75. [Lacunas] Parte 60

159 8 6
                                    


*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão sem precedentes de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
- - - ♥ - - -

Não há como negar: há olhares. Leandro, sempre observador, viu nitidamente como, a cada avanço das irmãs Moraes por entre as mesas, alguns pescoços se contorciam para acompanhá-las. Houve quem se cutucasse para compartilhar a vista. César, claro, também viu... Só não repercutiria. Talvez por essa necessidade de manter uma aparente auto confiança, sem mostrar-se vulnerável... Ou por estar tentando equalizar os ciúmes. Helena chama a atenção, ele sabe e, de certa forma, gosta... Mas junto, vem o ciúmes. Tentando segurar, ele disfarçaria, mas Leandro repercute de forma divertida e eles se deixam levar.

Helena e Hilda se aproximam. Eles rirem como se cultivassem um segredo só deles... Cada uma se senta ao lado do seu par e estranham aquele risinho todo, aquela malícia entre eles, um olhar cúmplice...

Helena: O que os bonitos tanto fofocam?

Leandro tem uma crise de riso. César coça a testa e, batendo o copo chopp na mesa, é o cunhado quem prossegue com o papo.

Leandro: – Quase teve uma intercorrência médica aqui, vi que o César ia ter que entrar em ação.

As duas irmãs se surpreendem.

Helena: Jura???

César: – Hahahaha, Leandro...

Leandro: – Juro. Caso de torcicolite aguda para acompanhar os movimentos das madames.

Hilda vira os olhos e Helena suspira, rindo.

Helena: Eu não sei porque eu ainda pergunto... Juro que não sei!

Os quatro riem, César e Leandro riem ainda mais. Até que o médico, por fim, revela.

César: – Mas é verdade, eu vi. Naquela mesa ali... - César indica com a cabeça. - E naquela, pelo menos... O sucesso foi garantido.

Hilda: Não, mas eles não tiram os olhos aqui desde que a Helena chegou, eu também reparei.

Helena: Hilda!

Hilda: Mas eu vi, ué. Quer que eu fale que eu não vi? Eu vi, eu vi...

Leandro: – Tá vendo? Essa minha esposa é muito observadora.

Hilda: Eu vi, ora. E ela não facilita, veio vestida pra matar mesmo. Minha irmã, olha pra você, pelo amor de Deus...

Ela faz um gesto como se mostrasse Helena para ela própria. Há muito ali para ser pontuado mas, talvez, o ponto mais evidentemente notável e provocante é o decote. Ah, o decote... Ela sabe o poder daquele decote porque é também uma de suas partes preferias. E do César. Ela se veste pra si, mas também pra ele. Tanto que por incontáveis ocasiões os olhos dele foram parar bem ali, entre aqueles botões propositalmente abertos. Ele sabe e, por isso, complementa os dizeres de Hilda.

César: – Pra me matar, no caso. Essa semana ela já tentou de muitas maneiras, uma hora ela consegue. HAHAHA.

Referência clara a ocasiões que só os dois sabem que existiu: a primeira, ao domingo da despedida, antes da ida dele ao Congresso... A forma como Helena fez questão de dominá-lo desde o primeiro momento. A arrogância no olhar, a maneira como ela ceifava cada movimento dele, impedindo que ele a tocasse... O domínio perfeito, escancarando a sua vulnerabilidade, o equilíbrio perfeito entre gostar de ser comandada mas amar, adorar, excitar-se em comandá-lo também. Depois, a lembrança vai direto para os gemidos no telefone - os quais, muito depois, ele soube que se tratavam se Helena dedilhando seu íntimo, tal qual ele fazia. E por último... Ah, o combo do congresso! A chegada dela, a fenda, as provocações no elevador e a indelével voz dela anunciando que, meu bem... Olha. Só olha. Enquanto ela se dava prazer, enquanto ela, segura, sedutora, se tocava bem debaixo dos olhos dela, o comando de Helena é para que ele a olhasse.

Lacunas e Desfechos.Onde histórias criam vida. Descubra agora