Cidade do México...
Amar é querer ver as pessoas que amamos, mesmo que não seja ao nosso lado, diferente de obsessão, onde acreditamos que as pessoas por quem somos obsecados, nos pertencem, como se fossem meros objetos, e que elas só serão felizes, se estiverem ao nosso lado. Ou seja, Antonio não amava Regina, era mais obsecado por ela, pois a queria somente para si, se esquecendo do mais importante, ela não o amava, como ele queria, e certamente jamais o amaria assim. Desejar Regina, sonhar com ela todas as noites, com seus beijos, suas carícias, seu toque, suas delicadas e pequenas mãos a percorrer por toda a extensão de seu corpo, era mais que uma fixação para Antonio, era uma obsessão, que o deixava cada dia mais demente e sem limites em suas más ações. Em sua casa, se sentindo mais solitário do que nunca, Antonio pensava em Regina, e também numa forma de se vingar de todos os seus inimigos, dona Carla, Jerónimo, Rafael, Gonçalo, Honório, Constança, Marcelo García, o sobrinho dele, Augusto, Juan Cristóbal, e quem mais ousasse se meter no seu caminho.
- A Regina ainda será minha, juro que vai, por bem... Ou por mal... Mas juro, que essa mulher ainda será minha; se serve de mais uma dose de licor, dupla, dessa vez - Querendo ou não, a Regina vai ser minha, eu ainda hei de dobrar essa mulher, custe o que custar, e aí daquele que ousar se meter no meu caminho... Eu mataria qualquer um que ousasse tirar a Regina de mim, sendo que ela é minha e de mais ninguém! Ela é só minha! Só minha! Essa mulher, que foi feita para mim, só que ela ainda não percebeu isso, naturalmente...
- falando sozinho agora? Essa é nova; era Josefina, prestes a tornar o seu dia, ainda mais insuportável - Conversar sozinho, por si só, já é um forte sinal de demência, não sabia? Pois se não sabe, deveria saber, Antonio, nossa, como a gente se surpreende com as pessoas, e sempre da pior forma possível... Logo você, um homem sempre tão sensato, elegante, e inteligente, perdendo o juízo assim, dessa maneira, e por causa de uma mulherzinha tão simples e simplória, que nem sequer vale isso tudo, que você imagina... Orgulho ferido, eu presumo, já que pessoas como você, são incapazes de amar... Ela te rejeitou, mais de uma vez, quando muitas mulheres só te disseram sim, e agora você a deseja mais do que tudo na vida... Você deseja a Regina, mas não porque a ama, ou está apaixonado por ela; sorri de modo cínico e debochado - Mas sim, porque ela te rejeitou mais de uma vez, como se você não valesse nada, e não te quis nem como uma segunda opção na vida dela... O que te torna ainda mais patético, do que você já era.
- Eu odeio quando você aparece aqui na minha casa, e ainda mais sem me avisar; se aproxima dela, com seus olhos vermelhos, cheio de olheiras roxas debaixo deles, como se não dormisse direito há dias - A Regina já desconfia de mim por culpa dos seus filhos, a idiota da Roberta e o insuportável do Jerónimo, duas pedras no meu sapato... Imagina se a Regina te vê aqui, ela é uma mulher inteligente, e logo vai perceber tudo, por que está aqui, afinal?
- Vim pedir por algo que você não tem, e nunca teve - Ela tentava parecer calma, mesmo que por dentro, estivesse muito nervosa; vim te pedir compaixão, que poupe os meus filhos, de sua ira, do seu ódio mais que descomunal e vingativo, da sua cólera, e principalmente do seu rancor, sei que por causa deles, seus planos não deram certo, mas mesmo assim, por favor não faça nada contra eles, até porque, pelo menos a Roberta, ela... Você sabe, ela é sua filha, também...
- E por que eu faria isso, Josefina? - Pergunta irritado; já que por culpa dos inúteis dos seus filhos, eu estou prestes a perder a única mulher que fui capaz de amar em minha vida! E isso, ao meu ver, é bem mais do que imperdoável, minha "querida"...
- Pelo que vejo, você não vai mesmo atender ao meu pedido; ela suspira bastante frustrada - Seja o que faça contra eles, só não os mate, por favor, eu estou implorando...
- Mas que cena mais tocante e emocionante de se ver; começa a debochar dela - Uma mãe se preocupando com os filhos, é algo que quase me faz chorar... Mas só quase mesmo; pensa um pouco - Mas não se preocupe, Rosana; disse o nome verdadeiro dela, apenas para irrita - lá mesmo - Eu não penso e nem vou matar os seus filhos, o que não quer dizer que eles não vão pagar pelo que me fizeram... Quero que eles sofram... E sofram muito... Bem mais do que eu estou sofrendo agora, sem ter a Regina aqui, bem do meu lado... E para que isso aconteça... Para que eles sofram, como realmente merecem, os seus "preciosos" filhos não podem morrer de maneira nenhuma, sendo que isso, significaria um corta clímax bem no meio do ato em que estamos dessa nossa trágica e cômica peça de teatro, que se chama vida, que por ironia do destino, ainda não é o seu último, ou seja não estamos no nosso ato final...
![](https://img.wattpad.com/cover/261671403-288-k20630.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amores que sangram....
AcakO amor surge nos momentos mais iconicos, nas leves brisas da primavera, no encanto outonal de folhas dançando no vento, ou simplesmente na chuva que cai dando vida e esperança para dias melhores. A vida não foi nada fácil para a bela e determinada R...