Mansão Andrade de Melo, uma tarde cinzenta de domingo. Os dois estão no quarto do médico gastando tempo com conversas sobre assuntos sem fim, enquanto Lucas se distrai na companhia de Marcinha e Rodrigo. Tudo estava calmo, até Helena se recordar da revelação, diante dos filhos, sobre o tal apartamento de Ipanema e, de imediato, ambos serem transportados para as lembranças que possuem de uma noite em especial - a tal noite do bolo que quase resultou em um incêndio, claramente por estarem ambos ocupados e muito bem ocupados, por sinal.Tanto que eles se alongam nos pensamentos e quando voltam em si, a de fato conversarem, percebem que os dois estiveram presos em recordações e recordações de momentos particularmente diferentes. Eles rirem do ocorrido e é aí que Helena, que esteve quase o tempo todo recostada em César e amparada pelos seus braços, volta a erguer o corpo, sentando-se enquanto ainda está presa em uma crise de riso.
Helena: – César! Explique-se, rapidamente.
César: – Com prazer...
Inocência por parte de Helena aquela sugestão. Os dois, lembrando-se do que se lembraram, não passariam impunes. Eles são aquele tipo de casal permanentemente em estado de furor, daqueles cuja qualquer deixa, qualquer piadinha, qualquer frase solta é um banquete para segundas intenções e ela ainda pede por... Explicações? César abre um sorriso largo e com um charme particularmente sedutor, envolvido por um desejo que o acompanhou durante todo o tempo que montou e remontou os gemidos dela naquela noite de vinte anos atrás, ergue seu tronco em direção a ela. Helena quer reagir, quer frear, mas também está no mesmo clima de desejo e, no bem da verdade, parece querer pagar para ver o que virá, qual será a tal... Explicação.
Nessa erguida de tronco, o braço dele age simultaneamente indo em direção ao pescoço dela. Helena está sentada, ereta, firme, dominante e César se rende a ela. Mão no pescoço, rosto em desnível, boca que beija demorado a região logo abaixo da orelha. Ela fecha os olhos e se perde de vez quando, do beijo, a boca dele se arreganha para soltar um chupão vagaroso, arrastar a língua molhada de forma pesada em uma daquelas provocações que a gente deseja que dure a vida inteira.
Helena flerta entre o gemido e a repreensão, a entrega e a razão. Espalma a coxa dele, a boca se abre, parece procurar o que dizer. Balbucia palavras que não saem, se perde na trilha de beijos babados que ele arrasta até o queixo dela, até que tudo que sai é um...
Helena: – Meu bem...
Ele beija o canto da boca dela.
César: – Oi...
Helena: – Meu bem...
Ela repete. Dessa vez, mais arrastado, mais sofrido e ele se diverte com aquilo. Vê-la tentando se segurar e quase não conseguindo é mesmo uma das coisas que ele mais gosta de sentir. Talvez por isso, a provoque tanto. E goste de ser provocado também, é claro. Mas ele entende e para pra vê-la, olhando em seus olhos, o rosto ainda próximo, a mão ainda posicionada em seu pescoço, com os dedos firmes adentrando os cabelos.
César: – Eu achei que era para eu explicar, poxa vida.
Ela gargalha, abrindo os olhos. Ele abre um sorriso instantâneo - pela cara de pau da frase dita por ele, mas principalmente por se deixar levar no som delicioso da gargalhada e alegria dela.
Helena: – Eu dou corda. Eu não sei porque eu dou corda, eu conheço esse seu... Esse seu jeitinho cafajeste, gostoso... Sempre esperando o momento certo para dar o bote.
César: – Eu, Helena, eu? Você pede, você pede... Eu só não resisto.
Mais risadas. Ele volta a encostar o corpo no sofá nesse meio tempo, se ajeitando de maneira confortável. Quando Helena cessa as risadas, ele ainda a olha com um olhar um pouco mais profundo, talvez enigmático, apesar de sustentar um sorriso de canto o tempo todo.
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Lacunas e Desfechos.
RomanceEsta estória é inspirada na novela e se desdobra em vários capítulos, com a intenção de complementar o enredo deste casal tão querido - sem que haja, no entanto, modificações na trama original. Sabe aquilo que você sempre quis ver na novela, a ce...