96. [Lacunas] Parte 81

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Sexta-feira, 26 de Setembro de 2003.

É próximo ao horário do almoço. Na sala de convívio da Clínica Moretti, Afrânio e Onofre gastam alguns minutos livres entre conversas cotidianas; numa dessas, tentam combinar drinks para a noite de sexta-feira, combinam horários para encontrarem-se no Nick Bar após o expediente e é exatamente nessa deixa que César abre a porta.

Alfredo: Perdemos mais um, o mais ilustre do clube dos solteiros.

César: – Hahaha. É de mim que vocês estão falando?

Onofre: – O galã da Clínica Moretti: o próprio.

César: Hahahaha. Que exagero.

Alfredo: – A Helena... Não deixa? Não gosta? 

O médico faz alusão a ele juntar-se a eles na noite de drinks enquanto César puxa uma das cadeiras da mesa redonda para sentar-se, mas o cirurgião fica confuso por ter pegado a conversa pela metade; ele não entende nem o porquê dos elogios, nem a associação do nome da Helena com o assunto.

César: – A Helena?

Alfredo: – É, porque tem mulher que se incomoda, que não gosta que o marido ou o companheiro curta certa boemia, que saia para beber com os amigos... 

César: Não, a Helena, não. A Helena é muito segura, nós não temos esse tipo de problema.

Onofre: – A Helena realmente é muito segura. Também, pudera... Uma das mais belas damas. E sábia também: percebeu cedo demais que para prender o incorrigível aqui, é só deixar ele solto.

César: Ah! Hahahaha. 

Onofre: – Estou mentindo?  Taí a Laura que não me deixa mentir: essa queria porque queria colocar uma aliança no seu dedo de qualquer jeito e você fez o que? Correu sete léguas de distância. Já com a Helena, você correu... Mas correu atrás e com a aliança no bolso e tudo!

Os dois gargalham, se divertindo dessa intimidade que possuem para brincarem um com o outro.

Alfredo: – Como é que é essa história?

César: Nada disso, o Onofre é quem está querendo queimar o meu filme... Hahaha. Pô, Onofre, e a minha reputação?

Riem os três e, por fim, Afrânio anuncia sua partida.

Alfredo: – Bom, eu vou logo almoçar antes que eu me atrase para o meu compromisso. Até logo.

César: Até.

Os dois assistem à partida do médico e quando estão a sós novamente, retomam o diálogo com ares de compadresco. 

Onofre: – E então? O jantar de amanhã segue de pé?

César: Segue, claro que segue. Se a Helena não entregar pessoalmente o convite para os padrinhos, ela não vai me perdoar. Na verdade, ela quase não me perdoa por ter praticamente só duas semanas para organizar essa cerimônia. Estou vendo que vai me custar caro essa pressa na próxima festa, viu.

Onofre: – Próxima?

César: Próxima. O divórcio dela e do Theo ainda não saiu, você sabe. Assim sendo, essa será mais... Mais simbólica. Depois do divórcio, queremos uma comemoração como achamos que essa história merece.

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