16. LACUNAS, parte 001

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*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão sem precedentes de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
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Dias após Petrópolis.

Tudo estava caminhando às mil maravilhas para Helena. Depois de longos meses, ela conseguiu, enfim, ter um dia inteiro ao lado do homem que ama, podendo ajustar os pontos, aparar as arestas, matar um pouco das saudades e provar para os dois o quanto eles ainda vibram em sintonia nos pensamentos, assuntos, forma de ver a vida e, principalmente, na cama, onde o encaixe dos dois sempre foi imbatível.

Desde aquele dia de Petrópolis, o laço entre os dois foi se intensificando; Helena sempre esteve disposta a se jogar de cabeça e viver todas as nuances da paixão com César, de tal forma que em nada este comportamento é estranho vindo dela. O que surpreendeu mesmo foi César, sempre frígido, distante, enigmático, avesso à compromissos longos e duradouros, passar a agir assim, de forma tão amorosa, tão declarada... Tanto que até os amigos de longa data perceberam de imediato, na própria noite em que ele desceu a serra com Helena, o quanto ele estava mais leve, solto, divertido e bem humorado... Só não sabiam o porquê.

César, no entanto, notava que algo estava diferente: é como se tivessem soprado nele o fôlego de vida que ele perdera na juventude; parecia que, com o regresso de Helena, tinha retornado também a sua capacidade de amar e ser amado, de doar-se, de acreditar, de apostar no amor como algo perene e caudaloso, não provisório. Contudo, tanto ele, quanto Helena, sabiam que as marcas do passado eram profundas demais e, por mais que tudo em Petrópolis tivesse desembocado num desfecho lindo e cheio de amor, certamente muitas batalhas acerca dessas mágoas ainda viriam à tona, com muitos mais nós a serem desatados.

A prova da entrega de César passou a ser o contato. Desde que amou Helena outra vez, desde que provou de novo dos muitos sabores de seus beijos, que degustou da mulher ardente, fogosa e do jeito doce, cuidadoso e protetor de Helena, os contatos eram diários. Quando um não ligava, o outro não tardava a procurar querendo saber sobre o dia e, vez ou outra, reclamar de saudade. Foi assim um dia depois, quando Helena estava aflita com a consulta médica da irmã, ou no dia da frente com o primeiro convite de César para que eles se encontrassem no hotel para relembrar o passado... Fato é que, salvando raras exceções de rotina, eles sempre acabavam dentro do dia um do outro de alguma maneira.

Na manhã em que Theo foi baleado, Helena e César haviam passado aquela noite juntos e ela havia acabado de, enfim, dizer a César o que secretamente ele esperava ouvir: que ela havia se decidido abrir o jogo, assumi-lo, enfrentar o que fosse preciso para contar para todos que o grande amor da sua vida, desde a juventude, era ele. Apesar de achar a Luciana uma ótima pessoa, César sempre deu ao relacionamento dos dois o caráter de algo provisório, mas até para livrar-se desse compromisso ele ficava à espera de um primeiro passo vindo de Helena, exatamente pelo fato de que, anos atrás, por mais de uma vez, as grandes iniciativas vieram dele e ela o desapontou. Mas ele também já havia se decidido: assim que Helena tomasse a frente, sem recuar, e o assumisse, ele se livraria de qualquer compromisso para manter, mais uma vez, como há 15 anos atrás, uma relação com ela. E só com ela.

Claro que esses planos foram interrompidos: Theo estava baleado, correndo risco de vida. Theo, a quem Helena iria contar toda a verdade. Theo, pai de Luciana, a quem César pretendia deixar para ficar com Helena, a mulher a quem ele sempre amou. 

 

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