Cenas do capítulo anterior...
- Sei que você não queria estar aqui, meu querido; ela diz isso enquanto os dois tomam café apressadamente no quarto de hotel, perto da cama que dividiam para pagar menos a diária do quarto - Posso sentir isso em seu olhar, mas pense pelo lado bom, vamos jogar aquele joguinho do contente, onde tudo poderia ser bem pior, do que realmente o é.
- Não dá, mãe; ele diz isso meio emburrado, o que o deixou ainda mais parecido com o seu pai - Esse jogo além de ser muito chato, me lembra, e muito, um livro que eu odiei ler, e que foi tema de uma prova muito chata de português, além do quê, não estou no clima para jogos, principalmente agora, que estou tão longe dos meus amigos...
- Principalmente da sua namorada, que eu sei ; nisso ela começa a ficar muito enjoada, mas logo disfarça, bebendo um gole de seu café - Eu sei que sente falta de Madrid, mas lá não tem o que procuramos, não é lá que o seu pai está.
- Meu pai? - O garoto pergunta franzindo as duas sobrancelhas e estreitando seus olhos azuis, tão parecidos com os do pai; você nunca me falou dele antes, esse assunto era até uma espécie de tabu em nossas conversas, o que te fez mudar de opinião, em relação a isso? Pode me contar?
- Nada demais; diz isso tentando não evidenciar ainda mais o seu nervosismo, cada vez mais crescente em seu semblante - Só achei que você tinha o direito de conhecer o seu pai, já que estamos aqui, no país onde ele mora, nosso tão amado México, enquanto tento arranjar um novo trabalho, nada mais justo.
- Preferia ter continuado em Madrid; o garoto estava visivelmente chateado com aquela mudança - Vivi muito bem até agora, sem o meu pai, quinze anos, quase dezesseis, poderia muito bem ficar a vida toda sem ele, que na boa, não me faria a menor diferença, já que tenho você, mamãe... Mas se você acha que o México é o melhor para a gente, fazer o que, né?
- O que estou fazendo, e sempre fiz; ela começa acariciando uma das mãos do garoto, que estava sobre a cama - Tudo que faço, Arturo, é sempre pensando em você, raramente penso em mim, pois te amo mais do que tudo, meu filho, nunca duvide disso.
- Assim como eu te amo; Arturo finalmente sorri, depois de vários dias emburrado, e de mau humor - Vamos fazer isso dar certo, a gente encontrando, ou não, o meu pai; ele diz isso um pouco mais otimista - Até porque o México não é tão mau, quanto eu imaginei que seria antes de chegar aqui, e podia ser bem pior, se eu não tivesse você aqui comigo.
- Esse é o espírito; fala de uma maneira doce e suave - O verdadeiro espírito do jogo do contente.
- Menos mãe; sorri meio amarelo, envergonhado - Não força...
.....
- Calma, bonita; ela conhecia aquela voz e o toque daquelas mãos nas suas, suaves como seda - Sou eu, seu Rafael; isso faz com que Roberta abra os olhos, e o abrace emocionada - E eu seria incapaz de te machucar, minha linda; começa a acariciar e esfregar as costas dela, com movimentos circulares, que aos poucos a estavam deixando bem mais calma - Basta confiar em mim, meu amor... Sei que não deveria estar aqui, mas a saudade e a preocupação constante, que sinto por você, falaram bem mais to do que todo o meu bom senso, e cá estou aqui, bonita, ao seu lado, para o que der e vier.
- Rafael, ah, meu querido, é tão bom sentir o seu corpi junto ao meu mais uma vez, mesmo que seja egoísta da minha parte te dizer isso, me sinto e. Paz perto de você, nos seus braços, onde mais me sinto segura no mundo; sua voz estava mais chorosa e abalada do que o normal - Mas você não deveria estar aqui... Não depois que a minha mãe tentou te matar; ela diz o abraçando com bastante força, quase como se tivesse muito medo de que ele fosse arrancado de seus braços a qualquer momento - E eu tenho medo... Muito medo na verdade... Um medo quase que insano, de acabar te perdendo de novo, eu não ia suportar isso mais uma vez; fala isso entre soluços entrecortados - Se eu chegasse a te perder de novo, Rafael, acho que não teria mais forças para continuar... Eu morreria sem você, da mesma maneira que uma parte de mim morreu, quando matei o nosso filho... Coiss pela qual me culpo e me condeno, até hoje...
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Amores que sangram....
AcakO amor surge nos momentos mais iconicos, nas leves brisas da primavera, no encanto outonal de folhas dançando no vento, ou simplesmente na chuva que cai dando vida e esperança para dias melhores. A vida não foi nada fácil para a bela e determinada R...