Lacunas e Desfechos.

83. [Lacunas] Parte 68

*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão sem precedentes de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
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Helena e César estão os dois, em uma tarde de domingo, sozinhos no quarto do médico. Eles vêm de dias nos quais a rotina vem se alinhando com isso de serem um casal, com novas configurações e interações. Já tem algum tempo que Helena é íntima dos filhos dele, mas uma coisa era ela interagir com ambos, mesmo que da forma mais carinhosa possível, no colégio, em um almoço em algum restaurante ou algum desses encontros mais... Informais. Outra, era ela estar ali, na casa de César, sendo a mulher do pai deles, pleiteando o cargo - que na verdade sempre foi dela -, de dona de tudo aquilo que envolve César.

Ainda assim, é fluído, é bom, é calmo. O encaixe é perfeito: tanto na noite anterior, em que ela foi até a mansão única e exclusivamente para ver um filme, quanto no café da manhã após essa pernoite acidental, quanto agora, durante o dia todo em que ela está lá, junto de seu filho, para passar o domingo.

Esse clima de tranquilidade é tanto que já tem alguns minutos que César e Helena partilham do mesmo sofá em silêncio. Ela ainda está com o corpo recostado no corpo dele, os braços de César a envolvem, o rosto está aninhado no peito dele e há muito as mãos dos dois alisam um ao outro de maneira infinita, secretamente desejando que aquele momento não se acabe. César está com a cabeça tombada para trás, apoiada no encosto e olhos fechados. Helena também está de olhos fechados, respiração funda, tranquila e assim permaneceriam, se não fosse uma risada abafada que ela deixa escapar.

De imediato, César abre os olhos para olhar para ela. Ela esconde o rosto, rindo e ele fica com aquele ar de confusão, intrigado. Helena acha graça e é aí que ela ri mais, mesmo tentando conter colocando a mão à frente de sua boca.

Helena: – Desculpa, meu bem. Desculpa.

César: – Desculpa, não, que eu quero saber o que foi tão engraçado assim, diretora...

Helena: – Não, eu só estava aqui lembrando...

César: – Lembrando...? - Ele completa, com um sorriso gostoso, instigando-a a revelar.

Helena: – Você ontem, César! Onde já se viu, meu bem, olha as coisas que você fala na frente das crianças... Da sua mãe...

César: – Como assim? O que eu falei demais?

Helena: – O que, né, seu sem vergonha, o que... Eu juro que eu queria me esconder quando você falou sobre o apartamento de Ipanema.

César: – Só porque eu revelei sua... Digamos... Ausência de talentos culinários?

Ela gargalha, batendo a mão contra o ombro dele.

César: – Tudo isso por conta de um bolo queimado, dona Helena?

Helena: – Aham. Certamente. Por conta do bolo, né Doutor César? Não foi por conta das suas... Piadinhas... Suas insinuações...

César: – Hahahahahaha. Mas eu não disse nada, só disse que você estava ocupada e, talvez por isso, tenha esquecido o bolo no forno. Foi para defender você.

Helena: – Sei...

César: – Não disse nada que eles não saibam. Estão cansados de tirar sarro em mim porque eu vou para o apartamento da senhorita e não volto mais pra casa... Esses dias mesmo, eu estava saindo para a clínica e tive que voltar, a Marcinha viu...