🍸🍎Capítulo 72🍎🍸

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Cidade do México...

Era uma manhã calma, ao menos deveria ser, apenas Roberto estava acordado em sua casa, tentando escrever um poema que viesse de sua alma e de seu coração. Mas a sua mente estava perturbada demais para isso, suas mãos tremiam e suavam muito, quase não conseguia segurar a caneta em suas mãos, sua cabeça doía muito, quase como se estivessem a martelando. Sua alma era de poeta, apesar de tudo o que já foi capaz de fazer em sua vida, mentir, omitir, e até mesmo de matar, mesmo que fossem pessoas de má indole, e sem caráter nenhum. Quando um poema lhe veio a mente, assim que ele começou a pensar em sua filha... Um poema que vinha do fundo de sua alma, de dentro de seu coração, mas que mesmo assim era muito pouco, comparado ao que ele realmente sentia pela sua filha, que ele havia apelidado de Bonequinha, assim que a segurou em seus braços, pela primeira vez, assim que ela nasceu.

Filha...

Eu não te vi crescer...

Não pude te ensinar

A dar seus primeiros passos, a falar...

Teu pai, minha pequena, e doce menina, infelizmente, eu não pude ser...

Isso fez meu coração doer,

Chorar, arrebentar...

Em mil pedaços, se quebrar, sangrar...

E lentamente morrer...

De meus braços, pequenina, fostes arrancada...

Nesse dia uma parte vital de mim morreu...

Deixando minha alma mais que alquebrada...

Meu peito, então, de cólera, se encheu...

Deixando a minha vida, completamente amargurada...

Mas por ti, tudo pôde mudar... Até mesmo minha alma, que renasceu...

Mais um poema, um soneto, na verdade, que Roberto sentia que não estava bom, de modo, que ele arrancou a página de seu caderno de capa dura, a amassou e jogou fora, estava prestes a escrever mais um poema quando Rosaura lhe ligou. A mulher parecia desesperada, como se tivesse descoberto algo muito grave, parecendo até mesmo, que estava fora de seu controle, de sua razão.

- Quando ia me contar que a tal Roberta também era filha do Gustavo? Quando, Roberto? Vamos, me diga! Eu preciso saber, necessito, na verdade, então seja homem, e tenha a decência e coragem de responder as minhas perguntas, Roberto, já que é o mínimo que você me deve, depois de tudo que já fiz por você, chegando até a arriscar a vida do meu filho e a minha - Ela pergunta exaltada, aos gritos, praticamente; meu filho não pode se envolver com essa moça, ela sendo filha de quem é...

- Você foca tanto nos segredos dos outros, que muitas vezes se esquece do seu próprio; ele diz isso de uma maneira calma e fria, que chegava a assustar e gelar a espinha de quem o escutasse naquele momento - Sim, eu sei do seu grande segredo... Segredo este que envolve a verdadeira origem de Rafael, pode enganar quem quiser, Rosaura, menos a mim, que te conheço muito bem, e sei cada um de seus segredos...

- Tanto como eu sei dos seus, Roberto, talvez até mais; ela suspira, sua voz estava rouca, como se sua garganta estivesse seca, e o modo que ela falava, indicava que havia chorado antes de lhe ligar - Mas a questão aqui não é o meu segredo, mas sim a relação incestuosa de meu filho com a filha da Josefina...

- Esta relação seria incestuosa; respira bem fundo antes de prosseguir - Se eles fossem irmãos, de fato, coisa essa que os dois não são, e sabemos muito bem disso, não é mesmo, Rosaura?

- Sinceramente, é muito difícil falar com você; foi a vez dela de suspirar bem fundo, antes de continuar - Consoderando que você sempre tem um argumento na ponta da língua e uma resposta pronta também, antes que eu sequer pense em alguma coisa inteligente o suficiente para te calar de uma vez...

Amores que sangram....Onde histórias criam vida. Descubra agora