz e eu me recriminei mentalmente. Não podia pensar assim. — Eu também trouxe algo... 

— Keller, amigão! — Blake se levantou, arrancando o soro para cuprimentá-lo. Confesso que se ele soubesse que ainda reajo de forma esquisita ao ver o Alex, tentaria estrangulá-lo e não apertar sua mão. Afinal, é aquela coisa... "o primeiro, a gente nunca esquece" — Você já viu o meu garotão? — apontou para o meu menininho que a Melina ninava, enquanto a Parker estapeava o Phill que tentava não mordê-lo. — Olha, as minhas meninas... — Gabriel estava estupidamente orgulhoso, dava para sentir de longe. — Não são lindas?!

— Duas preciosidades, meu caro.   

Olhei para baixo, prestando atenção nos olhinhos ainda meio fechados dela.

— Falando nisso, quais são os nomes? — uma voz grossa e conhecida me fez sorrir.

— PRINZ! — comemorei. — Você veio!   

— Meu Deus, ela é tão linda quanto você, Paka! — se comoveu, fitando minha filha. Enzi tinha conseguido superar tudo que havia acontecido e eu também. Estávamos bem. — Espero que o garoto não puxe ao pai — sussurrou e eu gargalhei.

— EI! — Blake resmungou. 

— O nome do garotinho? — Igor perguntou, pegando gentilmente meu filho no colo. Eu o confundiria facilmente com um anjo protetor. 

— Alec.

— E a menina? 

Eu e o Blake nos entreolhamos, o sorriso não cabia em nossos rostos. 

Por que não terminar a história, com o seu começo? 

— Ruby. 

7 PRAZERES CAPITAIS - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora