*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão sem precedentes de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!
Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
- - - ♥ - - -Sábado, 27 de Setembro de 2003.
É de manhã. Estamos falando da manhã que acontece horas depois da noite quente, tórrida de amor que César e Helena tiveram. Na verdade, isso chega quase a ser leviano, já que as noites, manhãs e tardes que passam dentro um do outro são sempre horas quentes e cheia de emoções. Mas aquela... Aquelas, melhor dizendo, transas de hora atrás, tiveram um quê de libertino diferente. Não sei se pelo hiato de quase uma semana que passaram sem serem íntimos um do outro, ou se pelos muitos momentos de tensão sexual ceifados que tiveram naquele quarto em diversas ocasiões, ou ainda por ter essa mística que eles cultivam de produzir encontros, ocasiões... E, bom: não deixava de ser uma primeira vez, não é? A primeira vez dos dois naquele quarto, naquela cama, após uma vida inteira de desejos velados, de sonhos ocultos... César chegou a confessar, inclusive, que a via, que constantemente a via desfilar nua por ali e a amava quieto, em seus pensamentos. Então é claro que a primeira noite seria especial, como de fato foi: teve a sedução, a brincadeira com os desejos, o flerte sempre presente nos olhares, nas palavras ao pé do ouvido, nas línguas que um distribuía pela pele do outro e na forma como cada veste foi despida. Na maneira prepotente de Helena para provocá-lo desde a escolha da posição à cada movimento sobre o corpo do médico, ou na forma como César, deixando os deleites da transa aos sabores de Helena, a tocava o corpo todo em meio aos gemidos dos dois.
Dispondo de uma disposição de dar inveja a qualquer casal, os dois se diluíram pelos lençóis mortos de cansaço após a última transa - a qual só aconteceu porque o clima foi inevitável... Inevitável. É aquilo que ponderamos no capítulo anterior, não é? Dentro de algum tipo de consciência, até acho que eles evitariam, se dariam por satisfeitos com os minutos sem fim de cavalgada de Helena por sobre César e das mordidas, chupões, beijos e estocadas fortes deste dentro dela. Para além disso, a sexta-feira havia sido exaustiva e repleta de emoções; então, sim, acho que eles provavelmente dormiriam relaxados após tanto prazer. Mas é coisa de pele e isso não tem como explicar e eles sabem o quanto é diferente porque nenhum dos dois encontrou esse frisson em nenhuma outra pessoa que amou. Tudo bem que Helena teve apenas Theo em sua cama - e com ele, esse tipo de encaixe não aconteceu. Mas também não aconteceu com os outros flertes que por um breve momento ou outro, ela se viu tendo. César, com o seu currículo extenso, tinha mais possibilidades de encontrar, mas mesmo assim... Nada.
Quando a pele chama, o corpo arde de prazer só de ouvir a voz. A gente pode negar, pode tentar resistir, pode ter um compromisso, pudores, desculpas, pressa, mas... Não tem o que fazer. É coisa de pele. E a última transa da noite aconteceu apesar do cansaço, apesar da moleza pernas de Helena, do peito exausto de César... Mas aconteceu: em meio a declarações e beijos demasiadamente longos, o prazer dos dois se encaixou e a conchinha preguiçosa virou a posição perfeita para uma transa derradeira, arrastada, cheia de gemidos cansados, abraços e mimo por minutos até, como quase sempre acontece, gozarem os dois juntos e adormecerem assim, exaustos, melados de suor e prazer. Não havia mesmo força para mais nada.
E é nesse recorde de manhã de um sábado que estamos: Helena abre os olhos, vê o quarto vasto e bem decorado de César parcialmente iluminado por uma brisa da manhã e sorri. Relembra a noite, de certo. Vira o rosto e vê César dormindo um sono pesado, todo deitado de lado, o peito nu, a colcha cobrindo até o abdome, o rosto disposto também de lado pelo travesseiro e uma mão por debaixo deste. Ela sorri, o peito parece que transborda amor. Ela tem vontade de ficar olhando, ver como cada músculo dele se movimenta na respiração leve de um sono bom, olhar cada fio de cabelo branco que os cabelos fazem e lembrar de tantas manhãs de outrora que acordaram assim, apaixonados, exaustos de prazer... E tem vontade também de tocá-lo, de ser o primeiro bom dia, o primeiro toque, o primeiro beijo, o primeiro tudo que ele tem ao abrir os olhos. Suspira fundo, um suspiro de alívio... Dentro dela, uma felicidade que não cabe. Tudo se alinhando, ela pensa. Daqui a dois sábados, o grande dia: o casamento. Borboletas no estômago, felicidade, ansiedade, alegria... Tudo se mistura.
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Lacunas e Desfechos.
RomanceEsta estória é inspirada na novela e se desdobra em vários capítulos, com a intenção de complementar o enredo deste casal tão querido - sem que haja, no entanto, modificações na trama original. Sabe aquilo que você sempre quis ver na novela, a ce...