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Aviso — morte, palavras de baixo calão, tortura psicológica.

! alerta de possível gatilho !

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Aichi — Japão | 2008

Chihiro estava acabando de vestir Rintarou, ele tinha a ponta do nariz vermelha por causa do frio, ele também dizia para a mãe não vesti-lo, pois ele conseguia sozinho. Daisuke estava na frente do espelho checando seu cabelo, fazendo a mãe sorrir, Rin mostrou a língua para o mais velho que repetiu o mesmo. O mais novo olhou para a mãe, que tinha algumas marcas roxas nos braços, ele a olhou e tombou a cabeça para o lado.

– Ei, mãe. — Rintarou começou.

– O que foi, amor? — Ela colocava o gorro nele.

– O papai machuca você? — Rintarou perguntou e a mulher paralisou.

– Não... não, amor. Não fique pensando nisso, ok? Eu amo vocês. — Ela os puxou para um abraço apertado e caloroso.

– Tchau, mãe! — Suna beijou o rosto da morena e saiu.

– Cuide do seu irmão, Dai. — Chihiro beijou a testa do mais velho.

– Vou cuidar. — Ele deu um sorriso triste.

Os garotos ficavam o dia inteiro fora, então ela teria um tempo para descansar sem Ran, no entanto, para sua infelicidade, aquele homem de olhos verdes oliva abriu a porta, encarando as orbes amarelas acinzentadas dela. Chihiro se levantou rapidamente e o encarou, ele tinha o rosto cansado, as olheiras bem visíveis. Tudo dentro dela se revirou, seu coração batendo forte.

Assim que ele se aproximou ela sentiu o cheiro de álcool e de um perfume que não era seu, ela contraiu os lábios, formando uma linha reta. Ran passou por ela e foi direto para a cozinha, ela o ouvia mexer nas panelas.

– Onde estão os garotos? — Ran voltou segurando um dos doces de Rin.

– Na escola. — Ela disse.

– Entendi. — Ele passou por ela novamente.

Ela suspirou aliviada, caindo de joelhos no chão enquanto cobria a boca para que o choro não saísse, mas ele estava atrás da parede, a observando. Chihiro foi até o quarto conjunto dos filhos e arrumou algumas coisas, mas assim que ela saiu foi puxada para o quarto que dividia com Ran, ele estava nu, fazendo ela virar o rosto para não olhá-lo. O homem gargalhou quando viu a esposa se retrair.

Ele queria, mas acabou não fazendo, então ele a espancou, como sempre fez. Dessa vez ela estava bem mais marcada que o comum, seu olho inchado e o nariz sangrando, ela cambaleou até chegar ao sótão, onde se enforcou, ela chorava descontroladamente, pensando em suas duas crianças, ela pedia perdão.

[...]

Rin estava ao lado do irmão no cemitério, ele chorava enquanto Daisuke apenas segurava os ombros dele. Ran estava no carro, fumando enquanto os filhos estavam chorando na frente da lápide da mãe. Daisuke sabia, ele sabia que a causa da morte de sua mãe havia sido seu pai, mas ainda era cedo demais para contar a Rintarou, ele apenas pediu para que ele não a odiasse.

– Por que? Por que ela nos deixou? — Rintarou se perguntou enquanto jantava com os outros dois.

– Não sei, sua mãe sempre foi meio estranha. — Ran respondeu enquanto mastigava.

 𝐓𝐖𝐎 𝐆𝐇𝐎𝐒𝐓𝐒 ─ 𝐒𝐔𝐍𝐀 𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀𝐑𝐎𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora