Lacunas e Desfechos.

86. [Lacunas] Parte 71

Terça-feira, 16 de Setembro.

É o dia posterior à internação de Helô, processo pelo qual Helena ficou responsável e pôde contar com toda ajuda e preocupação de César, que estava jantando em sua casa durante o ocorrido. Na ocasião, o médico fez questão de acompanhá-la em cada um dos processos até o final da noite, tendo todos os cuidados para ampará-la e, mais uma vez, surpreendeu Helena.

Contudo, Hilda só ficou a par de cada coisa no finalzinho da noite, quando tudo havia se findado. Apesar de ter tentado tranquilizar a irmã indo pessoalmente ao apartamento dela após a interdição de Heloísa, Helena se preocupa com Hilda e, por isso, marcam um encontro já no início do dia. É uma terça-feira: Helena e Lucas almoçam na casa de Hilda. Por último, um momento em que as irmãs estão a sós, elas conversam com mais intimidade. 

Helena: – Como você está, minha irmã? Mais calma?

Hilda: – Não, mas controlando. Não me conformo de não ter estado lá ontem, o Leandro não poderia ter me omitido isso.

Helena: – Hilda. Ele fez o certo. É que nós não conversamos na hora, foi tudo tão corrido... Mas se ele tivesse me ligado, eu teria dito para ele fazer exatamente o que ele fez: não te contar naquele momento. Me fala, no que ia adiantar?

Hilda: – Adiantar não ia, mas eu queria estar ao lado da minha irmã.

Helena: – Para ver o que eu vi? De jeito nenhum. Você tem as suas questões, precisa se cuidar, cuidar de você, do seu emocional. E também, na prática da coisa, você estar lá não resolveria de nada. Nem eu, Hilda, se você quer saber, fui de muita serventia. Quem agiu mesmo, conversou com os médios, cuidou dos papéis e segurou a barra, foi o César. Até o Sérgio estava mais inerte.

Hilda: – É, você me disse ontem... Mas eu não deixo de pensar em como ela está.

Helena: – O César telefonou hoje de manhã para o Edgar e me ligou em seguida, porque disse que se eu ligasse para a clínica, não conseguiria obter nenhuma informação muito relevante. Como ele é colega do Edgar, foi direto na fonte.

Hilda: – E aí? Tem notícias?

Helena: – Notícias não muito precisas, porque ela ainda estava sob efeito dos medicamentos. Mas o César falou que a Helô passou a noite bem, medicada, dormiu... Hoje de manhã se alimentou, mas ainda estava um pouco lenta. À tarde ela passará por uma avaliação e aí sim saberemos melhor.

Hilda: – Não vejo a hora de poder visitá-la.

Helena: – Eu também. Mas pelo o que eu entendi ontem, isso vai demorar um pouco, minha irmã. Pelo menos, o Edgar disse que ela ficaria uns dias sob avaliação e acho que faz parte do processo não receber visitas.

Hilda: – Eu não gostei nada disso.

Helena: – Nem eu. Mas eu preciso que você se cuide, Hildinha. Perto do problema que poderia ser, o seu quadro foi brando e, graças ao bom Deus, você está ótima... Mas está em recuperação. Se você desabar também, aí eu não me seguro. Por você, pelo seu marido, pela Elisa, por nós... Você precisa cuidar de você.

Hilda: – E enquanto isso, quem cuida de você?

Helena: – Hum. Eu me adapto, meu bem. Me adapto à tudo. Sempre me virei, Hildinha... Mas hoje. Hum. Hoje eu sei que eu não estou mais sozinha, isso... Isso é tão bom.