46. LACUNAS, parte 031

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*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão sem precedentes de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
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Vendo Helena vestir sua camisa, César sorri também, saudosista: vem logo à cabeça a Helena menina, a Helena mulher que por infinitas vezes usou de suas roupas após longos momentos de amor. Ela parte para buscar o vinho; nesse meio tempo, César também se recompõe, veste sua cueca e volta a se sentar no chão, esperando por ela - que chega com o vinho e uma tábua com alguns petiscos. Ela serve os dois e se senta ao lado dele...

Helena: Hum... De repente, me deu uma fome.

César: Ah, é? Eu nem imagino o porquê.

Helena: É, seu sem vergonha?!

Eles dão um selinho rápido e Helena logo volta a sua atenção para o prato na mesa de centro que está na frente deles, procurando algo para comer. César faz a mesma coisa e fica, de certa forma, surpreso com o que vê porque Helena havia preparado tudo com as coisas que ele mais gosta de comer e ele sabe que isso não foi por acaso, que é mais uma atenção dela. Vendo os cuidados e surpresas preparados desde a sua chegada, ele percebe de pronto que cada item ali presente é intencional, que Helena foi resgatar das memórias de 20 anos atrás os seus gostos. Ele se enche. Quando ela vê a expressão em seu rosto, ela decifra exatamente seus pensamentos e, exibida, questiona, sorrindo:

Helena: Acertei?

César pega uma de suas mãos, leva até a altura do seu rosto e beija, galanteador:

César: Em cheio. Como sempre.

Helena usa essa mesma mão para afagar o rosto de César e, em seguida, retorna para comer, beliscando um queijinho ou outro. César chega mais perto, senta encostadinho, até belisca alguma coisa por conta própria também, mas fica predominantemente com o tronco mais afastado da mesa, encostado no sofá, porque gosta dos mimos que ganha, pois vez ou outra Helena leva comidinha em sua boca. Ele está tão envolto naquela névoa de amor que, apaixonado, ele a chama.

César: Vem cá...

Ele pega uma almofada do sofá e coloca em seu colo, ajeitando tudo e indicando para ela deitar ali, junto dele, no colo dele. Helena toma o último gole de vinho, deixa sua taça e o atende. Ela se deita e César a observa em seu colo, com o corpo a mostra, as pernas nuas, o colo todo visível, um sorriso no rosto, linda e inteira ali, pra ele. César olha ela sério por um longo período e Helena não deixa de encará-lo. Ficam nessa troca, em silêncio, com a música de fundo, até que ela o questiona.

Helena: O que foi?

César: Você chegou a pensar que nós voltaríamos a viver isso um dia?

Helena: Ô, meu amor. O que eu queria, ou o que eu realmente pensava? Haha, para ser sincera, eu não achei que isso seria possível, César. Por muito tempo eu cultivei essa fantasia, sim, secretamente... Mas depois de tantos anos, de tanta coisa... Não achei se quer que voltaríamos a nos ver. E você?

César inclina a cabeça, meio enigmático...

César: Uma parte minha queria isso mesmo: não te ver, nunca mais.

Helena: E a outra?

César: A outra passou quinze anos querendo ter você nos braços outra vez.

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