Luna.

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- Bricia...

- Luna, eu sou a Luna. Bricia é passado. - falei, irritada. - Eu nem sei se isso pode ser verdadeiro. Eu não lembro de nada. - funguei. Ela tentou me abraçar, mas me afastei.

- Eu acredito em você! Eu sinto que você é a minha filha, aquele miseravel foi o culpado de tudo. - solucei. - Acalme-se!

- Vou ficar calma se você não falar mais comigo. Eu odeio a sua voz, eu odeio lembrar da voz daquele homem e o quanto ele te odiava, eu tinha que escutar sempre o maldito áudio todos os dias. - fechei os olhos e tapei os ouvidos. As lembranças começavam a invadir a minha memoria. - " Muitas pessoas trabalham muito, muito duro por seus sonhos...mas isso não é para qualquer um."

" É por isso que você usa auto-tune e eu não."

" Eu odeio essa voz! Eu odeio quando ele bebe. Eu odeio quando ele vem aqui embaixo"

Repeti e senti seus braços me envolverem, chorávamos. Ela soluçava, me pedia perdão. Ela tremia, seus braços me apertavam e sei que ela estava tentando fazer o que não conseguiu anos atrás: me proteger.

- Ele irá pagar por tudo.

Mesmo sentindo a dor em meu peito, eu suspirei um pouco, era uma sensação de alivio.

- Está sentindo algo? Não se machucou?

- Estou bem, senhora...

- Demi...

Dei de ombros e me separei da mesma, encostei minha cabeça na janela e fiquei observando a cena.

- Vamos ao hospital mais próximo.

- Pra?

- Preciso saber se está realmente bem...

- Estou...

- Pense no seu filho. - ela tocou a minha barriga.

- Ok. - suspirei.

Retirei sua mão dali e coloquei as mãos onde estava a dela antes. Ficamos em silêncio, ou quase; ainda podia ouvir seu choro baixo e alguns gemidos.

Minutos depois ouvimos aquele barulho irritante de sirenes de policiais e ambulância.

Demi saiu do carro e pediu que eu ficasse no carro. Abaixei o vidro e tentei ouvir o que conversariam. Porém, o barulho não me permitiu.

Vi o colocarem na ambulância e  ele estava bem machucado, o que me fez lembrar do estado em que a Demi estava. Mas eu não podia sentir nada por essa mulher, nem mesmo compaixão.

Eu só tenho que odiá-la.

RAPTADA / 2 TEMPORADA.Onde histórias criam vida. Descubra agora