97. [Lacunas] Parte 82

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Estamos na sexta-feira, dia 26 de setembro de 2003. É o mesmo dia em que Helena e César estiveram com Hilda para decidirem o sabor do bolo de casamento e logo após cuidaram da transferência da caçula para uma clínica mais humana. Também foi naquela tarde que Helena e Heloísa tiveram uma conversa linda, honesta e cheia de significados. E no finzinho do dia, César e Leandro acabaram por decidir que fariam um programa de casal e só avisaram suas mulheres: seria na mansão de César e, claro, o médico intimou a amada a passar a noite com ele, da mesma maneira que ela sempre faz com ele quando os programas são no apartamento dela.

Já passa um pouco do horário combinado com Helena e ela nada de aparecer na Mansão Andrade de Melo. Tudo bem que eles não combinaram um horário específico, ele só informou que Hilda e Leandro iriam por volta das 20h e que ele gostaria que ela chegasse antes - certamente para poder cortejá-la por alguns minutos à sós, ou quem sabe fosse só para consultá-la sobre a disposição dos móveis que ela havia enviado para a casa dele nesse início de mudança que começa a se desenhar.

Mas Helena chega cerca de vinte, trinta minutos antes do horário combinado com a irmã. Ao adentrar a Mansão, ela é recebida pela sogra, Dona Matilde, sempre sorridente. Marcinha e Rodrigo aparecem pela sala em uma confusão entre ir para lá e para cá, certamente ajeitando o vídeo, os comes e tudo o que a noite entre amigos demandará. Pausam, claro, para cumprimentar Helena.

Helena: Já vi que a noite aqui será de festa!

Rodrigo: Que nada, só a turma da peça mesmo. Vamos ver um filme, comer um pouco...

Helena: Estou sabendo, estou sabendo...

Rodrigo: A gente ia deixar para amanhã, mas o velho disse que o Onofre e a Martha virão jantar aqui.

Lucas: Outro jantar de gente grande? Ah, não...

O resmungo de Lucas tira risos de todos os presentes: Marcinha, Rodrigo, Helena e principalmente Dona Matilde.

Helena: Ah, sim, seu porcaria! Outro jantar e no qual o senhor será um mocinho muito, muito bem comportado.

Lucas faz um bico, Helena ri e abraça o filho na frente de seu corpo.

Helena: E sim, eles virão. Se não daqui a pouco esse casamento relâmpago não tem nem testemunhas, já pensou?

Mais risos.

Marcinha: Falei para o papai te chamar para vocês verem um vídeo com a gente, mas ele disse que vocês já tinham programado algo pra hoje.

Helena: Ele programou, eu só recebi a intimação mesmo. - Ela corrige, com bom humor. - Aliás, onde está o Doutor César?

Dona Matilde: Adivinha, minha filha?

Helena: Não... Não me diga que ele está na clínica uma hora dessas?

Dona Matilde: Não! - A senhora ri e acaba por revelar... - Não, ele já está em casa. Aliás, depois que vocês engataram novamente esse romance, meu filho tem passado muito menos tempo do que o de costume no hospital.

Rodrigo: Ele não é bobo, né, vó?

Rodrigo, sempre astuto, interfere com bom humor e o comentário é bem explícito, na verdade, apesar de ser discreto nas palavras. Ele sugere - e acerta - que, tendo Helena, o pai tem motivos melhores para ficar em casa e não em um hospital.

Helena: Ah! Hahahaha. Rodrigo.

Ela verbaliza surpresa com o comentário, um pouco sem graça; tanto, que dá um tapinha no ar. Rodrigo é só sorrisos e, por fim, Dona Matilde revela já como uma sugestão por saber que ela quer ir vê-lo, que o filho notoriamente gostaria da surpresa e que Helena já tem mesmo passe livre para circular sem avisos por onde quiser na mansão.

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