Demi

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O rio cada vez mais ficava agitado, o que estava me deixando com muito medo, Lucy e o soldado pararam de remar e se seguraram, Lucy falou que eu me segurasse forte, pois havia um problema.

- Qual?

- Uma correnteza está nos levando e provavelmente há uma descida logo á frente.

- merda! Você estava certa, todos estavam certos e como sempre eu errada.

- Demi...agora não adianta se desesperar, já estamos aqui e só o que temos que fazer é nos manter calmos, é um apoiando o outro.

- mas...

- Demi, eu não vou deixar nada acontecer com você, Christian nunca me perdoaria, e eu também nunca me perdoaria.

- Isso é um pedido de desculpas? – ela revirou os olhos, e sorriu.

- Pode ser.

- Também quero te pedir desculpas.

- De boas!  Agora vamos ser fortes, não é? Quero que segure o mais forte que puder, entendeu?

Assenti, senti ir cada vez mais rápido e se eu ficasse calada, eu explodiria, comecei a cantar e gritar algumas vezes, Lucy acabou me acompanhando, e o soldado estava nos olhando como se fossemos loucas.

- Demi não olhe pra trás, ok? Quero sua melhor nota agora.

Dessa vez, eu seria obediente. Não olhei para trás e fiz o que eu sabia fazer de melhor, até sentir aquele frio gigante na barriga, a sensação de cair era terrível, era como se tivesse em uma montanha russa, mas sem segurança. Me agarrei mais ainda aquelas cordas e fechei os olhos, eu não sei o que saiu depois disso, só sei que minha garganta ardia.

Quando abri os olhos, percebi que estava dentro da agua, algumas coisas estavam espalhadas pela agua, ouvi a voz de Lucy, ela chamava por mim e o soldado. Nadei até a mesma e percebi que ela estava machucada, estava apoiada em algumas pedras, e o bote também.

- Ainda bem que está a salvo.

- O que posso fazer pra te ajudar?

- Primeiro...  eu quero que vá atrás do soldado, ele acabou caindo antes mesmo da gente. 

- ok, eu vou procurar. Não se mexa!

Ela assentiu, fui a procura dele e enquanto o procurava, eu agarrei a mochila de mantimentos, tudo havia se espalhado, eu precisava pegar o máximo de coisas possíveis. Nadei, quase perto a descida e não o vi, o chamei e nada, vi a bolsa do mesmo e nadei até lá, o puxei e quase morri de susto ao ver o soldado, ele estava machucado - um grande corte na cabeça, e já não se podia notar ele respirar- meu corpo todo tremia, eu não queria acreditar que ele estava morto. O que eu faria? Meu Deus!

- Pensa!

A minha única atitude foi de levá-lo até onde Lucy estava, e fiquei um pouco aliviada quando vi Arizona, ela cuidava de Lucy, o outro soldado,  logo, me avistou e veio ao meu encontro e pegou o corpo do soldado. Lucy e Arizona ficaram sem reação, por alguns segundos. O soldado o colocou no bote, e logo entrou no mesmo, abriu a bolsa e pegou um saco, abriu o saco e colocou por cima do cadáver. Arizona havia se recuperado do choque, mas não falou nada, só ajudou Lucy com seu ferimento e a colocou no bote.

- Temos que seguir. 

- Mas...

- Ande,  Demi!

Entrei no bote, todos ficamos calados. Seguimos o nosso destino e com poucos mantimentos, eu estava completamente perdida, eu só queria que tudo isso acabasse logo, que chegássemos rapidamente ao tal lugar que Arizona disse, pegássemos o Chris e chegasse em casa para que pudêssemos ser felizes e tudo acabasse bem. 

Não sei como, mas acabei dormindo, e de mal jeito. Acordei com Arizona me chamando e falando que andaríamos um pouco mais. Assenti, tiraram o corpo do bote e algumas coisas que conseguimos resgatar, ajudei a Lucy e ela me agradeceu, parecia abatida e eu não sabia o que fazer, talvez ficar calada ajudasse.

Andamos, andamos e ao longe avistei uma casa, tipo uma casa grande. Olhei para Arizona e ela sorriu de leve, então estávamos mais próximos de encontrar o meu filho. Eu só queria chegar logo e poder abraçar o meu Chris.

- Demi...

- Que houve?

- Você tá quase correndo. - ela sorriu, de leve. - Mas estou machucada.

- Oh, me desculpe!

- Tudo bem. Melhor você me deixar ir só, eu posso...

- Nada disso, eu quero que você esteja comigo quando for abraçar o nosso Chris.

- Não sei se ele vai querer me ver.

- Por que?

- Eu...eu o traí.

Paramos, eu não podia acreditar que ela tinha feito isso e ainda mais com o meu filho. Juro que eu estava com vontade de arrebentar a cara da mesma, mas sei que eu fizesse isso, meu filho não me perdoaria.

- Demi?

- Por que fez isso?

- Eu estava num momento complicado, eu e ele só fazíamos brigar, eu estava bêbada...eu sei que isso não justifica, eu errei. Eu sinto muito. - ela começou a chorar, e sei que ela estava sendo sincera. - Foi minha culpa tudo isso. Se ele não tivesse viajado...

- Olha, eu não vou negar que eu queria te jogar no chão e quebrar sua cara, mas você não pode se culpar por essa tragédia, aconteceu. E eu nem posso te julgar por nada, afinal também errei muito. 

- Eu realmente sinto muito.

- Aconteceu, agora vamos focar no que está por vir. 

Ela assentiu, continuamos andado e toda vez que chegávamos perto do lugar, meu coração acelerava, era uma mistura de sentimentos: ansiedade, medo, alegria e entre outros que eu não sou capaz de descrever.

- Ta pronta? - Arizona perguntou.

- Sim.

Ao entramos pela porta, eu me deparei com pessoas feridas, mutiladas, ou seja,  em grave estado. Arizona tomou a frente e foi falar com uma moça, e a segui, ela perguntou algo do qual não entendi, Arizona a respondeu e entendi que era o nome completo do meu filho, a moça olhei em uma prancheta, e segundos depois negou. Arizona insistiu e nada, a mulher negou e deu as costas.

- Não pode ser,  Ari. Meu filho tem que está aqui! - falei agitada, praticamente gritando.

- Demi, acalme-se! Eu vou resolver algumas coisas...

- Eu não posso me acalmar! Eu coloquei em vocês em perigo e pra nada?! não pode ser.

Saí dali, adentrando aquele lugar, correndo e chamando pelo meu filho, meu peito apertava a cada passo que eu dava, ele tinha que está ali, eu não podia desistir.

- CHRISTIAN.

Gritei, onde eu passava eu gritava cada vez mais, parecendo uma louca, mas eu não iria desistir, olhei alguns quartos e nada, dobrei ao fim do corredor e entrei em um quarto e procurei por todos os lados e não o vi, meus olhos já ardiam e meu choro saiu sem que eu pudesse controlar, me agachei, de joelhos e estava desgastada, eu havia falhado.

- Demi?

Ouvi aquela voz, e levantei a cabeça, olhei para o lado e o vi, ele estava usando moletas, estava mais magro, mas ele estava vivo, o meu filho estava vivo. Levantei e me aproximei, o abraçando fortemente.

-Eu te amo, meu filho! 

RAPTADA / 2 TEMPORADA.Onde histórias criam vida. Descubra agora