Verona havia escolhido uma roupa menos formal para Elize, um jeans rasgado e um moletom branco, em seus pés haviam apenas meias, elas estavam no quarto quando ouviram a voz de Luca. Um desespero se instalou dentro dela, era como se tudo agora parecesse inalcançável. A ruiva segurou a mão da mais nova e a olhou, apesar do pouco tempo de convívio, Verona gostava bastante da morena.– Vai ficar tudo bem, Elize. — Verona sorriu.
– Se ela me culpar, por favor, não diga nada. — Elize a olhou.
– Mas, Elize- — Verona começou e Elize tocou a mão dela.
– Por favor, Verona. — Elize apertou a mão dela.
– Não quer dizer que eu concorde. — Verona a ajudou a se levantar.
Eric estava lá embaixo com os outros, Orlando estava abraçado com sua esposa, que tinha o rosto abatido. Elize começou a descer e seu coração bateu mais forte, vendo a mãe de seu falecido amigo ter o rosto inchado por chorar. Seu pai parecia tanto com ele, Orlando e Stephen eram idênticos. Elize parou na frente deles, ela manteve a cabeça baixa, tentando não olhar para o rosto de Maria, ela esperava tudo, um grito, um tapa, xingamentos, mas ela recebeu um abraço.
Maria abraçava Elize, um abraço apertado e aconchegante, ela tremeu sob aquele toque, mas não como se fosse ruim, tremeu porque quis chorar.
– Eu sinto muito, Elize, eu sei que ele também era importante para você. — Maria dizia.
– Me perdoe... — Elize já nem tinha forças para pedir mais desculpas.
– Está tudo bem, querida. Vai ficar tudo bem. — Maria sussurrava.
– Não... o Stephen- — Elize começou e Maria segurou o rosto dela.
– Eu o amava muito, e sempre irei. Stephen sempre estará em meu coração, até o dia da minha morte. — Maria sorriu triste.
– Eu não tenho o direito do seu perdão. De nenhum de vocês. — Elize enxugava as lágrimas.
– Claro que merece, ele gostava muito de você, querida. Mas é difícil... tudo em mim parece desmoronar, mas tenho que ser forte por eles. — Maria abraçou Elize de lado e ela viu Orlando, Luca e Rita.
Elize os olhava com tristeza, então ela olhou para trás, vendo Eric preocupado, ela deu um sorrisinho para ele, o qual ele retribuiu. Ela estava nervosa, queria poder conversar com todos sem começar a chorar ou se culpar, estava cansada. Então ela viu um dos seguranças trazendo uma garotinha, era Roslyn, seu coração estava louco dentro do peito. Assim que a garotinha foi colocada no chão Elize foi com passos ligeiros até ela.
A garotinha correu até Elize e a abraçou, enquanto a morena olhava desesperada para a garota que tanto lembrava Wade. A pequena garota de quatro anos sorriu ao ver Elize.
– Desculpe ter demorado tanto, querida... — Elize dizia enquanto acariciava os cabelos dela.
– Você vai ficar comigo? — Rosy sorriu.
– Infelizmente a tia Elize ainda está se recuperando, mas logo vocês poderão ficar juntas. — Luca disse.
– Oh... — Rosy pareceu triste.
– Não se preocupe, Rosy, logo nós estaremos juntas, eu prometo. — Elize beijou o rosto dela.
– De mindinho? — Rosy ergueu o dedinho.
– De mindinho. — Elize sorriu e entrelaçou o dedo ao dela.
Eric conseguia ver claramente Masano na filha, uma parte dele queria muito ir até lá e abraça-las, mas aquele era um momento sagrado entre duas peças fundamentais uma para a outra. Maria as olhava atentamente, vendo aquele amor puro e inocente nascer entre as duas, um no qual ela gostaria de fazer parte por Stephen. Roslyn e Vicente eram as luzes que todos precisavam.
Elize se levantou e segurou a mão de Rosy, que parecia radiante por finalmente ter encontrado a morena que seu pai tanto falava.
[...]
O dia foi se passando e Elize pôde conhecer todos os membros da família de Stephen, ela não pôde segurar Vicente porque um dos braços estava quebrado, mas ela o viu e estranhamente ele parecia ter um rosto familiar. Rosy comeu bolo de chocolate até não aguentar mais, fazendo Elize se juntar a ela, apesar do pouco apetite a morena tentou, afinal, após todos aqueles dias se alimentando apenas com pão seco e água seu organismo já não era mais o mesmo.
