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Enquanto Elize assistia do quarto os carros parando e muitas pessoas indo até a casa dos De Angeles mais aquele aperto no peito parecia não diminuir. A morena se lembrava dos bons momentos que viveu com o outro, aquilo era insuportável, ela queria poder voltar para à noite em que o conheceu. Ela viu todos eles chorando sem parar, queria poder não sentir toda aquela culpa.

Stephen De Angeles você estará sempre em todos os corações, era o que ela dizia internamente. Ainda não entendia como alguém como ele pôde morrer daquela forma, ele era tão bom, com um coração que mal cabia no peito. Queria poder segurar a mão dele e dizer que tudo ficaria bem.

Elize viu Ulrich, ele estava com rosto um pouco ferido, assim como mais algumas pessoas por ali. O som da porta sendo aberta a tirou daquele transe, ela viu Callan, ele usava um terno completamente preto, assim como ela usava um vestido da mesma cor.

– Seu pai me pediu para buscá-la. — Callan disse.

– Claro. — Ela deu um sorriso fraco e secou as lágrimas.

– Não precisa ir se não quiser. — O moreno deu passagem para ela.

– Está tudo bem. — Ela disse.

Callan estendeu o braço e Elize o segurou, eles foram assim para o velório. A morena sentia aqueles olhares sobre ela, se sentia um peixe fora d'água, eles pareciam odiá-la. Callan os olhava de volta, retrucando com ameaças qualquer olhar julgador que ela recebia. Seu coração batia forte, ela logo chorava, Eric não pôde ficar perto da filha pois ele tinha que estar ao lado de Orlando e Maria no momento.

As pessoas prestavam suas homenagens a Stephen, eles falavam coisas e sobre os lados do moreno que Elize nunca chegou a conhecer, ela se sentia horrível.

– Stephen era carinhoso, eu o amava muito, tive orgulho de poder ser a noiva dele, por mais que não tenha durado. Você sempre fará parte de mim, Ste. — A mulher de cabelos cor de mel disse.

– Obrigada, Cinthya. — Maria disse.

Elize encarava o chão, Elize queria poder sumir, Callan estava quase vendo a garota se enfiar em seu bolso. O rapaz de 1,85 segurou a mão dela e a guiou para dentro da casa novamente, a vendo se desmanchar em prantos, enquanto tinha a mão no rosto, para abafar o choro. O mundo insistia em cair sobre os ombros dela, ela ouvia atentamente eles ainda falarem sobre Stephen.

Callan se aproximou com um copo d'água, ela bebeu um pouco e ele lhe estendeu um lenço. Elize sabia que ela não era bem vinda em muitos lugares, ela sabia que as pessoas iriam culpá-la pela morte precoce de Stephen.

– Vamos dar uma volta. — Callan disse.

– Uma volta? — Elize o encarou.

– Sim. Vamos lá, levante-se. — Ele estendeu a mão e os dois saíram.

– Queria poder voltar no tempo, Callan. — Elize disse enquanto entrava no carro.

– Eu sei que sim. Sei também que está assustada. — Ele dava marcha à ré no carro.

– Não queria que nada fosse assim... — Ela olhava pela janela.

– Não se pode se livrar dos fantasmas do passado agora, mas algum dia você vai. — Callan seguia pela estrada.

[...]

Quando eles chegaram haviam poucas pessoas lá, ela viu Ulrich se aproximar dela, ele a encarou, como se pudesse ver a alma de Elize, e então olhou para Callan, que tinha aquela aura superprotetora sobre ela, ele deu um sorrisinho se lembrando de Stephen. Elize o olhava um pouco apreensiva, ela não sabia o que passava na cabeça dele, se ele iria culpá-la ou não.

Ulrich coçou a nuca, enquanto procurava palavras para dizer algo pela garota que seu único amigo deu a vida.

– Sabe, seria bem mais fácil se eu te culpasse por tudo isso aqui. — Ulrich disse.

– Eu sei... — Ela disse.

– Se você veio aqui para dizer isso dê o fora. — Callan disse.

– Mas ele jamais me perdoaria por isso, Elize. Te culpar só me faria anular todo o inferno que você passou lá, e eu sei que ele não morreu em vão. — Ulrich sorriu triste.

– Sim... — Ela mordia o lábio.

