39. LACUNAS, parte 024

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*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
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Sábado, 23 de Agosto de 2003.

A manhã do sábado é agitada com o batizado do Chiquinho, filho de uma das funcionárias de Helena e do qual ela e Theo, o ex-marido, são padrinhos. Porém, mesmo estando envolta por uma pequena festa, Helena se pega pensando em César, que também não tira ela da cabeça desde que acordou. Na cerimônia pós-batizado, Helena tenta ligar para o celular dele, mas não consegue falar. Não consegue provavelmente porque, nesse intermédio, Dona Matilde que, estranhando o filho chegar em casa tão cedo visto os planos que tinha pra noite anterior e o seu súbito silêncio pela manhã, se esquivando de tomar café da manhã em família, já estava sabatinando César para sondar o ocorrido.

Dona Matilde: O que é que está acontecendo, César? Ontem você chegou todo animado, conversou comigo e com as crianças falando que ia pedir a Helena em casamento... Mas, pelo visto, alguma coisa deu errado.

César: É, eu pensei bem e achei melhor não correr o risco mais uma vez.

Dona Matilde: Você sabe que essa notícia me deixa feliz, porque eu nunca quis que você voltasse a se interessar por essa mulher, mas, por outro lado... Eu não quero ver você triste assim, deprimido.

César: Eu não estou deprimido.

Dona Matilde: César... Essa paixão pela Helena nunca terminou. Ficou adormecida durante todos esses anos, mas foi somente ela que você procurou em todas as outras que apareceram depois, inclusive a Izabel. Eu me lembro da primeira briga séria que teve entre você e a sua mulher. Ela encontrou em uma das suas gavetas uma coleção de fotos da Helena e pediu pra que você jogasse fora, queimasse... E você disse que não, que aquilo era uma parcela importante do seu passado. Você se lembra disso.

César: Claro, claro que lembro.

Dona Matilde: Então pense bem, meu filho, se você quer jogar definitivamente esse passado no lixo ou se quer dar uma nova oportunidade a vocês dois. Bem no fundo do meu coração, eu sempre soube que nem a Laura, nem a Luciana iam tirar você dessa viuvez. Eu ainda estava esperançosa que alguma outra te encantasse, mas foi só a Helena reaparecer que eu vi que não tinha jeito: ou era ela outra vez, ou nenhuma.

César fica pensativo e Dona Matilde o observa visivelmente em dúvida, abatido, se correndo por dentro... Então ela resolve complementar os conselhos.

Dona Matilde: Sabe o que eu penso, meu filho? Eu vi você remoer esse amor durante todos anos. E também vi você se animar com cada retorno com a Izabel, com cada namorada que veio depois dela... E levava sempre um, dois meses para você perder a euforia e passar a dormir novamente com as fotos da Helena em punho, de se perder nos pensamentos da vida que, no fundo, você sempre desejou ter... Ao lado dela. Você teve sucesso em muitas áreas da sua vida, é um profissional brilhante, merecedor do prestígio que tem... Mas no amor... No amor você sempre foi infeliz. Me fala uma coisa... Nós nunca conversamos sobre isso durante todos esses anos porque sempre foi um assunto indigesto para nós dois... Mas você nunca pensou em reencontrá-la?

César: Eu sempre pensei em como seria. Pensei, sim. Mas, em todo esse tempo, ao mesmo tempo em que eu desejava vê-la ao menos para ouvir alguma explicação, algum pedido de desculpa... Eu também preferia que não acontecesse porque... Por mais que a minha mágoa fosse grande, eu sabia que eu me encantaria por ela de novo, como sempre aconteceu.

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