No capítulo anterior...
- Tenha paciência, Augusto; ele estava restaurando um livro muito antigo de Shakespeare, Romeu e Julieta, a primeira versão, escrita pelo autor, o que aliás, não lhe saiu nada barato, diga - se de passagem, um de seus preferidos - Você sabe que preciso deste homem vivo... Que nós dois precisamos dele vivo... Para que assim possamos nos vingar da pessoa que provocou aquele maldito acidente que quase nos matou e tirou a vida dos seus pais...
- Não precisa me lembrar disso; por alguns instantes seus olhos se enchem de cólera - Só espero que você não se arrependa de confiar tanto à um homem como Juan Cristóbal, que mais de uma vez, se mostrou um verdadeiro inútil... Um covarde, que pode nos trazer mais de um problema... Mais problemas do que já temos.
- Quanto a isso não se preocupe; Ele para o que estava fazendo, por alguns instantes - Esse homem está inteiramente em minhas mãos, sei muito bem cada passo que ele dá, então não se preocupe; analisa o rosto de Augusto pelo que parecia ser uma eternidade - Mas não é só isso que te preocupa, pelo que eu estou vendo... Aposto que essa sua irritabilidade tem nome e sobrenome, e se chama Jerónimo Linares de la Fuente, ou estou enganado?
- Não; dá de ombros - Não está, a questão é que eu não confio no Jerónimo e vice versa e tem mais; pensa um pouco - E se ele der para trás igual o Rafael? E se ele se apaixonar pela senhorita Alvaréz, igual o tonto do irmão dele? Você já parou para pensar nisso? E no que faremos, caso isso venha a se repetir?
- Claro que já; ele lhe fala de um modo quase sinistro - E é como dizem, acidentes acontecem... E o pobre Jerónimo, pode muito bem o mesmo destino trágico do irmão, o que seria uma lástima quase que inevitável...
- Você seria capaz disso, Santiago? - Ele lhe pergunta estreitando os olhos e juntando as sobrancelhas; você seria mesmo capaz de matar alguém, mesmo que fosse o estúpido do Jerónimo, só para se vingar?
- Você não? - Ele lhe responde com outra pergunta; por que eu sim... Eu sim, seria capaz disso e muito mais...
- Sabe, tio; lhe fala um pouco preocupado e receoso também - As vezes você me assusta... E muito, tio Santiago...
Agora...
- A vida me deixou assim; lhe diz sem desviar os olhos dos dele - Meus erros me transformaram no que sou... E eu assumo parte da culpa, por ser assim, porque a outra é daquela mulher maldita, que destruiu a minha vida, mas não precisa ter medo de mim Augusto... Não quando para mim você é muito mais que um filho...
- Eu sei muito bem disso tio; o olha nos olhos - E o agradeço muito por tudo que fez por mim, em nome da minha mãe, sua única irmã.
- E em nome dessa gratidão, que você diz sentir por mim; o observa com cautela e desconfiança - Lhe peço um pouco mais de paciência...
- Tudo bem, Santiago... Tudo bem; por fim aceita a decisão de seu tio - Faremos como você achar melhor.
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Gonçalo era um homem infeliz, ele estava casado com uma mulher que não amava, estando apaixonado por uma que nunca o perdoaria. Ele era um bom homem, de nobres sentimentos, de boa índole, e que amava os filhos acima de tudo, e por esse amor continuava casado com Josefina, mesmo que isso o matasse por dentro, lentamente. Em seu escritório, tudo que Gonçalo conseguia fazer, era arrumar uma maneira de limpar o nome de sua querida Renata, que sem que ele soubesse o porquê, o lembrava tanto Regina, a mulher que mais amou em sua vida... O grande amor de sua juventude.
- Sabia que te encontraria aqui; Josefina entra sem nenhuma cerimônia no escritório dele, e se senta a sua frente, como se tivesse todp o direito do mundo - É madrugada, são quase quatro horas da manhã, e você aqui no escritório, como se não tivesse uma esposa, me deixando sozinha na cama, como uma qualquer...
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Amores que sangram....
CasualeO amor surge nos momentos mais iconicos, nas leves brisas da primavera, no encanto outonal de folhas dançando no vento, ou simplesmente na chuva que cai dando vida e esperança para dias melhores. A vida não foi nada fácil para a bela e determinada R...