58. [Lacunas] Parte 43

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César, conforme o pedido de Helena, espera por ela no salão da cobertura. Ele olha para o sofá branco no meio da sala, para o tapete e abre um sorriso gostoso se recordando dos momentos em que passou ali. A primeira vez em que ele esteve no apartamento de Helena foi a convite dela, no domingo retrasado e, na noite tórrida de amor e carinho que tiveram, aquele espaço ali foi palco para grandes momentos de prazer. Por isso, um sorriso.

Claro que Helena já havia deixado todo o ambiente pronto também, como se ela soubesse que, apesar de ser um jantar em família, mais hora ou menos hora eles acabariam a sós. Tudo lá está a meia luz, do jeitinho que ela gosta. Primeiro César cuida da trilha sonora e escolhe B. B. King para embalar a noite. Depois, ele avista o vinho, abre, toma posse de uma taça e espera por Helena na área externa, próximo ao ofurô, aproveitando a brisa carioca fresca do meio de setembro.

É quando ele sente uma mão doma-lo pelos cabelos em um puxão sugestivo. Helena espalma a cabeça de César com a mão cheia e vai fechando os dedos, enroscando vários fios por entre ele em um carinho ousado, intenso, malicioso. Ela sabe que ali é um dos seus pontos fracos, tanto que ele fecha os olhos na hora, em instinto e só saboreia a delícia que é ter aquela mulher maravilhosa ali, desejosa por ele. Helena então o abraça pelas costas e beija a sua nuca. César arrepia. Ela funga seu pescoço, parece não ter pressa nenhuma. Tem paixão ali, tem admiração, tem desejo... Os braços dela trançam o abdome de César e ele fecha os olhos, sentindo a boca de Helena roçar quente contra a sua pele.

Helena: Oi...

Ela fala manso, com um sorriso permeando os lábios após esse sussurro gostoso. César tira a mão dela do seu peito e começa a puxá-la, orientando-a a circundar seu corpo e apresentar-se na frente dele. Ele apoia uma mão na cintura dela e a outra se fecha em sua garganta. César é carinhoso no toque, mas aquilo por si só, aquela mão inteira aberta em seu pescoço, a forma como os dedos precisos dele se pressionam contra a sua pele... Aquilo a arrepia por inteira. Helena se quer toca o corpo dele, só se permite ser tocada. Os dois ficam ao sabor do sereno da noite carioca, um blues toca ao fundo e a cadência ali é coordenada por ele, que deixa claro que a domina a medida que vai percorrendo toda a linha do maxilar e queixo de Helena com a boca entreaberta.

Ela sorri, ele não vê. O sorriso é de canto de boca, um puxar argucioso dos lábios que revela bem o quanto Helena está cheia de vontades ali. Sentindo o corpo dela relaxar a cada um de seus toques, César lança os dois braços no corpo dela, puxando-a em definitivo para um beijo sôfrego; uma de suas mãos passeia pelas nádegas de Helena. O corpo dos dois chega a arquear dada a intensidade do beijo, é como se eles tivessem pressa para que ambos os corpos se fundissem em um amasso forte e apertado, apesar dos movimentos serem calmos. 

Eles terminam de se beijar e Helena solta risinhos ali mesmo, boca com boca, sentindo seus lábios molhados e vermelhos devido aos chupões atrevidos de César. Arranhando a nuca do amado, ela verbaliza com aquela voz mais grave que ela tem toda vez que está transbordando de tesão...

Helena: Esse beijo...

César: Me segurei a noite toda.

Helena: Gostoso...

Ela brinca em um tom agressivo proposital, como quem quer provocar e chupa seus lábios. César, a essa altura, já recuou os braços e segue juntando os seus corpos apenas com as mãos, que passeiam insistentemente na lateral do corpo de Helena. Ele a avalia, olha para o seu rosto, cabelo, boca - ele sempre se demora na boca dela, é como se os lábios rosados e úmidos de Helena fossem um convite permanente para os seus... Desce o olhar para o colo desnudo, o estica pelo decote.... Observando tudo e, principalmente, vendo as caras e bocas que César faz, ela gargalha; ele, vendo que foi pego no flagra, volta os olhos para os olhos dela, sorrindo. Helena range os dentes e bate nos ombros dela, brincando...

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