𝐁𝐞𝐚𝐮𝐚𝐧𝐲+| Any é uma garota que assim que nasceu foi deixada em um orfanato no Brasil, lugar onde sofreu preconceito por ser negra e ter cabelo cacheado.
Por sorte a pequena conseguiu ser adotada e hoje é feliz morando com seu pai.
Any é uma...
Destino: Sucessão de acontecimentos que não se consegue evitar; fado
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Any Gabrielly Segunda-feira | Agosto de 2021
Meu celular desperta e eu bato a mão na mesinha que fica ao lado da cama procurando.
Peguei ele e cliquei na tela fazendo aquele barulho parar.
Um suspiro escapa da minha boca e cubro minha cara. Mais um dia naquele lugar.
Joguei a coberta para o lado e segui até o banheiro para fazer minhas higienes matinais. Rotina chata, porém necessária.
…
Saio do banheiro e sigo até o meu closet.
Peguei uma calça jeans, uma blusa de manga curta e meu moletom que quase chegava no meu joelho de tão grande.
Me olhei no espelho e fiz um rabo de cavalo no cabelo.
Posso ser bonita, mas minha vontade de sair por aí mostrando meu corpo ou usando uma roupa que não gosto só para agradar alguém me dá preguiça. Gosto de me sentir confortável, a opinião dos outros foi algo que deixei de me importar há muito tempo.
Calcei meu tênis, peguei meu celular e joguei a mochila nas costas deixando o quarto.
Desci as escadas correndo e segui até a mesa do café.
— Bom dia, senhorita Soares. — disse Jade com um pequeno sorriso.
Jade trabalha aqui desde que cheguei, meio que cuida do lugar deixando os funcionários organizados, sem contar que é uma excelente cozinheira também.
— Bom dia Jade. — digo me sentando. — Meu pai não desceu ainda? — pergunto vendo ela colocar o suco no meu copo e pego algumas torradas.
— Não, mas já deve estar descendo. — assenti pegando minha geleia de morango. — Licença. — disse se afastando.
Não demorou nem dois segundos e eu escutei meu pai descendo as escadas.
— Bom dia meu amor. — virei meu rosto com um sorriso e ele beijou minha bochecha.
Lhes apresento, Alberto Soares, meu adorável pai.
— Bom dia. — digo vendo ele sentar ao meu lado.
Nasci no Brasil e vivi lá até os meus 7 anos. Devo dizer que minha infância não foi das melhores e isso meio que me traumatizou um pouco.
Beto — que é como adoro chamar ele — morava no Brasil, mas sempre viu uma oportunidade maior de crescer fora, por isso moramos em Los Angeles hoje.
Morar em um orfanato foi a pior experiência da minha vida, se passaram anos, mas lembro perfeitamente de tudo. As pessoas mais velhas deveriam ser um exemplo, mas quando viam uma criança me faltando com respeito deixava de lado porque éramos "crianças". Eu podia ser nova, mas entendia perfeitamente quando "brincavam" com o meu tom de pele e falavam que meu cabelo era duro.
