54. [Lacunas] Parte 39

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Não há nada que ele goste mais do que ouvi-la arfando e pedindo pelo amor que eles fazem, tão gostoso, tão sem pudor, tão concentrados em fornecer prazer para o outro.

E é... Diferente. Algo ali é diferente. Helena se rende por inteiro como poucas vezes aconteceu - não porque não quisesse nas outras ocasiões em que se amaram, também não é como se nas outras fosse menos prazeroso... Mas é que esse tipo de entrega, entrega involuntária de alma, vem de dentro, é profundo, é raro e é algo que vai além do desejo, do tesão. É daquelas que muitos passam a vida inteira sem receber ou sem dispor.

Acontece que, depois do que ouviu, é como se toda a parte negativa do passado se apagasse e Helena tivesse sido transportada para os primórdios da relação dos dois, para um tempo em que só havia amor e sonhos. Todas as declarações que ele vinha fazendo remontavam esse passado bom, traziam à tona o homem apaixonado e despido que ele sempre foi em seus braços... Mas ali, naquela água, ouvindo-o declarar a sua fidelidade diante de mais um pedido de casamento e, agora, inclusive falando sobre filhos - sobre os filhos que, como ele bem lembrou, eles sempre quiseram ter... Ah, diante de tudo aquilo, Helena se desmancha nas mãos de César e ele sente. Mesmo que ela não suplicasse para que ele a tomasse, ele saberia. Ele sabe, ele sente que Helena não quer controlar nada, não quer conduzir... O convite é para que ele a tome, a arremate, a domine, que faça com ela o que quiser, desde que a ame.

A essa altura, depois do beijo sôfrego que recebeu, da maneira provocante e lenta como Helena vinha conduzindo - escapando devagar, roçando os rostos com boca entre aberta, como quem está derretendo de desejo... Diante dela, diante daquilo, diante do chamado da mulher a quem ele nunca resistiu, a quem ele sempre pertenceu, César também não consegue mais se segurar. Mas ali, mais do que libido, ele sente amor. Aquele momento é singular, não há como explicar, mas eles sentem. O sexo dos dois sempre foi incrível, permeado de fogo, de toques, de malícia, provocações, gemidos e gozo sem fim... Mas ali, é diferente. Há uma vontade lúbrica de fundir o corpo dos dois em um só, de querer passar o resto da noite sem trocarem uma palavra se quer, só inundando um ao outro de sensações, línguas, beijos e fluídos; de transar calmo, devagar, com jeitinho, vendo o desfile de expressões revelar a perda de sentidos, ter apenas os gemidos como trilha sonora incansável...

Ele a toma em seus braços, eleva seu corpo e ela se senta sobre ele. As penas dela se entrelaçam em seu corpo e eles transam por incontáveis minutos na banheira. O membro de César se abriga como um todo dentro do sexo de Helena e os movimentos são curtinhos, todos conduzidos por ele, que a espalma nas nádegas. É César quem imprime o vai e vem abreviado, vagaroso; aquilo é maravilhoso e torturante para os dois ao mesmo tempo: para a Helena, ser preenchida o tempo todo, sem folga, com aquelas bombadinhas calmas, é um convite permanente ao orgasmo; este, a medida que se aproxima, também tortura César, que sente as contrações de Helena o fazerem latejar ainda mais.

Por isso, em dado momento, César ergue o corpo de Helena e a coloca sentada na área externa da banheira - parece até que ele age assim para se recuperar um pouco antes de continuar a devorá-la. Nessa nova posição, o corpo molhado de Helena se descortina com o escorregar das espumas e reluz devido a água que o envolve. Molhada de todas as formas, ela se insinua ali: quase sempre, ela se inclina para trás, deixando-se apoiada em seus próprios braços. César se envaidece ao vê-la aberta, submissa, totalmente devotada ao tesão... Ele sabe que fazer o que pretende é de uma sacanagem tremenda com ela, só que César não resiste, já que, estando de joelhos na banheira, os mamilos dela o convidam... E ele vai. Ele abocanha um dos peitos de Helena sem se quer toca-la e empurra o mamilo intumescido com a ponta da língua; Helena geme baixinho e para calá-la só por pirraça, ele sobe a mão pra afaga-lá no rosto; César contorna a boca com a ponta dos dedos e acaba tento o seu polegar encaixado entre os lábios dela, no qual ela passa a língua e morde, sem se conter. Lasciva, Helena arde diante de todo os estímulos recebidos, gemendo sufocado; César prossegue com o duelo em seu peito, morde com destreza, com cuidado, dando uma puxadinha no bico que prendia entre os dentes e encerrando essa afronta com uma chupadinha macia, molhada, quase em desculpa ao ato mais agressivo que acabara de cometer.

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