Um adeus para Lacunas.

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Antes de mais nada: respira. Não, isso não é um adeus a L&D. Na verdade, está bem longe de ser. Como assim? Acertou aquela que palpitou que o adeus é simbólico e se refere, na verdade, a uma parte da nossa estória. Um adeus para Lacunas. É o início a uma outra etapa em L&D: os Desfechos. Isso quer dizer que as Lacunas acabaram? Bom, sim. E não também. Calma que eu explico!

Desde o início eu combinei com vocês que esta releitura de MA seria feita em quatro elos principais. O primeiro elo foi o Crossover, quando eu brinquei com duas tramas diferentes e ainda trouxe um bonitão para fazer ciúmes ao Dr.; o segundo, foi Petrópolis em uma versão mais detalhada e mais complexa tanto de cena, quanto de roteiros e significados, nos permitindo uma melhor compreensão da dimensão e do sentimento que os unia e os separava ao mesmo tempo, bem como assistir a passagens que a novela não mostrou e que, pra mim, são fundamentais para explicar como eles migraram, em uma mesma tarde, de uma briga tão agressiva para a decisão de enfrentarem o mundo e assumirem suas relações a qualquer custo.

Depois, entramos no eixo de Lacunas, este interminável eixo com mais de 100 capítulos. Lacunas foi pensado para ser o eixo principal da novela, o eixo que esmiuçaria a história deles que já foi contada, mas de uma maneira especial. O foco de Lacunas sempre foi o de pegar tudo o que a novela tentou contar, mas dessa vez detalhando as cenas e também explicando aquilo que não fazia muito sentido, ressignificando alguns comportamentos e cenas que ficaram meio confusas, dar respostas à furos da trama. Pudemos ver em Lacunas várias coisas que se passaram de Petrópolis ao casamento e que MA não mostrou. Vamos fazer uma listinha?

Tivemos a rotina mais esmiuçada, um contorno mais bem desenhado de como um foi adentrando aos poucos a rotina um do outro e reconquistando a intimidade de casal que já experimentaram um dia. Vimos o doutor ir baixando a guarda devagarinho para dar luz ao César apaixonado, apesar de ressentido, que o autor da novela bem que prometeu, mas deixou a desejar. Vimos, assim, o cuidado dele com ela na época do acidente do Theo, por exemplo, coisa que... Que a trama deixou meio solta, essa é que é a verdade. Para mim, sempre ficou a impressão de que, a julgar pelas cenas que foram exibidas, César deixou Helena um pouco de lado, mas uma telespectadora mais atenta, há de se lembrar que ficou no ar que eles se falavam, que tinha, sim, ligações, que ele procurava por ela. Já parou para pensar que, talvez, os encontros famosos no hotel talvez fossem mais frequentes do que pensamos? Quem sabe, tenha havido mais do que os três que testemunhamos...

Mas vamos nos ater ao encontro após o acidente. Nele, aqui em L&D, tivemos a inevitável conversa em que Helena se despe para César e abre todas as traições que havia acabado de descobrir. Inclusive, foi neste mesmo dia que assistimos ao desfecho da cena em que os filhos do doutor, Marcinha e Rodrigo, descobriram que o caso entre eles é muito, muito antigo; você há de se lembrar do encontro das fotos, do embate com a Laura e de como César foi franco ao dizer que ele sempre amou Helena, apesar do tempo. Contudo, pra mim este episódio fica mesmo marcado pela vulnerabilidade de Helena em expor o que havia acabado de saber. Assistimos, então, como o médico a amparou e a cercou de cuidados neste momento tão sensível.

Passamos pelo transcorrer dos dias até chegar ao terceiro encontro: o encontro do pedido de casamento. Pudemos acompanhar todo o esmero de César em comprar o anel que ele julgava perfeito, planejar toda uma situação para que as coisas acabassem como acabaram: em um término. Relâmpago, mas foi um término. Os pombinhos só voltariam às boas após a tão deliciosa sequência de cenas da Festa à Fantasia organizada pelos jovens do terceiro ano do ERA, festa essa que é deleite para todas nós até hoje, vinte anos depois de ir ao ar. Sobre ela, eu tenho apenas uma crítica: o fato de ter explanado pouco os bastidores do que aconteceu quando Helena e César desceram mais assumidos do que nunca. E, por isso... Tivemos uma câmera especial aqui em L&D registrando tudo, todas as primeiras impressões, diálogos e sorrisos. Eles estavam felizes! Distribuíram beijinhos discretos e afagos exibidos durante a festa toda, até que o fim serviu uma boa torta de climão com a nossa protagonista trocando a cama do doutor por uma conversa com o ex - e foi justo nessa conversa com Theo que Helena cravou sobre si a sua melhor definição: ela é a anti-heroína, a heroína possível no mundo real.

Lacunas e Desfechos.Onde histórias criam vida. Descubra agora