– Por favor, cuide do legado dele para mim, sim? Ah, e antes que eu me esqueça, antes de partir ele iria te entregar isso, uma pena que não deu tempo. — Ulrich tirou do bolso uma carta.

– Obrigada. — Ela pegou a carta e apertou contra o peito.

– Fique bem, Elize. — Ele enfiou as mãos nos bolsos e saiu.

A morena olhou para o envelope, nele havia escrito "uma cara para a minha doce Elize", ela suspirou e abriu o papel, tirando a folha branca com a caligrafia bonita de Stephen escritas com uma caneta de tinta preta. Haviam tantas coisas que ela gostaria ter dito à ele, ela sempre acabava pensando que se Deus existisse ele com certeza a odiava, pois sempre acabava tirando aqueles que ela mais amava.

Elize engoliu o choro antes de começar a carta, sentia seu coração bater forte como um tambor, fazendo um frio na barriga surgir.

“ Minha querida Elize. Eu escrevo para você hoje com o coração pesado e dolorido. Eu escrevo o que por anos eu não pude dizer. Eu tenho te amado desesperadamente desde a primeira vez em que você sorriu pra mim. Sua mão na minha é tudo o que eu tenho ansiado. Eu tenho ido ao Japão não para me encontrar com a máfia, mas com você. Eu ficava horas depois do trabalho, não para fazer horas extras, mas para ver você. Eu tenho rezado toda noite, não por mim ou minha família, mas por você, sua felicidade e sua saúde.

Eu tenho rezado por um vislumbre de você me ver. Me entristece que agora só irei conseguir beijar seus lábios no céu. Eu não preciso de rios de mel e almofadas luxuosas e o conforto que fomos prometidos. Eu só quero estar em seus braços. Eu amo a nossa fé, mas meu destino e o seu nunca saberão a ligação que tivemos. Pessoas nos viram e disseram, "eles são irmãos mais do que melhores amigos". Oh como eles não sabiam que eu morria por dentro por você. Espero na verdade, eu imagino que você também me ame, que você me imagina brincando com você quando estávamos sozinhos, como eu costumava fazer.

É esquisito dizer, mas eu espero que você lembre do meu perfume. É egoísta dizer, mas meu amor, eu estou esperando por você. Ulrich me perguntou por quê as vezes fico triste de repente. Como posso dizer a ele que uma pequena, mínima tarefa que fiz me lembra você? Como posso dizer a ele que te amei mais do que a mim mesmo? Por favor se lembre de mim. Eu não pedirei a você para me amar de volta, mas por favor, saiba que nesse mundo, tem um cara que deixaria seu mundo inteiro por você. ”

O coração de Elize se quebrava ainda mais, Stephen havia confessado seu amor por ela e aquilo havia sido como facas atingindo o corpo dela simultaneamente. Era sufocante, não conseguia respirar, sua visão completamente embaçada por causa das lágrimas e então o papel começar a molhar por causa delas. Ela caiu de joelhos, enquanto abraçava a carta do homem que ela amava de um jeito diferente.

Ela não conseguia ouvir nada ao seu redor, apenas aquele zumbido que não cessava, ela estava sozinha de novo. Elize realmente nunca deixaria sua casca, aquela não era ela, nesse momento, quem ocupava aquele corpo era apenas um fantasma ou dois.

Confissões com certeza não eram o forte dela, mas se arrependia por ter começado a amar o cara errado. Suna com certeza a fez sorrir e a alegrava, mas não havia outro como Stephen, e ela nunca mais iria sorrir de novo como sorria com ele. Elize estava em casa, mas estava sem aquele que mais quis que ela retornasse sã e salva. Na verdade, ela já não sabia mais como sentir amor.


















N/A: Caramba... meus amigos, eu estou no chão com issokkkkkkkkk sério eu sou uma mal amada.

Gente, essa carta foi escrita por uma moça que era apaixonada pela melhor amiga dela, eu só alterei e adicionei mais algumas coisas. Quando eu li essa carta pela primeira vez eu fiquei "putz o stephen com a elize".

Estou entrando em colapso com isso, eu queria não ficar triste com a própria tristeza que eu causo.

Não revisado.

 𝐓𝐖𝐎 𝐆𝐇𝐎𝐒𝐓𝐒 ─ 𝐒𝐔𝐍𝐀 𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀𝐑𝐎𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora