71. [Lacunas] Parte 56

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*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão sem precedentes de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
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César e Helena percorrem o salão e, em dado momento, estão em conversas com outros dois casais quando percebem os sussurros da festa se aquietarem gradativamente; há uma certa movimentação no palco e, no salão, cada um ocupa cantos discretos. César dirige-se à sua mesa, acompanhado de por ela em seus braços e sentam-se lado a lado. Começa, então, uma retrospectiva da semana do Congresso. Alguns dos palestrantes são chamados para uma consideração final de um ou dois minutos.

Helena segue firme com a sua postura impecável: as pernas devidamente cruzadas e o tronco em alinho, ereto, mal tocando o encosto do assento. Claro que esse sentar dela não passa despercebido porque a perna cruzada é justamente a perna esquerda, o que faz com que a fenda da coxa se abra de forma extremamente sensual, mostrando mais daquelas pernas. César observa, lógico - e chega a trocar olhares cheios de más intenções, os quais Helena vê e interpreta na hora. Esses olhares são, inclusive, pauta para risos, sorrisos e beijinhos o tempo todo enquanto acontece a explanação; é como se, a cada um deles, César declarasse suas saudades e vontades. Helena sorri um sorriso que diz que não tardará para que ela se entregue em seus braços.

Nesse clima bom, os dois ficam sempre interligados. Uma das mãos de Helena, claro, como de costume, descansa sobre a coxa de César em um gesto tão simples, tão cotidiano, mas que escancara bem a postura que ela tem na relação. Helena é domínio.

Ele, por sua vez, alterna entre espalmá-la na coxa, demarcando posse daquele corpo que ele ama de forma incansável, mas quase que todo o tempo tem um dos braços a envolvendo pelas costas de alguma forma... Seja na cintura, no ombro ou até mesmo com a mão uma vez ou outra que insiste em acariciá-la na nuca, despretensiosamente, meio que por instinto. Se tem uma coisa que é certa, é que, em algum momento, os dedos de César vão sempre procurar pela nuca de Helena. Assim seguem até que, em dado momento, os dizeres no palco se dirigem a César.

Helena olha para ele com carinho, porque sabe que é o começo da dita homenagem que Rodrigo alertou que o pai receberia. Ele demora para perceber, no início parece achar que é mais uma consideração geral, como a que foi feita com todos os palestrantes até o momento. Ele só repara que aquilo vai além conforme a explanação sobre a sua carreira se arrasta e, em uma exibição no telão do evento, Doutor Augusto depõe se rasgando em elogios nominalmente dedicados a ele.

César é durão, mas é claro que tudo aquilo, ver a sua carreira de quase 20 anos passar pelos seus olhos, o emociona, sobretudo na atual conjuntura da sua vida: estando ao lado de quem está e recebendo dizeres tão carinhosos de uma pessoa importante para o meio médico e para a sua formação.

Por fim, ele é chamado ao palco e caminha sob aplausos. Já no alto da plataforma, ele recebe cumprimentos dos dois cerimonialistas e tem o microfone ofertado para que ele dirija alguma palavra aos presentes. Daí, vem o discurso improvisado.

César: Bom, primeiro... Boa noite a todos os presentes. Meus parabéns aos colegas que estiveram conosco durante esses quatro dias compartilhando um pouco de si e contribuindo para que a ciência seja sempre fascinante e evolutiva como é. Foi um evento enriquecedor. Meus agradecimentos sinceros a cada um, a todos os demais médicos e convidados que estão aqui nessa noite e à organização pelo convite, por ter me proporcionado esse momento de retrospectiva da minha carreira justamente neste momento da minha vida. - Os olhos dele procuram Helena nessa breve pausa. Ela sabe que, nas entrelinhas, ele está se referindo ao recomeço, ao reencontro dos dois, a esse sentimento de que tudo está no lugar.

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