Ainda é a mesma noite de sábado, um dia após o retorno de Helena e César do emblemático congresso, uma noite após a saída tão diferente entre casais. Sobre estes eventos, é interessante perceber uma coisa: o ajuste dos dois enquanto casal. A gente sabe, claro, do amor de um pelo outro, do histórico, da paixão incessante, do desejo ardente e tantas coisas que os dois cultivaram e relembraram por anos. Mas, agora, indiscutivelmente, começa a haver o desenho dos papéis de um na vida do outro. Talvez isso seja até um resgate de algo que já acontecia nas outras vidas, anos atrás, em que viveram juntos... Quem é que sabe?O envolvimento deles é recente, tudo bem. Estamos há o que? Uns dois meses e meio do primeiro beijo? Petrópolis, que é quando ambos pararam de se negar, tem um pouco mais de um mês. Gramado, duas semanas atrás. É rápido, é intenso e, por isso, é bacana ver como eles se alinham.
César conta com Helena para tomar atitudes sobre a sua vida, por exemplo. Diante do convite de Onofre para que ele assuma a clínica, é bom relembrar que a primeira e única pessoa com quem ele compartilhou a fim de colher opinião, foi Helena, na quarta-feira retrasada. Helena sabe que aquilo não era uma mera notícia ou o pedido de um conselho. Era isso, sim, mas para além do óbvio, o gesto significava César a incluindo em seus planos. César concebendo que as decisões dele, a partir de então, são por ambos. Ele não se vê mais sozinho e, o mais importante, ele não quer que tudo o que ele faça, seja sozinho. Ele age e pensa por dois. Ele poderia aceitar o convite e comunicá-la - como provavelmente fará com a mãe, com os filhos e como provavelmente teria feito com a falecida esposa. Mas ele inclui Helena.
É como ele disse a ela na famosa noite do hotel, ainda no Congresso... Ela faz parte de tudo o que ele é e isso, ele não nega. Tanto que, horas antes dessa confissão íntima, com Helena no seu colo, semi nua, no aconchego do quarto, ele reiterou na frente de uma imensidão de pessoas ao realizar seu discurso e chamá-la, na frente de quem quer que fosse, de "minha mulher, Helena".
Por sua vez, ela também o inclui em tudo. Parece que há incontáveis meses de relação porque qualquer momento, qualquer saída, já não carece mais de convites. César não precisa mais ouvi-la convidando-o para dormir junto dela em sua casa, porque aquilo é natural. No bem da verdade, parece que eles não querem mais ficar separados e, por isso, o status atual é de algo transitório. Eles já sabem que, mais dia, menos dia, estarão sob o mesmo teto, compartilhando rotinas - embora, vale lembrar, Helena não tenha decidido ainda sob qual teto viverão, mas que viverão, é certo.
Então as coisas se encaixam. Os programas são de casais. Sempre nos dias seguintes, após terem dormido juntos, com uma naturalidade imensa, os cafés da manhã são em família. César e Lucas se relacionam. Helena e os filhos do médico, então, dispensam qualquer descrição, pois o vínculo sempre existiu. Os núcleos nos quais eles ainda não estavam inseridos, começam a se aderir nessa trama de amor. Como no congresso, em que Helena desfilou com a configuração de esposa dada por ele diante de todos, ou no almoço improvisado em família que aconteceu na sexta-feira que antecedeu o evento. Como ontem, quando, pela primeira vez, César se relacionou com Hilda e Leandro como o companheiro de Helena e companheiro muito além das noites de amor... Companheiro de vida. Ou ainda, ontem mais cedo, quando até Theo e Luciana puderam ver esse enlace.
E, por último, como agora, que Helena se arruma para, por fim, ir à casa de César. Pela primeira vez. Pela primeira vez, como a mulher dele. Pela primeira vez, com a função que ele desejou que ela tivesse ocupado a vida toda.
Há ansiedade de ambas as partes, cada qual do seu jeito. César é mais... Mais pragmático, então talvez, dentre todos, seja o que está mais leve diante da situação. Marcinha está como sempre esteve diante das possíveis interações com Helena: eufórica. Rodrigo, enfim, calmo. Dona Matilde, um misto de curiosidade com, lá no fundo, uma mágoa por tudo o que viu acontecer. E por isso tudo, Helena, apesar de feliz, está apreensiva. Mas é Helena: à luta! Ela não se intimida.
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Lacunas e Desfechos.
RomanceEsta estória é inspirada na novela e se desdobra em vários capítulos, com a intenção de complementar o enredo deste casal tão querido - sem que haja, no entanto, modificações na trama original. Sabe aquilo que você sempre quis ver na novela, a ce...