– Quem é essa? — Rosy apontava para um quadro na casa.
– Essa é a minha mãe. — Elize sorriu.
– Nossa... você sabia que nunca vi minha mãe? — Rosy disse inocente.
– Sério? Eu também nunca vi a minha, mas eu sei que ela é minha mãe. — Elize riu.
– E esse? — Rosy apontou para uma foto de Eric.
– Esse é o meu pai. — Elize a olhou.
– Oh... sinto falta do papai. Queria que o papai viesse me buscar. — Rosy começou a esfregar os olhos enquanto chorava.
– Eu sei, meu amor. Eu também sinto falta do seu pai. — Elize se abaixou e abraçou a menina.
Eric que ia passando ouviu a conversa é apesar da conversa ter um rumo triste, ele ficou feliz por Elize finalmente tê-lo reconhecido como pai. Ele pediu um jantar com tudo o que todos gostavam, principalmente a pequena Rosy, que adorava doces, então ele pediu para que fizessem um pudim de chocolate que era o preferido de Masano, mas ele mal sabia que também era o preferido de sua amada filha.
Na hora do jantar Elize se sentou ao lado dele, que ficava na ponta da grande mesa, a pequena Rosy se sentou ao lado da morena. Quando o pudim chegou ele viu um brilho nos olhos de ambas Elize e Roslyn.
– Gosta de pudim de chocolate, querida? — Eric perguntou.
– Sim. — Ela sorriu verdadeiramente agora.
– Sua mãe também adorava. — Eric sorriu.
– Eu também! — Rosy ergueu os braços.
– Sim, sim, querida, eu sei. — Luca riu enquanto limpava a boca dela.
Rita infelizmente não se juntou aos outros na hora do jantar pois Vicente parecia estranhar toda a casa. No final daquela noite, Rosy se deitou com Elize, o teto do quarto era branco, mas a pequena menina de cabelos castanhos havia ganhado de Luca um brinquedo que refletia as estrelas. Elas apontaram para o teto e apertaram o botão, vendo todos as estrelas ali.
Elize viu Rosy se aproximar dela, e se aninhar perto de seu peito, como se buscasse um local seguro para ficar. A morena a envolveu em um abraço e beijou sua testa.
– Durma com os anjinhos, pequena Rosy. — Elize disse.
Rosy já havia adormecido, ela segurava a roupa de Elize, como se não quisesse que ela fugisse. De certo modo aquilo era triste, saber que mesmo tão pequena ela tenha medo de ser deixada dessa forma. Elize fechou os olhos e por um momento ela pensou em todos os seus antigos amigos e como estava realmente decepcionada. Amar também é aprender a deixar ir, não se pode alimentar algo que machuca.
Queria poder dizer que tudo isso era um pesadelo, mas esse era um real, o qual Elize não podia acordar. Seria tão difícil criar Rosy sem Stephen, mas ela ainda teria ajuda, sabia disso, mas sabia também que ninguém faria como ele. O amava muito, mas precisava dizer adeus, no entanto, parecia nunca passar aquela dor.
Eles iriam para Veneza fazer uma lápide para Stephen daqui há alguns dias, já que não havia restos para serem enterrados seria apenas o caixão vazio com alguns pertences dele. Elize demorou pegar no sono, mas ela pôde ouvir o som das gotas da chuva na janela. O céu sempre parecia chorar junto dela.
N/A: Capítulo bem curto mesmo. Lembrando que nesse momento irei focar apenas nos italianos e na relação de Elize e Eric! Então não cobrem aparições dos personagens de Haikyuu porque não vou trabalhar com eles nessa nova etapa, ou seja, ele não vai aparecer, pode se que raramente eu comente sobre alguém, mas é isso.
Fico muito feliz que muitas pessoas ainda estejam me acompanhando nesse nova etapa de "reconstrução" de personagem. Elize apesar de ainda se sentir culpada e sofrer pelas mentiras e mortes de seus entes queridos, ela ainda vai amadurecer muito.
Até o próximo cap!

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𝐓𝐖𝐎 𝐆𝐇𝐎𝐒𝐓𝐒 ─ 𝐒𝐔𝐍𝐀 𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀𝐑𝐎𝐔
Romance• art credits: @jijiooe (twitter) "Agora que eu experimentei, acho que eu sufocaria, por cada segundo que você não está ao meu lado. Mas agora estou preso no portão da propriedade de Lúcifer. Eu me apaixonei por uma garota que conheci no inferno." E...