59. [Lacunas] Parte 44

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Lorena: Helena? Helena, minha querida, é você?

César, que mal havia encaixado Helena em seu beijo, para de beijá-la e suspira fundo. Quase que em desabafo, ele tomba a cabeça para trás, fazendo uma graça, um draminha por ter, pela terceira vez no dia de hoje, um beijo interrompido. Helena ri, chacoalha o rosto de César pelo queixo e se levanta, indo para a área externa ver o que Lorena deseja.

Helena: Oi, meu bem.

Lorena: Ouvi música boa vindo daqui e pensei 'eba, alguém muito feliz chegou de viagem'. Como foi, minha querida? O Theo me disse no final de semana que você tinha ido passear. Foi com o César, é?

A essa altura, César, exibido como sempre foi e sabendo que Lorena já sabe sobre eles - assim como todo mundo -, aparece para marcar território. De certa forma, é como se ele quisesse mesmo se gabar por estar com ela, por tê-la; as ações dele são de quem quer esfregar aos quatro cantos esse romance. Prova disso é que mal dá tempo tempo de Helena chegar na parte de fora que ele a segue e caminha ao encontro das duas. César pega bem essa pergunta de Lorena e, se encostando por trás da amada, ele a abraça pela cintura, fazendo com que Helena pese contra o seu peito. Dominador, ele responde entre sorrisos...

César: Minha máxima culpa.

Lorena: Ah, meu deus! Eu não acredito. Vocês dois de romance e eu aparecendo para estragar tudo, não é? Não passou pela minha cabeça que você estava acompanhada, minha querida! Que indelicado da minha parte, finjam que eu não estou aqui.

Helena: Lorena! O que é isso? Para de ser boba. O que você está fazendo agora?

Lorena: Eu? Uma porção de nadas, minha querida. HAHA! Estava para abrir um vinho, na verdade, ouvir uma boa música...

César: Bom, a vantagem é que aqui... A garrafa já está aberta...

Helena: Eu ia fazer o mesmo convite. O portão está sempre aberto para você, você sabe...

Lorena: Ai. Vocês têm certeza? Não estou atrapalhando, não? De repente vocês querem namorar, não é mesmo...

Helena ri alto e apoia uma de suas mãos sobre a mão de César que a domina pelo ventre; ao mesmo tempo, ela inclina o rosto para trás, ajeita uma mão em sua nuca e o beija na curva do pescoço; ele arrepia. Só depois desse chamego é que ela se atem à fala da ex-cunhada.

Helena: Hum, namoramos muito no final de semana, meu bem, fique tranquila.

Lorena: Ah é, é? Estou vendo, o sorriso de vocês está excelente, dá para saber de longe que a viagem foi muito, muito produtiva.

Os três riem e, por fim, Lorena se convence de juntar-se a eles. Todos se acomodam na sala do pavimento superior: o casal se aninha no mesmo sofá, agora com César sentado lado a lado com Helena. Ele passa um braço pelo seu ombro e ela fica recostada em seu peito; uma de suas mãos repousa sobre as pernas dele, carinhosa, bem de casalzinho. Lorena senta-se de frente para os dois, em uma poltrona.

Lorena: A Hilda disse que vocês viajaram de última hora.

Helena: De última hora? Hahaha. Última hora é pouco! Essa criatura apareceu perto do horário do almoço para me comunicar, me intimar...

César: Que exagero...

A voz dele é rouca, os olhos estão cerrados e o sorriso dele para ela dá um charme tão gostoso à tudo o que ele diz que, naquele momento, a conversa flui entre os dois, como se cada palavra fosse um flerte; eles permanentemente se esquecem de que estão circundado por mais pessoas.

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