29. LACUNAS, parte 014

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*Este capítulo está sendo repostado após Lacunas & Desfechos ter sofrido uma exclusão de setenta partes da sua história, quando contava com mais de cem capítulos e 130k de visualizações. A pedido de vocês, L&D continuará - sempre!

Boa leitura. Com carinho,
Lívia.
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À noite, quando chega em casa, Helena cuida de seu filho e reserva um tempo da noite para terminar de adiantar alguns assuntos e documentações referentes à escola, enquanto César janta com a família e passa parte da noite conversando com a mãe. Os dois estão mais relaxados, mais felizes após terem se curtido um pouco durante a tarde.

Dona Matilde, discreta, não havia mais tocado no assunto do relacionamento do filho desde o dia em que ele assumiu a relação para ela e para os filhos. Depois do jantar, após Marcinha e Rodrigo se retirarem da mesa, no entanto, com o cuidado de mãe, ela tangencia o assunto.

Dona Matilde: Você está bem, meu filho?

César: Estou, mãe. Estou muito bem. - O sorriso no rosto dele é contagiante.

Dona Matilde: Eu tenho percebido mesmo. Você está diferente...

César: Diferente?

Dona Matilde: Muito. Até as crianças comentaram comigo; está mais solto, mais leve, divertido, sorrindo mais...

César levanta as sobrancelhas e sorri, inclinando a cabeça, como quem concorda.

Dona Matilde: Pelo o que se explica, tudo tem ido às mil maravilhas com a Helena.

César: Não tenho do que reclamar.

Dona Matilde: E a Luciana?

César: Isso é algo que eu preciso resolver. Mas digamos que já estamos separados, mãe. A senhora mesmo ouviu o Rodrigo dizer que ela estava aos beijos com o primo no aeroporto... Do mesmo jeito que eu tenho mantido uma relação à parte, ela também tem – ou pelo menos tem a intensão disso.

Dona Matilde: Eu percebi que você pouco tem falado dela.

César: Pouco temos nos visto, mãe. Ou nos ligado. Há semanas não fazemos nada juntos que não seja no ambiente de trabalho. Acho que estamos empurrando para ter a conversa que um precisa ter com o outro. Também, pudera... Até poucos dias, o pai estava internado, eu nessa situação de ter operado o pai dela, que é ex-marido da mulher com quem estou me envolvendo... Tudo isso complicou um pouco para mim e Helena. Mas da próxima semana, certamente não passará.

Dona Matilde: E você está certo disso, César? De que vai abrir para todos o seu passado com ela?

César: Estou, mãe. É o correto a ser feito. E eu quero que todo mundo saiba de tudo, do nosso passado, do presente... E do futuro.

Dona Matilde: Futuro?

César puxa o fôlego antes de continuar e olha pra mãe de canto, em tom de confissão:

César: Futuro. Eu vou pedir a Helena em casamento.

Dona Matilde: Mas César, isso é um passo muito sério, meu filho!

César: Muito sério. E que estamos dando com 20 anos de atraso. Pra quê esperar mais, mãe? Não é a senhora quem diz que eu procurei por Helena em todas as mulheres com quem me relacionei? Pois então: eu a amo, sempre amei. Nós estamos bem, arrisco dizer que bem como nunca estivemos antes. A maturidade só melhorou a nossa relação. E também... Acho que estou ficando careta. Ou perdendo o juízo, como o Onofre me disse. Mas isso de ficarmos nos encontrando só em hotéis, na clínica, quando e se conseguimos... Isso eu não quero mais. Nós dois já perdemos muito tempo e eu não quero desperdiçar mais nenhum minuto. Eu quero viver com a Helena.

Dona Matilde: Você parece um adolescente, meu filho...

César: E é assim que eu me sinto, mãe.

Dona Matilde: – E quando é que eu serei apresentada a minha... Nova nora?

César: Nova? A senhora conhece a Helena há tanto tempo quanto eu.

Dona Matilde: – Eu sei, meu filho. Mas se vão se casar... Eu terei que conviver com ela de alguma forma, não é?

César: – Impressão minha ou a senhora está mais... Dócil em relação a Helena?

Dona Matilde: – César. Você sabe bem que eu acho imperdoável o que ela fez com você, mas eu te vi infeliz no amor durante esses 15 anos sofrendo de saudades dela, meu filho. É a primeira vez que eu te vejo feliz de novo, amando outra vez... Eu preferiria que isso estivesse acontecendo com outra mulher, é claro. Mas, no fundo, nós dois sempre soubemos que só tinha espaço pra Helena na sua vida, não é? O que me importa é: você está feliz?

César: – Estou. Estou muito feliz.

Dona Matilde: – Então, pronto. Que mãe não gosta de quem faz seu filho feliz, César? Mesmo que seja a Helena... Eu sempre gostei muito dela, sempre nos demos bem, você sabe.

César: – Sei, eu me lembro. Mas mal conversaram quando ela esteve aqui em casa, nas duas ocasiões.

Dona Matilde: – Claro. Assim como você, eu não pretendia ter que me relacionar com ela outra vez e ainda estava, digamos, em choque com tudo aquilo. Mas já que é assim, meu filho... Eu quero mais é que possamos viver em paz, todos nós. Traga ela aqui.

César: – Em breve, em breve. Ela nem aceitou o meu pedido ainda... Vai que eu levo um terceiro fora, já pensou?

Dona Matilde: – Pelo o que eu vejo de você e ouço as crianças dizendo... Acho difícil. Você merece ser feliz, meu filho. Oro todas as noites por isso.

César se retira da mesa bem feliz e vai para o seu quarto onde, depois do banho, pensa nos compromissos do dia posterior, na ideia que teve e como pretende realizá-la.

O que será que vem por aí?

O que será que vem por aí?

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