62. [Lacunas] Parte 47

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Segunda-feira, 8 de Setembro.

Naquela manhã, César despertou ao lado de Helena após uma noite quente de carícias. Em casa, ou mesmo na clínica, vira e mexe ele sorri da loucura que foi receber uma ligação dela assim, no prelúdio da madrugada, e como foi automática a ânsia dele em sair correndo pra atendê-la. Sua permanência na clínica é breve, só orientações e burocracias para que ele pudesse se ausentar por todos os dias que precisava.

Helena, por sua vez, está tão radiante quanto os dias anteriores. Desde que o relacionamento deles começou a deslanchar, ela vinha desfilando sorrisos e autoestima por aí, mas nessas duas últimas semanas (pós festa e pós Gramado), esse clima todo era ainda mais perceptível, afinal... Aparentemente eles haviam se entendido, colocado mais coisas em pratos limpos, assumido a relação diante de quem quisesse vê-los e discutido temas importantes que dimensionavam quão sério era o compromisso que um desejava honrar com o outro.

Helena almoça em sua casa e, César, na dele. O voo dele sairá por volta as 15h00 e é quando está conferindo um item ou outro na mala, que o celular dele toca.

César:  Olha se não é a Bela Adormecida.

Helena: Nada de adormecida, meu bem. Já estou no batente desde cedinho.

César: Mas bela... Certamente.

Helena: Hu-hum. Já era para eu ter te ligado, mas não tive tempo e também presumi que você estaria na correria ajeitando tudo para viajar. Acordou tão cedo...

César: Caí da cama, ócios do ofício.

Helena:  Imaginei mesmo. Saiu quietinho, nem te vi levantar...

César: Queria ter me despedido a altura, a altura da despedida que você me proporcionou ontem, mas não ia acordar você as cinco da manhã, de jeito nenhum.

Helena: Hahaha, podia ter me chamado, seu bobo. Queria pelo menos ter te dado um beijo. Valeu a pena se deslocar para o Leblon no fim da noite de um domingo?

César: Com você... Fim da noite, início da manhã, madrugada, a tarde... Sempre vale a pena.

Os dois sorriem: ele, de forma doce e ela, envaidecida.

Helena: Já está me dando saudades suas, sabia? Vou nem permitir que a Maria troque a roupa de cama essa semana, só para dormir com o seu cheiro todos os dias.

César: Vai passar rápido, você vai ver. Volto antes do que você pensa para me vingar da tortura que a senhora me aprontou ontem...

Helena: Hum. Não vejo a hora...

César: Ah, é?

Helena: Uhum. Agora vou desligar porque sei que certamente você está preparando uma porção de coisas por aí. Só liguei para deixar um beijo, contar que eu vi  e amei o seu bilhete, desejar uma ótima viagem e dizer que eu também amo você. Boas palestras, meu bem.

César: Obrigado, linda. Te ligo quando estiver instalado no hotel. Também amo você... Se cuida, hein? Muito juízo enquanto eu estiver fora.

Helena: HAHA, pode deixar. Digo o mesmo, doutor César. Juízo, muito juízo.

E desligam. Cada qual cuida do que tem para fazer. Helena ainda curte um pouquinho Lucas antes de regressar ao trabalho e César, quando desce, por volta das 13h00, encontra os filhos de papo com a mãe.

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