Quinta-feira, 11 de Setembro.
O dia amanhece. César e Helena têm suas manhãs semelhantes às outras: ele participando do Congresso e ela se atém aos afazeres do colégio. Por coincidência, os dois almoçam com os filhos. Helena consegue se organizar para não voltar mais à escola no período da tarde, então ela pega Lucas, almoça com o filho em casa e consegue até descansar um pouquinho antes de viajar. Já Rodrigo, tendo chegado tarde da festa do dia anterior, acorda tarde, perde o horário do café da manhã e, por isso, só vê o pai no horário do almoço.
César o convida para almoçarem só os dois - em partes porque tem mesmo curtido a companhia do filho e, por outro lado, por saber que supostamente ele pode ter visto algo da noite anterior e mal interpretado.
César: – E como foi a festa ontem?
Rodrigo: – Foi tranquilo, deu tudo certo. Cheguei um pouco tarde, por isso nem acordei para o café.
César: – Imaginei mesmo. E está certo, tem que aproveitar. Na sua idade... Nossa, hahaha. A sua avó ficava bem preocupada.
Rodrigo: – Você, pai? Dava sumiço na vovó?
César: – Não, sumiço, não. Mas tinha... Tinha minhas noites.
Rodrigo: – Tá certo...
César: – O Otto me disse que você foi no bar me procurar ontem. Não me achou?
Rodrigo desvia o olhar, meio sem graça e até desaforado, olhando para o próprio prato.
César: – Ou me achou, me viu lá fora acompanhado e é por isso que está desse jeito?
César é certeiro e essa franqueza dele, de quem não tem nada para esconder, assusta e surpreende Rodrigo. Ele esperava que o pai viesse com desculpas, se recusasse a dar explicações ou então que mentisse na cara dura, como já fez outras vezes. Mas mesmo assim, apesar de César ser direto, ele não deixa de estar incomodado com o que viu.
Rodrigo: – Pai, eu já te disse que não vou mais me interessar pela sua vida amorosa porque isso... Pelo visto, não tem jeito. Só não me agrada ver você fazendo isso com a Helena.
César: – Fazendo o que, Rodrigo? O que você viu ontem... A Bárbara é uma grande amiga, a quem eu conheço desde que eu tinha a sua idade, na faculdade.
Rodrigo: – É, mas eu vi que estava rolando um climão ali, ela te tocando, te... Enfim, não quis atrapalhar.
César: – Não atrapalharia, porque não havia o que ser atrapalhado.
Ele olha para o filho e, em nome dessa nova relação, decide fazer algo que pouco faz: se abrir.
César: – Eu e a Bárbara tivemos, sim, um envolvimento por anos, nada sério nem pra mim, nem pra ela. E que acabou. O que você viu ontem foi exatamente a conversa de dois amigos - porque nós somos, antes de qualquer coisa, amigos - que estavam... Estavam colocando um ponto final nesse lado da amizade, fechando um ciclo. Eu não fui para a cama com a Bárbara em nenhum desses dias, se você quer saber. Rodrigo, eu estou para marcar a data do meu casamento com a Helena, vocês ainda não entenderam isso?
Rodrigo: – Eu entendi, mas, pai... Vai me desculpar, mas isso não quer dizer nada...
César: – Se eu tivesse a intenção de trair a Helena, eu teria permitido que você viesse comigo? Teria feito questão de você ficar no mesmo hotel, em um quarto praticamente ao lado do meu?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lacunas e Desfechos.
RomanceEsta estória é inspirada na novela e se desdobra em vários capítulos, com a intenção de complementar o enredo deste casal tão querido - sem que haja, no entanto, modificações na trama original. Sabe aquilo que você sempre quis ver na novela, a ce...