111. Fragmentos

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Porque hoje é o tal do Dia dos Namorados, bebê e nada mais justo do que gastarmos um tempinho vendo os nossos namoradinhos mais gostosos, fogosos e safados, não é?  Este capítulo é um fragmento inusitado de algo que ficou no ar no capítulo de ontem, o 110. Então se você ainda não leu a att do sábado, corre lá e depois volta para continuar este aqui e encerrar o seu domingo em grande estilo. 

Beijos e boa leitura. ♥

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A questão é que ficou muita ponta solta nesse salto temporal e talvez, apenas talvez, você esteja aí se perguntando o que é que aconteceu no retorno ao Rio. A coisa toda ficou quase mística, há muito burburinho sobre o assunto. Onofre já denunciou que as marcas no pescoço de César (pelo menos daquele jeito, com ele com a camisa aberta), estão aparentes; os arranhões, também. Hilda deu a pista revelando que, entre a chegada do motorista ao prédio no Leblon e a aparição efetiva de César e Helena no Rio, há um intervalo misterioso de minutos e, embora Helena não tenha revelado nada, a forma como ela mordeu seus próprios lábios, sorriu de canto e desviou os olhos, deu a entender que essa parada foi a das mais mau intencionadas. E, bom... Assim como Hilda, nós conhecemos bem o apetite dos dois. Essa parada foi suspeita, foi mesmo... E foi deliciosa também. Não é a toa que enquanto Hilda tece algum tipo de julgamento interno ou externaliza uma piadinha, ela, entre sorrisos e mordidas no lábio, revive fragmentos do que aconteceu naquele carro no dia anterior, no final da manhã.

Nós já sabemos que eles vivem em estado permanente de flerte e que isso é algo que cultivam porque gostam, porque sentem prazer, mesmo quando a intenção não é a de concretizá-lo - pelo menos não no instante exato em que ele acontece. E é sobre isso: de alguma maneira, a forma audaciosa com a qual Helena o abraçou pelas costas ali, no gramado da área externa da casa de Itatiaia quando eles estavam prestes a adentrar o carro para ir embora, o jeito como ela enfiou sua própria mão dentro do bolso da calça de César enquanto roçava os lábios molhados pelo lóbulo da orelha dele, a maneira como Helena sussurrou grave um comando para que ele desse as chaves do carro dele para ela... Todo esse conjunto deu início a um clima latente, deixou no ar a oportunidade dele revidar, dele devolver essa provocação em algum momento inusitado, como fora inusitada essa investida casual e gostosa dela.

Seguiram viagem, então. O carro de Helena foi atribuído a um dos motoristas; o outro, voltou dirigindo o carro que fora levar o primeiro e o nosso casal se incumbiu de ocupar o de César. Quando Helena pediu pelas chaves, ela não precisou nem explicar o porquê, porque ele entendeu de pronto: a mão, não é? A mão de César, a mão dolorida e ainda levemente inchada que ele colheu na briga de sexta-feira. Helena quis poupá-lo, porque apesar das tórridas transas que tiveram pela manhã, quanto tudo ficou mais calmo e ela o pegou pela mão em um momento de carinho, ela percebeu que a região ainda estava dolorida de alguma forma. E ele, gostando dos cuidados, cedeu.

Minutos longos de viagem. Os primeiros foram um pouco mais complicados, a estrada parecia um pouco mais complicada e a chuva era forte, muito forte. Helena é quem puxava a fila de carros, os dois motoristas vinham em veículos atrás. No caminho, os dois conversavam, conversavam... Helena pediu por música, César colocou um CD escolhido a dedo com sucessos internacionais. Algumas letras, na inércia da estrada, Helena se deixava levar pela melodia e, quando percebia, já estava cantarolando um verso ou outro em voz alta. Nesses momentos, quando ela se dava conta, olhava direto para ele, quase em susto desejando que ele não tivesse ouvido e, bom... Ele não só ouvia, como sorria ou ria dela. A mão na coxa de Helena passou a ser presença constante e em momentos em que o fluxo na pista se acalmava, ela apoiava sua própria mão direita sobre a dele e os dois trocavam carícias, aqueles mil carinhos e declarações veladas que pode-se traduzir quando os dedos de um rolam pela palma da mão do outro em silêncio. 

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