50. LACUNAS, parte 035

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*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão sem precedentes de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
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Quinta-feira, 28 de Agosto de 2003.

De segunda a quarta feira, os dias voam com Helena sempre muito atarefada, tal como avisou César que seria. Como o previsto, eles não conseguem se encontrar, mas se falam todos os dias por uma, duas vezes, mesmo que brevemente para ouvirem um ao outro e saberem como foi o dia. As conversas entre eles - e os momentos em que estão distraídos, a sós - são sempre permeados pelas lembranças do final de semana.

César revisa algumas coisas em sua cabeça, desde o dia que propôs casamento a ela pela primeira vez até o último dia que passaram juntos; ele conclui coisas que até mesmo já tinha pensado: que o pedido dele da primeira vez foi descuidado e a reação da Helena foi um pouco desnecessária, apesar de justificável pela própria efemeridade da atitude dele e também por todo o cenário de pressão e inseguranças que ela vinha enfrentando. Ele também percebe que, no dia do hotel, ambos se exaltaram e, embora tudo tenha se normalizado no seguinte, na festa, nas duas outras oportunidades em que tocaram no assunto do casamento (na festa e na casa dela), a pauta ficou igualmente solta. Nessa última, ele até pensou que seria a ocasião mais assertiva para delinearem alguns entraves e, assim, selarem a união com a entrega do anel. É evidente que não daria para esquecerem tudo o que um disse para o outro na última semana... Não por mágoa, mas sim para que eles pudessem dar esse passo cientes das intenções e propostas um do outro.

Na cabeça de César, ainda repercute a voz de Helena julgando sua fidelidade e pressupondo um relacionamento mais aberto, cheio de coisas ocultas, já que ela disse, com todas as letras, que ele não prometia fidelidade à ninguém. Era isso que ele pretendia ofertar a ela? Principalmente depois da noite de domingo, de ver Helena tão sensibilizada, tão exaurida, acuada, fragilizada... Ele sente que precisa se posicionar de forma mais efetiva. São sempre nesses momentos, nos momentos de Helena chorosa e despida, que ele retorna ao primeiro amor, esquece das suas mágoas e tem o instinto de cuidá-la. Até por isso ele deixou de dar o anel na noite de domingo: César teve uma ideia, resolveu executá-la e passou a semana cuidando disso em segredo.

Ele compartilha a ideia com a filha ainda na noite de segunda e ela, entusiasmadíssima, assume papel ativo no plano, ajudando o pai a coordenar algumas coisas lá mesmo, dentro da escola. É ela quem revela, em tom de confidência, para Edwiges e para Rosinha que o pai e a Helena estão namorando, a fim de obter uma mãozinha das duas. Por de baixo dos panos, César também faz contato com Hilda e termina de ajustar alguns pontos...

Até que na quinta-feira de manhã, Helena está no colégio trabalhando normalmente e, numa escapadinha até a cantina próximo ao horário do almoço, ela está distraída conversando com Ana e a filha.

César chega sorrateiramente e a aborda por trás - ele calcula cada passo, cada movimento... Sabe exatamente o que deseja provocar em Helena. Por isso, vendo-a de costas, com os cotovelos apoiados no balcão, um tanto inclinada, ele chega de mansinho e encaixa uma das mãos na lateral da cintura, espalmando a outra mão por debaixo de seu terninho. Simultaneamente, com um sorriso muito do pretencioso, ele solta um sonoro 'bom dia' destinado a ela e a todos ao redor. Helena, que mal tem tempo de se assustar com os toques, arrepia no instante em que ouve a voz grave de César ecoando em suas costas.

Helena: César?! - Ela verbaliza, em susto, ainda de costas.

Até que Helena se vira e se depara com ele ali, vestido elegantemente como sempre, mais uma vez no meio do expediente e, dessa vez, a abordando na frente de todo mundo, inspirado pelos degraus que galgaram na relação durante aquele final de semana. Os toques dele, claro, são discretos, mas de forma absolutamente reveladora, pois denotam uma intimidade que evidentemente eles já possuem:

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