109. [Lacunas] Parte 94

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*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão sem precedentes de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
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Ainda é domingo em Itatitiaia. Sete horas, oito horas, nove horas e... Helena abre os olhos. Ela sabe onde está, sabe com quem está, sabe o porquê estão os dois ali e sabe, principalmente, o porquê da canseira, da moleza, da preguiça... Ela abre um sorriso e junto, um suspiro dado de olhos fechados por lembrar como fora retirada da cama algumas horas atrás. Como em uma reprise, ela se lembra dos insistentes 'vem comigo' proferidos por ele para retirá-la da cama e convencê-la a esperar mais um pouquinho, a colocar o tesão de lado para ser celebrado minutos depois. Se lembra de como foi ver a manhã escura e o vento gelado beijar sua pele nua enquanto ela desfilava livre pela sacada... Morde os lábios ao sentir, lembrando, o mesmo arrepio bom que sentiu quando o corpo quente dele a agarrou pelas costas sem dizer nada... Na ocasião, César só encaixou a palma das mãos na parte frontal da coxa dela, a puxou contra ele e moldou o abraço em uma junção perfeita. Beijos, carinhos, sussurros, risadinhas ao pé do ouvido e a declaração. Ah, a declaração!

César é do tipo que se declara - tudo bem, nenhum segredo aqui. Ele se declara até mesmo quando não quer se declarar; tentando fugir do amor de Helena, ele se declarava. Para esquivar-se dela, ele disse que preferia não tê-la visto nunca mais, porque, assim, ela não vivia dia e noite na cabeça dele, como desde que se reencontraram e que esquecê-la, ele jamais conseguiu. Quer declaração de amor maior que essa? Bom... Tivemos. Tivemos várias, várias delas: verbais, veladas ou com gestos. E a dessa manhã juntou todos os tipos em uma só. A analogia feita por César parece ter pegado a beleza dos livros de poesias e misturado com a imensidão de vivências que eles possuem para chegar na medida perfeita daqueles dizeres de promessa, pedido e compreensão. Você é como o sol pra mim, ele disse. E deu o anel. Vestiu o anel. Vestiu a manhã de amor e fizeram, como provavelmente será de praxe, amor a noite toda.

E acho que é a satisfação e o prazer daqueles longos minutos de amor que a fizeram acordar com esse sorriso bobo que Helena ostenta nos lábios agora quando, sentada sobre a cama completamente nua, se vira para olhá-lo. César dorme profundo, dorme relaxado; tem um jeito de quem não vai acordar com qualquer coisa... Nem o vento que adentra pela sacada e se choca com as costas parcialmente a mostra, o despertam. Helena não resiste e passa as costas do dedo indicador de levinho pela bochecha dele em um ato de admiração, de amor.

Por fim, se levanta ainda nua e caminha direto para o banheiro da suíte por eles ocupada. Uma ducha quentinha por minutos incalculáveis e ela sai igualmente sem demora: se atém aos demais cuidados, faz a tradicionalíssima hidratação das pernas, seca o cabelo com a toalha e o penteia de forma simples e casual, deixando os fios molhados secarem ao sabor do tempo e desenharem o traçado que originalmente possuem. Por último, Helena enrola uma toalha em seu corpo e sai do banheiro.

Primeira constatação: vento frio, muito frio. Se antes essa brisa não incomodava devido ao aquecer das cobertas, o calor do corpo de César abraçado ao seu ou ao fogo que os consumiu naquela transa memorável, agora incomoda. Talvez seja porque ela saiu de um ambiente todo aquecido pela água e seus vapores, sendo acometida por um contraste térmico ao retornar para o quarto... É isso o que ela pensa, por sinal, tanto que ainda embrulhada na toalha, vai direto para a sacada e fecha as duas folhas da porta, brigando um pouco com a corrente de vento que torna esse ato um pouquinho mais difícil que o natural, exigindo de Helena a aplicação de força. Mas ela consegue, consegue, sim... E quando se vira, acredita?

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